sábado, 28 de fevereiro de 2009

VIAJANTES


no álbum pessoal
impresso no íntimo
instantes e personagens

habitam e lembram
detalhes e momentos
guardados ocultos

testemunhas
cúmplices
parceiros

agentes de nossa história
companheiros de façanhas
resgatados na memória

certeza de que não estamos sós
caminhantes de mesma jornada
autores de múltiplas mãos

mesmo livro
lembranças
acalentos de sonhos...


INSTANTES...


lágrimas na face
denunciavam
saudades de alguém

lembranças marcadas
embaladas sentidas
vindas na canção

imagens de tempos
passados saudosos
resquícios de belezas

vividos curtidos
recolhidos no íntimo
relembrados em instantes

são partes de um todo
bagagens vivências
no baú dos sonhos...


RESQUÍCIOS


das futilidades
fetiches poses
sobraram cinzas

de dimensões
elegantes suntuosas
contidas numa urna

espalhadas
no vento
soltas ao léu

foi-se tudo
nada ficou
loas e vaidades...

VERDADES


espelho
espelha
espectro

voragem
verdade
vislumbra

altivez
anêmica
anímica

fluída
formosura
fantasma

debulhada
decantada
despojada

majestade
malamada
malsinada...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

FLOR MURCHA


nada restou das lembranças
apenas estigmas marcantes
renegando alegrias

renúncia dos sonhos
apagados brilhos no olhar
oca indiferente distante

ausente e alheia de si mesma
barco de papel na correnteza
ao sabor e à deriva de sensos

incompreendida em sua solidão
sorrisos apagados conformados
letárgica nas reações

quis o fim dos suplícios
clamores atendidos
lâmpada desligada

no vaso saudosa
flor murcha
por fim apagada...





quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

PROVAS


juntos os sonhos
as vontades
as carências

feito crianças
querendo doce
inconsequentes

histórias mescladas
aladas em ilusões
somadas aspirações

um tudo possível
se dão se querem
permitido atingível

acordando de fantasias
em realidades cruas
asperezas divididas

rotinas desgastes
contrastes
imprevistos

o que restar
serão provas
crescimento

resistências
amizades
companheiros

buscando na bagagem
coragem guarnecidas
nos afetos poupados

dificuldades superadas
casais em harmonia
amor amadurecido...



CANÇÃO E DOR


as mãos ensaiam
gestos e melodias
no toque no piano

dedilhar das cordas
da viola cancioneira
gaita a bailar nos lábios

o pandeiro rasteiro
harmonias percussão
na bateria

e feito em canções
lamentos e louvores
se mesclam lindos

e o choro feito arte
invade e incendeia
reverbera transluz

tristes soturnas
se revestem de luz
as notas extraídas

emoções evoladas
libertadas amarras
sonoras expressões

lágrimas e lástimas
em poesias ritmadas
libelos da dor libertação...


JUNTOS & DISTANTES


frases soltas
desatentas
desalentas

feridas
sangrando
mágoas

pote enchendo
saturando
minguando

afetos
carinhos
desvelos

relação
relaxada
ao léu

desrespeito
desavenças
distâncias

o prazer
amortecido
soterrado

no presente
o fel dos dias
azedumes

vidas dissociadas
compartilhadas
armadilhas

de sonho bom
pesadelos
obrigações

juntos
distantes
alheios...




CISMAS


os sussurros
intramuros
obscuros

dando azo
do deserto
incertezas

asperezas
espinhosas
como cactos

os fatos
prenunciam
redemoinhos

e o cenário
iluminado
na ribalta

encobre
vestígios
estigmas

das fraquezas
tartamudeadas
como rezas...




HUMANA VIDA


matéria composta
proporção maior
líquida

ligamentos nervos
ossos carnes
nosso esqueleto

da mente o farol
nos distingue
no reino animal

sonhos e sensações
imaginamos criamos
fantasias ilusões

nos mantem
sustem
provêm

delicado senso
sensato equilíbrio
nos põe em pé

nos orienta passos
fortaleza frágil
rica e intensa

abriga a luz
sua essência
a natureza

humana vida...




