sexta-feira, 8 de junho de 2007

CAÇA AOS BINGOS

Comentário de: Ediloy Antonio Carlos Ferraro [Visitante] · http://0.2.64.176/
09.05.07 @ 01:32

Mesmo correndo o risco de fazer o papel de advogado do diabo, vou arriscar um comentário, uma cisma que me intriga.

A convivência com o ilegal jogo do bicho já virou piada, quase um deboche para a legislação, é o ilegal mais escancarado que existe, em cada esquina pode-se fazer uma "fezinha", em qualquer boteco.

O que falar das drogas lícitas, como as bebidas e o cigarro ? Embora taxados de maneira diferenciada, o erário perde através da manutenção da saúde pública, além das aposentadorias por invalidez e pensões por óbitos prematuros, em decorrência dos efeitos do alcoolismo e do tabagismo.

Quando se fala em loterias privadas há algumas que, eufemisticamente, são chamadas de títulos de capitalização, comuns de serem adquiridos via tele-sena, ou na rede bancária, sempre com sorteios em dinheiro.

Temos um déficit na Previdência que é uma bomba de efeito retardado,pois ela reflete as consequências do desemprego e da informalidade na economia, além de fatores outros não menos importantes, como a longevidade da população.

Hoje assistimos ao fecha e abre das casas de bingos, que atuam há mais de quinze anos. Se pudessem se locomover de um lado para outro seriam semelhantes aos ambulantes fugindo dos "rapas" da fiscalização, sejam federais, estaduais ou municipais. Em uma casa, que às vezes freqüento, deram-me a informação de que ali trabalham exatos 318 pessoas, todas com carteira assinada. Apenas em uma delas!

Agora leio que o PAC resolverá, pelo menos por algum tempo, o crônico problema de caixa da Previdência Social,sem necessidades de reformas nos critérios das concessões dos benefícios, o que garantirá que o abacaxi não será descascado neste governo...

Ora, se temos uma atividade em exercício por mais de uma década e meia, mantendo empregos, por que não a regulamentarmos em definitivo, atraindo recursos para a Previdência Social, através de um sistema de controle a ser estudado ? Não seria uma hipocrisia promover uma caça às bruxas cada vez que estoura um escândalo ? A quem interessa essa situação dúbia, legal-ilegal ? É notório que a existência, apesar da ilegalidade, do jogo-de-bicho, tem alimentado o "por fora", que contamina a polícia e os políticos. Tivesse a máscara caído, com a legalidade e a conseqüente taxação dessa atividade, a sociedade, como um todo, estaria lucrando há muito tempo. O crime organizado e a Corrupção perderiam.

Recente decisão, em ação trabalhista, não reconheceu os direitos pleiteados por uma empregada do jogo do bicho, pela inexistência legal dessa atividade . Ou seja, existe de fato e não de direito.

Esse negócio de que jogo vicia e então não é permitido, álcool e cigarro viciam e só se utilizam deles quem quer, sem babás do Estado interferindo. Quanto ao argumento de lavagem de dinheiro, que sejam criados mecanismos fiscalizadores. Talvez sejamos pudicos demais, indefectível herança cultural religiosa de nossa formação cristã. Aliás, a tômbola, nome antigo do bingo, se popularizou nas quermesses paroquianas...

Nenhum comentário: