sábado, 29 de agosto de 2009

I M A G I N A Ç Ã O


tudo é névoa colorida
na mente imaginativa
paisagens diversas

de onde se encontra
se manifesta
aos sabores dos devaneios

inteiras aventuras
torturas e vertigens
alegrias ou tristezas

tudo pode na viagem
passageiros do pensar
alçarmos voos delirantes

assomarmos alturas imensas
entrarmos no olho do furação
velejarmos em mares bravios

singrarmos os ares do infinito
visitarmos estrelas e planetas
palhaços no espaço em piruetas

e voltarmos ao nosso mundinho
criado, plasmado, em simples
rascunhos numa folha de papel...

... brincadeiras que o imaginar conduz...


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

V O A N D O *

neste instante me visita
doce branda quietude
ouço ao fundo o violão
sem cantos, apenas sons

sensações chegam emotivas
minha mente se despreende
de minha matéria passiva
ausências em torvelinhos mansos

doces lágrimas salgam meu rosto
lavam o corpo suavizam a alma
deixo-as espalhar dos olhos pela face
não reprimo o meu sentir, evadir

talvez na inquietude de asas de um colibri
anseia partir deste escafandro a me reter
no poço de meu íntimo, em labirinto, anseio
olhar o infinito anelando voos amargando a prisão

desterro de meu Ser em plagas estrangeiras
neste refletir que ao além me demanda
trazendo-me, a contra-gosto, à posse de mim
lembrando compromissos, rotinas, cotidiano

meu colibri bateu suas asas frenéticas
minhas ilusões cairam na realidade
em surda e muda constatação
eu sou o meu próprio cárcere...

...momentos há em que a porta da imensidão torna-se irresistível...

SORRISOS & LÁGRIMAS *


as emoções manifestas
sorrisos e lágrimas
às vezes simultâneas
noutras adversas

há no riso cordialidades
nem se pode dizer
que seja raro
parte das trivialidades

ele é sucinta palavra
cortesia e aquiescência
quase um aceno
amabilidade demonstrada

as águas vertidas
são mais raras
ocultas, discretas
mesmo alegres, refletidas.

sorriso é consideração
sempre aparente
resume cumprimentos
acena satisfação

lágrimas expoem dores
nuances, emoções,
dulcificam amenizam
íntima em alegrias e dissabores...

...manifestações que sinalizam nossos humores...


domingo, 23 de agosto de 2009

D O R E S *


dores filtrando
retirando impurezas
purificando a beleza
contida em verdades

há sensibilidades
desnuda de vaidades
lágrimas vertidas
reflexões da vida

no sofrer e padecer
Seres esmerilham
discernem as ilusões
esculpem seus espíritos

no ranger de dentes
encontra-se somente
o humano criança
na ânsia da redenção..

... as dores são ferramentas da beleza, do amor...


COMPENSAÇÕES *


nesta cantiga triste
amarguras
são ternuras

pedras pontiagudas
feridas
algodões em nuvens

lágrimas incessantes
lamentos
risos permanentes

fel em taças
sorvidos
em goles de alegrias

as trevas intensas
expulsas
no clarear de cada dia

viver tristonho
contratempos
anedotas gargalhadas

morrer, partir,
renascer
ressurgir...

...a vida é entremeada, tristezas e alegrias, mesclam-se em nossos dias...


sábado, 22 de agosto de 2009

S A B E D O R I A *


como tumultuadas ondas
que me levavam
serenaram

a pressa do incontido
Contida em passos
tranquilizados

Superiores ares
humilharam se
humarizaram

em meus dias
iras Soberbas
São passados

restaram-me Angústias
apaziguadas
na sabedoria do tempo ...


... lições vividas, vida da escola, não aprendida tempo ...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MÁSCARAS *


bailamos com nossas imagens
arsenal de disfarces e ritos
como nos apresentamos

celebramos as cerimônias
em mesuras programadas
em risos previsíveis

e, diante a nós, à sós,
maquiagem retirada
cara limpa, lavada

sem fugas, artíficios
sem neons e frenesis
somente o íntimo

desnudo, implacável
ainda podemos fugir
nos anestesiar

rir, dançar, cantar,
acreditar na fugaz alegria
embriagados ressonarmos

mas, se insistirmos,
arriscarmos nas dores,
nos apresentaremos a nós...

...a maior aventura e desafio é a busca de si mesmo...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

DERRADEIRA LUCIDEZ *


no catre da dor
anseios voos
meneios reflexos

somente instantes
presentes ou ausentes
no cair em si

rastros que se perderam
asas que não voaram
emoções não compartilhadas

momentos derradeiros
ilumina-se por inteiro
rasgos de estranha lucidez

contato com suas miragens
contorcendo-se em dores
manifesta a essência

desnuda de alegorias
de vernizes artificiais
face humana, crua

estertores, gemidos

cruciais torturas
um corpo hirto...