DESPEDIDA SEM DATA


sabemos
findaremos
em algum tempo

ninguém quer a data
embora tenha claro
a partida

se soubesse
cruel demais
a despedida

conscientes sim
mas quando

não interessa

o que resta
é a pressa
de vivermos...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

PAIS

há o tempo de vê-los
despidos da infalibilidade
em carne e ossos sonhos

humanos perecíveis
sujeitos a enganos
mortais comuns

companheiros na jornada
caminheiros e arrimos
não mais heróis lendários

é preciso tê-los à conta
passíveis de desencontros
tropeços e avanços

crianças carentes ainda
descobridores da vida
como nós nos caminhos

dos primeiros passos
ao largo da caminhada
todos somos aprendizes

não basta o encontro
espermatozóide no óvulo
em momentos de euforia

restam os desafios
descobertas
muito mais que pais e filhos...

QUARTA FEIRA DE CINZAS...


despidas as fantasias
descidos dos pedestais
pierrôs e colombinas

alas das baianas
mestre escola
porta bandeira

silêncio nos trios-elétricos
desfeitas as alegorias
restos de folias

nas passarelas
vestígios da festa
confetes e serpentinas

um povo um exército
homens e mulheres
retomando seus postos

na lida dos dias
anônimos heróis
fazem a roda girar

até a próxima convocação
para a alegria
chamada geral

sonhos e euforias
ajudando a viver
a rotina labuta de cada dia...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

CANÇÕES NO AR...


desejo a brisa
suaviza
meu cantar

um luar
a se olhar
da beira-mar

um refletir
os reflexos
nas ondas

na calmaria
mansidão
lassidão

um brado
meigo
aconchego

um vagar
no infinito
estrelas

pontilhando
na areia branca
tela de encantos

flores do viver
sabores perfumes
canções de ninar...

APELOS TROCADOS


a maré trouxe
mensagem
na garrafa

pedia socorro
fim da solidão
em ilha naufragado

refleti amargurado
a depositei de novo
no recipiente

refluxo das ondas
espumas e vagas
leve minhas mágoas

coincidentes
iguais padecentes
ambos sós ausentes...

FOLIÕES DA ALEGRIA










meu bloco
na rua
aclamado

vibrante
cantante
emocionante

mesclado
às emoções
desse povo

seus lamentos
prantos
feito encantos

desdobrado na avenida
em fogos de artifícios
e alegorias

samba nos pés
gemendo
no asfalto evoluindo

suores e lágrimas
mescladas
na passarela a vida

é purpurina
reino de foliões
castelo de magias

e cada um
no seu brilho
artista por instantes

aplausos
o anônimo em destaque
a arquibancada no palco

reviravoltas piruetas
as alegrias
esquecidas dores euforias...

REMANDO


se viver é remar
rememos
brincadeiras

surfando nas ondas
fazendo marolas
contando piadas

achando graça
rapadura dura
vale o doce

se há lágrimas
choremos
emoções lindas

nada reprimida
doída sofrida
deprimida

seja enlaços
abraços
doação

o destino
dessa náu
bom porto

alguém saudoso
esperançoso
boas vindas na chegada...

SINCRONIA HUMANA


o que nos une
são as emoções
os sorrisos e até

lágrimas
de alegrias
e de dor

o gosto
aromas
sabores

amor pelas flores
encanto dos pássaros
fases do dia

furtivas sensações
pinturas de um quadro
detalhes em esculturas

paixões revolvidas
em canções ouvidas
curtidas e sofridas

meiguices de crianças
nuvens em desenhos
gostosas gargalhadas

lamentos em despedidas
preocupações nas dívidas
a lida levada vivida

perfumes
queixumes
humores...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ABRE-ALAS PARA A EMOÇÃO


festa de anônimos
gritos e fantasias
de um povo energias

encantam o canto
os passos as cores
o enredo gritado

ilusões expostas
visões de luzes
euforias das massas

cada participante
nos seus instantes
mágicos e delírios

unidos na alegria
compondo a alegoria
contando a história

em risos e sons
magias e ritos
desfila na avenida

sonhos reunidos
de uma aldeia
comunidades

apoteose de milhares
emocionando milhões
de norte a sul e além

em cada telinha
de muitos países
o espetáculo que seduz...

LIMITES...


gestos cordatos
passos certos e diretos
normalidade dos dias

sufocada a euforia
preso em letargia
encarcerado em si


âncora nos pés
desnudos de luzes
mentes atrofiadas


são pérolas sem brilhos
caminhos de espinhos
vidas castradas

do avesso na aparência
deliquências perdoadas
sopro inopinado na rotina

descerrar os olhos
mergulhados em si
viagem interior

ave sem limites
voos arrojados
braços alados

notívagos nas madrugadas
rascunhos versos guardanapos
risos soltos e estabanados

um dia para se viver
inteiro e com prazer
sorvendo os instantes

como amante
delirante
certo que o nada

há de vir
em qualquer momento
suspiro alento um fim...



