sábado, 31 de janeiro de 2009

FLORES









flores encantos
substituem expressões
expressam o não dito

revelam paixões
denunciam amores
recônditos tímidos

cessam silêncios
clamam afetos

escusas insinuadas

perdões ressentimentos
nobremente inspirados
num arranjo perfumado

valem mais que palavras
que destoam nas atitudes
balsamizam enternecem

justificam clemências
injustificadas ausências
falam por nós...

PRIMEIROS PASSOS



(para os pequenos Arthur e Léo)

passos dados
ensaiados cuidados
chão e horizontes

estendidos braços
asas proteção
ousa e teme

caminhos
desafios novos
desbravando espaços


risos descobertas
palmos avançados
caminha consolida

conquistas
trôpegos
felizes passinhos...

AMOR DE UM COLIBRI


como um pequeno colibri
quero sugar o polen doce
recôndito em suas entranhas

deliciado e satisfeito
saudá-la com as asas
vibrantes frenéticas

de prazer e deleites
beijá-la docemente
espargindo esparramando

nutrindo na terra fecunda
outras plantas florescendo
nascendo outras mimosas

flores no jardim
rescendendo aromas
enfeitando as manhãs...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

IRONIAS & VERDADES


amainadas tempestades
apaziguados os ânimos
silêncio incômodo

a tal paz pretendida
depois de tanta lida
expôs a verdade

secaram os argumentos
feneceram os motivos
cada um e seu caminho...

SILÊNCIO & DOR


mãos receosas
atadas
inibidas

lábios cerrados
amortecidos
vedados

quanta luz
concórdias
afetos expressos

palavras pronunciadas
confessadas
ditas com amor

tantas dores
rancores
clamores

emudecidos
emperdenidos
poupados

tantas alegrias
euforias
lágrimas consoladas

apenas por gestos
singelos
sinceros e de paz...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SOLIDARIEDADE *


singelos gestos
significados
cuidar o alheio

tirando espinhos
do caminho
para que não firam

os pés de alguém
sem saber quem
apenas o outro

cuidar do jardim
flores expostas
públicas

como suas
pessoais
ofertadas

a alguém
que vai desfrutar
como você

é se respeitar
respeitando
o outro

amar
doar-se
amando....


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

DOSES...


um gole de prazer
dose apreciada
degustada

outro para relembrar
abrir comportas
viver o já vivido

depois mais
para esquecer
o que sangra e é doído...

EGO *


quantas estrelas astros
brilham no infinito
sobre nossas cabeças

na pequenez açodada
mente envaidecida
doidivanas desvairada

assenta-se pretensiosa
minúscula partícula
como o centro do universo

tudo gira ao redor
astro rei Sol
luzes artificiais

suas certezas veleidades
vaidades de purpurina
encantos pífios de neon

resta a solidão indesejada
cultivada em seu retiro
lágrimas de incompreensão...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

AMOR MENINO


a rosa dada ofertada
com apreço e esmero
do garoto ruborizado

confesso o amor oculto
à menina de laçarotes
entrega rápida tímida

correndo em disparadas
arriscando olhadelas
até virar a esquina

ver nos olhos da amada
a flor endereçada
sentimentos desnudos

mas a pobre desastrada
de susto caiu a prenda
desfez-se despetalada

furtiva lágrima caída
do petiz em seu intento
seu idílio o desencanto...


FAÇANHAS












pés descalços peito nu
parecendo desprovido
de utensílios para a luta

nas mãos singela arma
estilingue de borracha
embornal como algibeira

cabelos revoltos
calções largos
de elásticos

sol em zênite
crestando a pele
bronzeada pelos raios

um destemor de invejar
o mundo pequeno na conquista
limites desconhecidos pela saga

viagens imaginárias destemidas
no corpo franzino imberbe
fortaleza de herói idealizado

seus passos firmes resolutos
a sombra pequena franzina
destoava do ânimo aventureiro

metido nas quiçaças arbustos
urtigas varejeiras e muriçocas
atrás de uma pomba rola

caída ferida exangue
troféu vibrante da façanha
caçador intrépito e valente

voltando ereto orgulhoso
da aventura
atado o troféu na cintura


ESCOLHAS...