...momentos extremos, incabíveis conveniências, um Ser diante ao inexorável, sem mesuras, sem cordialidades...


ANDANÇAS*


soco no estômago
um oco ruído
falta de ar

verdades engolidas
mesmo inaceitas
veredas da sedução

subir ou descer
virar ou continuar
uma bússola biruta

caminhar trôpego
audaz apenas no olhar
chamamentos à razão

a vida queimando
corroendo sofrendo
embutida sentida

vivida expiada
malamada
nuances nas cores

lilazes vivazes
arco-íris em névoas
trevas no meio do dia

um Ser
caminhada
jornada ao léu

um resto
cacos
fragmentos

um norte obscuro
um sul mistério
morte anunciada...

...do fel das sensações, nuances em cores, dores...


domingo, 16 de agosto de 2009

R A Z Õ E S *


se resta um caminho
poderemos segui-lo
ou estancar

deixar que ventos
folhas e o tempo
deixem estar

podemos caminhar
e disso fazer um rumo
sem questionar

deleitando em minúcias
a paisagem mutante
o sol tórrido do dia e a lua, ás vezes

não basta a inércia do corpo
a mente tem vida própria
alça voos e pede mais

mais que estradas
caminhadas
a dar em nadas

ela fervilha
se inquieta
anseia mais que um rumo...

...em nós germinam as inquietações que nos propulsionam a andar...

sábado, 15 de agosto de 2009

NASCER DA MENSAGEM*


plasmada do abstrato
pedindo para existir
invísivel, imperceptível

emoções repentinas
observações sutis
etéreas insinuações

um rasgo no ar
dissoluta dessinforme
uma essência

desafio a materializar
buscas de cores e formas
símbolos que a desenhem

sem tirar nem por
a preserve inteira
dificil é transmitir

sua alma inquieta
suas multifaces
em muitos sentidos

um respirar, alento,
impressões devaneios
a brotar, por fim, em palavras...

...por vezes, dicionarizar sentimentos, é um parto de grandes riscos...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

EM CENA*


que entre a luz
incomode os olhos
inertes sonados

invada ilumine os cantos
amuados em lamentos
tisnados pelos prantos

quero vento na cara
pessoas e alaridos
brisas e gemidos

quero as dores
dantescas
em cores odores

não quero fugas
ser trânsfugas
anseio a crueza

não telas oníricas
perdidas soltas
folhas aos ventos

quero sangrar
minhas feridas
engalfinhar-me com a vida

gemer, sofrer,
fugir...
não mais !

FOLHAS AVULSAS*


de tudo vivido
diluídos vestígios
passado

sem traumas
mágoas dramas
más lembranças

restos amarfanhados
amarelados registros
dispersos no diário

veleidades
aventuras
desilusões

passagens
capítulos superados
acasos...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

AUSÊNCIAS*


não se minguaria a vista
a perder-se no horizonte
em devaneios distantes

trazendo na mente
em viagens ausentes
inerte o corpo presente

no olhar de quem passa
apenas um homem parado
não se cogita de seus sonhos

em plagas longínquas
alheio à rotina
navega em claras águas

avista-se outros portos,
paragens diversas,
ilhas desertas

a nau é já o pensamento
o pensador um barco, uma ave
arremedo em voos ou sobre ondas

aos transeuntes
um lunático
nos olhos d'alma um navegante...


...além do cotidiano insosso um horizonte fantástico que a mente visita...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

TRISTE ALEGRIA*


nascida nos olhos
desnundando expondo
duas gotas brilhando

infrene emoção
inútil ocultá-la
denunciada molhadas

lágrimas extravasadas
transbordadas inundando
a fazendo linda chorando

alma translúcida
trazida revelada
ofertada luzidia

choro manso
brando
triste alegria...

sábado, 8 de agosto de 2009

D Á D I V A S*


pior que noites de intensas trevas
é o não sentir, o deixar-se ir alhures
renegado de si, destituído de sonhos

nada deve haver de mais cruel
que a mente acossada culpada
verdugo implacável sem tréguas

é a morte pedindo clemências
para a ausência no absoluto
o insone necessitando dormir

diante a tantas atrocidades possíveis
manso e acolhedor é o sol que resplandece
a lua que enfeita as noites com as estrelas

a água pura que sacia a sede
olhos que tudo enxergam
pele que tudo registra

passos seguros na caminhada
máquina fantástica humana
dádivas da vida desprezadas

dá para entender a magia de viver
de Ser e de sentir
alegrias por existir...


...um tributo à L U Z ...


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

GRITOS MUDOS *


da tribuna
à platéia
ausente

meus ecos
retumbam
indiferentes

irados
brados
lamentos

incertas
certezas
dúvidas

discursos
pusilânimes
desencantos

ao inerte público
meus gestos

nulos

desfolho
lágrimas
enganos...


...brados aos ventos, ápice da inconsciência, realidades ou demência ?...