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

VISITA SOLITÁRIA


cenário estático
mudas alamedas
estatuetas sacras

perambulo alheio

ramalhete nas mãos
busco um endereço

numa lápide fria
um nome uma referência
onde deposite o presente

lágrimas saudosas
nestas rosas
minha dores

neste momento só
reflexivo distante
ver-te não vendo

falo contigo sozinho
silêncio
lembranças íntimas

solitárias
exclusivas
ausentes

passos
ecoando
distanciando

perdidos
sofridos
lamentos...

METAMORFOSES


lindas falenas
mariposas
sorrisos pérolas

glamour nos olhares
toques sensuais
convidativos

aperitivos
na noite
criança

na formosura
da madrugada
onde todos riem

na dança
que encanta
e se esquece

o dia que virá
rasgando a manhã
expulsando a lua

aglomerados
nos coletivos
operários do dia

personagens
proscritas
refugiadas do sol

PERDOADOS...


quando você chegar
há de me encontrar
receptivo

sorrisos e boas-vindas
o que passou passou
são águas correntes

mágoas levadas
lágrimas secas
vida recomeçada

como em um bolero
te quero linda
compartilhando comigo

a minha alegria
de vê-la chegando
sorrindo e brincando

ambos amando
esquecidos
recomeçando...

PRÓS & CONTRAS


nãi adianta insistir
persistir em falas
molhando águas

favas contadas
minhas faltas
meus erros

como se desconhecesse
que de contra-peso
na balança dos prós

ainda levo vantagens
a favor de mim
ganhando dos contras

era assim que dizias
quando a mim referias
perdoando-me sempre

no correr dos tempos
convivências desgastes
talvez a contabilidade

hoje me desfavoreça
mas esqueças
é tarde demais

para voltarmos atrás
perdoar é melhor
recomeçar

não dá mais...

CAMALEÃO


no palco entre máscaras
vida vivida diversa
da rotina real suportada

pranteando dores alheias
suporta reveses reais
transporta nos disfarces

angústias que despe
deixa nos camarins
e brinda eufórico

sua noite de brilho
ressaca nas mesas
alheio nos botequins...

ASAS DE SONHOS *


neste rodopio
do carrossel
meu corcel

é alado
asas imensas
cobrem o céu

sobrevoa mares
avista montanhas
piruetas no ar

é multicolorido
de inúmeras raças
nacionalidades pan

reina sobranceiro
nas nuvens de algodão
está presente nos hinos

da paz
sorrisos infantis
estórias de fadas

na vida linda
vivida sonhada
partilhada dividida

entre irmãos
sem divisas
e castas...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

DNA


essa melancolia
materna
flores murchas

entristece os dias
nostalgias
reflexivas poesias

o jocoso jeito
paterno
pândego imprevisto

entremeando assuntos
hilários
tempera mágoas deságua

de ambos
neuras e sonhos
megalômanos

de resto
colheitas
enganos

da vida
aprendida
curtida....



MENSAGEIRO DA LUZ


no olho do furacão
onde todos bradam
elencam razões

floresça a Paz
relva campestre
das flores silvestres

suavize ânimos
exaltações fúrias
serenem os ares

acalente-se sonhos
reverbere a Luz
ceda conceda atenda

aos angustiosos
carentes famintos
em suas iras

de um pão de afeto
concretos gestos
de amor e compreensão...

PRECIOSIDADE


ostra enigma
recôndita
a pérola

só a partilha
em fantasias
se a inebria

externas vestes
indumentárias
máscaras

preciosa pedra
guardada
oculta

desnuda
nua
cobiçada

fetiches
segredos
deleites...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

JARDIM DA ALMA


no cultivo
do jardim pessoal
cuide-se de aparar

fertilizar o solo
imunizar
de pragas

regar
com afetos
cultivar flores

mantê-lo vivo
florido
cuidado

reverberar
na beleza
a própria imagem

seja sorrisos
acalentos
esteio de sonhos...


SONHOS & REALIDADES


as ilusões
desiludidas
me acordaram

amadureceram
em sofrimentos
crescimentos

a distância
realidades e ideais
me mostraram

necessários sonhos
oxigênio
mas não respondem

aos apelos
anseios
tormentos

na materialização
realizações
finalidades

onde quimeras
esferas etéreas
não prosperam...




segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

REVIDE MUDO


no silêncio
a dor
doeu mais

restou viva
não cessou
permaneceu


incólume
incômodo
remorso

feriu mais
que revides
a mudez

trunfo latente
inacabado
acovardado

antes desforras
a ira
indignação

o brado
ausente
fel presente


marcou demais...