temos a ótica dos sonhos
vemos o objeto do desejo
repleto de magias ensejos

como criança birrenta
fascinada pelo brinquedo
não desistimos da posse

não abandonamos a faceta
trazemos recôndita oculta
a fantasia da conquista

insistentes e persuasivos
vencendo resistências
malbaratando bom senso

passada a euforia do ter
aos poucos a realidade
despida de alegorias

precipitação
tardia luz
escolhas armadilhas...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ABSTRAÇÃO


doce pura
sublime amada
acima de pudores

sensações ardores
carícias desbragadas
nua e desejada

menina jabuticaba
sedosos negros cabelos
tez canelada

maciez de sua pele
frenesi em seu contato
prazeres e meu gozo

deleites nas manhãs/noites
escravos de meigos açoites
suores mesclados

lembrança abstrata
conto de fadas
delírios carentes...

sábado, 24 de janeiro de 2009

EMOÇÃO












úmidas
gotas
escorrendo

brilhando
molhando
as faces

filetes d´àgua
descendo
inundando

mãos que acalentam
ombro que abraça
lágrimas enxugadas...



LINGUAGEM INFANTIL


cara chorosa
melada
tristonha

de quem quer
um afago
pirulito

colo
agrado
sorriso

careta
engraçada
palhaçada

um conto
fantasias
magias

uma canção
doce mansa
de ninar...



CHORO CANTADO


choro cantado
prosa verso
melodias


poético
acompanhado
ovacionado

lágrimas furtivas
tristezas
não divididas

íntimas
inacessíveis
doloridas...


ONÍRICA VISÃO


dos campos bafejam
aromas silvestres
perfumes campestres

encontrados na tez
queimada de sol
da morena paixão

das águas correntes
lacrimosas serenas
torrentes do ribeirão

no ar enxameiam
borboletas nas flores
trinados da passarada

raios crestando a pele
brisas das manhãs
orvalho cristalino

animais no pastoreio
nuvens de algodão
preguiçosas viagens

no ventre da viola
fecundam acordes
de uma nova canção...


SUTILEZAS


vivências
absorvidas
em sentidos

não verbalizados
inexprimidos
mudas leituras

insinuados
pressentidos
deduzidos

percepções
idiossincrasias
gentilezas

nos faz
polidos
delicados

mensagens
não escritas
sutilezas...



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MEDOS


sufocantes palavras
indigestas asfixiadas
retorno às entranhas

sonhos vãos
timidez
língua travada

desapontada
mal-amada
silêncio pesado

mal entendido
preterido
outro escolhido

passos lentos
agoniados
vencidos

ele e ela
opostos lados
tristes desapontados...

ENTRE COPOS...


nos bares nas bebidas
nas canções e poemas
folgas na insana lida

borbulham idéias
tintam lúcidas cores
desamores enganos

destravam lacres
acres discursos
o tímido se revela

sinceras palavras
emergem vivas
rebrilham nos copos

e o poeta oculto
abre sua lira
recita seus versos

permite-se à vida...




AMORES TEMPERADOS


ontem
amor menino
inocente puro

adulto
indecente

impudico

desejos
malícias
êxtases

sem o doce de outrora
e o frenesi atual
insossa iguaria

comida sem sal...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

SONHOS PROJETADOS


solidão estado de espírito
antes só que no coletivo
pior ainda a sensação

estar só junto a outros
solitários como a gente
enfiados e marchando

rotinas que nos impele
a viver indiferentes
sonhando consumindo

insumos previstos
de produtos finais
calculados à risca

planilhas e projetos
cada gestos e anseios
antevistos esperados

cada peça exposta
quantidades produção
público alvo definido

cada um da multidão...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

NOVOS PASSOS...


me visitei
em minhas dúvidas
saboreei criancices

andei como quem voa
despertando da letargia
espreguiçando em alegrias

de todas as coisas difíceis
as fiz como bola de papel
redonda as chutei longe

me permiti contar estrelas
ver a lua em suas fases
deleitei-me nas sombras do sol

das enfadonhas tarefas
as travesti de brincadeiras
e todas cumpri com prazer

andei por ruas
observei passos
pessoas e gentilezas

satisfeito com meu dia
aguardei a noite cálida
recolhi-me na euforia...





terça-feira, 20 de janeiro de 2009

DAS JANELAS


que há em cada mente
observadores nas janelas
suas figuras demonstram

atentos expectadores
espiando a vida fora
enfurnados em suas tocas

testemunhas da pressa
dos transeuntes na lida
na rotina de suas vidas

vislumbram do alto
às vezes rente ao chão
o alheio em movimentos

distraídos absortos
comprazem com olhares
o espetáculo que se apresenta

no íntimo suas imagens
cenas vistas despertas
viagens a outras paragens...