TRANSEUNTES *


vagamos em dimensões
infinitas nos mundos
aprendizes do humano

sentimentos doados
vertidos revirados
sofridos e amados

somos transeuntes
entre esferas
num viver eterno

pedestres de estradas
colhendo impressões
através de espinhos

aprendendo sempre
recapitulando lições
andarilhos das estrelas

passageiros de sonhos
bagagens e histórias
crianças em aprendizados...

O VELHO NOVO

valores cultivados
envelhecem nas épocas
estremes de cuidados


mudanças constantes
consuetudinários hábitos
dilatados e
incessantes

o que parecia irrefratável
sofrendo alterações
adaptado e mutável

sociedades movimentos
dimensionando alcances
buscas e entendimentos


parecem vagos
o que ontem foi
na ótica dos fatos

um conceito
um marco
um simulacro

nada que a dialética
nos silogísticos discursos
não redimensione a ética...





PASSADO PRESENTE


era uma coisa indigesta
manifesta em conversas
como uma má sintonia

asfixiando ambientes
constrangendo assuntos
mudando a rota e eixos

em breves instantes
como em velho disco
voltando o enredo

de coisas passadas
ressurgidas malfadadas
do que não se tem jeito

na tônica o que foi feito
como se pudesse alterar
o que passou e machucou

maculando o presente
o distante passado
infelicitando o momento

e a vida correndo
farta abundante
de assuntos

ficava premida
constrangida
revivida ferida

o que correu nos dias
como águas correntes
o tempo se encarrega

levando marcas
estigmas amargas
em plagas do esquecimento...


domingo, 15 de fevereiro de 2009

CACOS...


de teus restos
te recompus
vãos recursos

faltavam detalhes
moldeio-os
te idealizei

do pouco
das memórias
a teu respeito

fiz um desenho
mal feito
sugestionado

pelas imagens
que a presença
me trouxeram

não afirmo
que sejas tu
de poucos restos

a luz que ilumina
não lhe pertence
nem os adereços

de ti vestígios
indefinidos
esmaecidos

cacos de um amor
amargurado
esquecido...


sábado, 14 de fevereiro de 2009

ESTIGMAS


a presença distante
marcou e feriu
momentos em dores

estava presente
na sua ausência
todos os instantes

em tudo lembrada
doída penetrante
só sombras trevas

como tatuagem
removida
deixando vestígios

seus traços adereços
marcando em ferro
brasas ardendo

só o tempo
consumindo
esmaecendo

figura marcante
dissolvendo
sumindo

se esquecendo...


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

EGOCÊNTRICO *


eu centro
de mim
me basto

me busco
alimento
e oriento

buscas
rusgas
dores

ventosas abertas
esponjas
absorvem o mundo

me visto
me olho
me sinto

de mim
referências
sensações

farol na imensidão
tênue luz
olhares obscuros

meu leme
minha fé
meu norte

meu barco
neste mar
neste céu...

AUTORRETRATO *


nesta tela
expostas
cicatrizes

cores fortes
vermelha paixão
tímidas amarelas

um sol abrasador
eclipsado
embotado sem luz

náu solta
ao léu
azul do céu

leme sem comando
versos sem sentidos
no mar nas ondas à deriva

tintas carregadas
esmaecidas
meus delírios

brados roucos
pusilânimes
minhas feridas...

IMPONDERÁVEL


silhuetas
sutis
sem perfis

tênues
abstratas
indefinidas

translúcidas
como o ar
invisíveis

perceptíveis
eflúvios
aromas

perfumes
dedutíveis
plausíveis

criações
da mente
emoções...

AUSÊNCIA & PRESENÇA *


as lástimas fizeram trevas
empanando cores e flores
cinzenando os dias

os ares pesados
sufocando músicas
impregnando acre

fel servido
sorvido
em taças

nuvens ameaças
temporais
vendavais

singelezas
vertidas
asperezas

bastou a presença
distante ausente
chegando presente

suavizando dores
sensações alívios
novos sorrisos...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

INCERTEZAS


passos contidos
insinuadas ações
desperdiçadas

vãs
inúteis
intentadas

o que podia
e não foi
nunca se saberá

hipóteses
a consumirem
a questionarem

será
talvez
incertezas...

SILÊNCIOS...


embargos
retendo atos
cerceando gestos

imobilizando atitudes
vencendo resistências
impondo silêncios

cenas insensíveis
máscaras de ferro
emoções contidas

trunfo da mudez
insensatez´
orgulhos feridos

vitória dos enganos
corações aflitos
sementes da solidão...

CHORO NA VIOLA


como quem abraça
a amada
doído de saudades

deixada para trás
na caminhada
tristes despedidas

acalenta a viola
cúmplice
de suas dores

e juntos
choram
em notas

as saudades
lembranças
nostalgias

choro brando
em acordes
melodiosos

suas lágrimas
cantadas
dedilhadas

ecoando
pranteando
encantando...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

TEMIDA LIBERDADE


desejava sem amarras
sem tabus e meneios
inteira impudica

saciar suas taras
manias imaginadas
esbaldar na folia

não contava amá-la
ser apenas
aventura passageira

a percebeu
tomando parte de si
recuou em seus receios

viu-se angustiado
questionado
desejava tê-la ao lado

não mais por uma vez
por todas elas

mas ela não era

a pessoa que queria
em seus conceitos
para uma vida inteira

era livre leve solta
destemida libertina
muito para uma mente

oposta de si mesmo
amendrontado
tacanho pequeno...


EMOTIVAS DESPEDIDAS


desafios à emoção
um adeus abraço
distâncias a vista

boiam sentimentos
retraídos contidos
querendo reter

a imagem de quem vai
ausência doída que fica
lembranças queridas

imagens esmaecidas
promessas e visitas
emotivas despedidas...

RASTROS


por que deixamos rastros ?
vestígios o tempo enterra
na memória de todos

mas resta na nossa
pessoal indelével
intransferível arquivo

são achados
guardados lembrados
às vezes e amiúdes

são sombras lembranças
esmaecidas adormecidas
íntimas acalentadas

signos dispersos
heranças marcas
reservas no baú

bordejam na superfície
na mente distraída
fluída desprevenida

nossos restos
nossos passos
nossa história...



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

CHARMES DO VERÃO *


chuva fina chata
molha aos poucos
entrava passos

trânsito em calçadas
guarda-chuvas capas
poças d´àgua

coisas corriqueiras
aborrecidas
charmes do verão...

OBRA ABSTRATA


para alguns rabiscos desconexos
em outros traços definidos precisos
em tantos a indiferença de sentidos

captando atenções na passagem
brotando do seio da tela mistérios
turvas e de cores fortes imagens


talvez a sensação única percebida
em cada emotividade particular
fosse o objeto da mensagem

não se vê o autor nas pinceladas
como acordes de um instrumento
evolando no ar dissipando sons

dos presentes a atenção
o prêmio maior o desafio
ao silêncio alheio distração

no meio da sala exposta
reações sentimentos
a pintura a obra aberração

cobrando silentes opiniões
instigando sendo notada
cumprindo a sua função...



INDEFINIÇÕES


não há coitados
no caminho
há sofridos

sofrem
por viver
e sentir

a dor
o peso
o prazer

de existir
a exigir
sentidos

barcas
da fé
ideologias

filosofias
místicas
indefinidas

ora assentes
confortáveis
ou instáveis

no balanço
das marés
náufragos

uma crença
um mastro
um horizonte

uma certeza
fortalezas
e confortos

anseios
uma náu
um porto...

ANTÍDOTOS *


foram tantas
coisas e boatos
criando contendas

ferindo sensibilidades
inimizades revividas
feridas ressurgidas

pesando o clima
sufocando a paz
rotina enfermiça

poder da fala
mal colocada
detonando farpas

reviravoltas incômodas
apaziguar tempestades
serenar furacões

conversa cuidada
arejada cordial
isentas do mal

harmonia cultivada
flores preservadas
perfumes no ar...


SUPOSIÇÕES


nada foi nosso
ilusões
acreditada

o que havia
se resumia
no que achávamos

e o que tínhamos
pouco restava
aquém do suposto

findou um gosto
amargo insosso
sorriso amarelo

aperto de mão
abraço brando
passos pesados...

IMAGENS & VIAGENS


pelas vidraças do coletivo
viaja entretido
vendo cenas e rotinas

descortina ao curioso
mosaico de cores
pessoas em suas vidas

a mente transporta
além do que vê
alarga o que sente

imagens alheias
recônditas lembranças
remetem ao viajante

detalhes e sons
encontram nos ecos
mensagens despertas

e o que se apresenta
já não é o que se olha
mescladas emoções

nos olhos espremidos
viagens e sentidos
olhos que não veem

o que aparente
enxerga
desdobra-se

e o que era de fora
já é posse íntima
guardada sentida...