BENÇÃOS


vasta a visão
aberta
sem meneios

desperta
nas manhãs
sorridente nos dias

felicidade é luz
ilumina
campos e cidades

enobrece sentimentos
aquece corações
sobeja em emoções

breve é a vida
linda ligeira
cantiga passageira...


CHAGAS


se veja
entenda-se
perdoe-se

mágoas
chagas
feridas

vivendo
machucando
incomodando

cultivando
raízes
câncros

lágrimas
desertas

minadas

rancores
lástimas
maltratos

doendo
consumindo
despedindo

energias
alegrias

exaurindo

a vida...




ECOANDO


do cimo da montanha
os gritos ecoavam
voltavam distantes

ecos que se perdem
ao longe
clamando despedindo

espalhando pelo vale
ecoando
reverberando passando

sumindo...

CONVERGÊNCIAS


sempre há
meio termo
a conciliação

interesses adversos
em discrepâncias
momento de serenar

diferenças pontuais
óticas diversas
resolvidas na conversa

de quem anseia
a solução
e entrega a refrega

em nome da concórdia
renega discórdias
e se propõe à Paz...

AVENTUREIRO


voltei ao ponto de partida
trazendo na bagagem
riquezas que não tinha

imagens que captei
emoções vividas
memórias de outras plagas

amigos que encontrei
narrativas compartilhadas
horizontes vistos de outra ótica

paisagens estrangeiras
hospitaleiras acolhedoras
cimos de montanhas

silvos de outros pássaros
plumagens de outras cores
verdores na natureza

habitante e senhor
deste planeta
herdeiro de suas bençãos

voltei ao ponto que deixei
bem mais forte e feliz
do que da hora da partida...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

SEMEADURA


de todos
se retraiu
se refugiou

baniu-se dos demais
fazendo-se esquecer
esquecendo-se

quando quis
ninguém viu
viu-se só

semeou desterro
egoísmo
colheu solidão...

LIBERDADE


se calarmos o infantil
exilado em nós
ocultado reprimido

se o impedirmos
de por a cara de fora
e gritar

toda a irreverência
não terá solução
nem clemências

todos os atos gestos
manifestações
engessadas pasteurizadas

nos tomarão de todo
enrolados em nós
sem saídas e fugas

panela de pressão
sem escapes
sem alívios

libertemos a infância
nos voltemos na criança
dando asas à criação...


sábado, 17 de janeiro de 2009

BRISAS


chuvisco miúdo
caindo nublando
molhando sutil

dando ao dia
névoa na luz
refrescando

sem guarda-chuva
por ser leve
brisa fresca

aperta passos
molha faces
chuva breve...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MOMENTOS VADIOS


enquanto tento poemas
a vida se manifesta
na rotina implacável

fazendo dos sentimentos
sentidos vãos
desatentos ou vadios

como se a pausa na roda viva
não fosse permitida
e sonhar não fosse humano

estranho como me cobro
dos momentos gastos vãos
nas viagens que intento

em meu interior vasto
diante à correnteza
minhas certezas

não me bastam...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

RAÍZES


vejo os de falas sotaques
seus jeitos e modos
suas raízes presentes

têm histórias de suas terras
lembranças culturas vivas
enobrecem as narrativas

eu desenraízado no canto
fico ouvindo e flanando
pulando de lá para cá

ao me aventurar nestas plagas
metrópole megalópole imensa
do caipira nada restou

no seio de todas as raças
quadrantes de norte a sul
na bagagem se perdeu


meus jeitos e falas se misturam
não destoam nem acrescentam
minha herança se esfumaçou

nesta linguiça mista
sou recheio vazio
minhas memórias diluiram...

LUZ


necessitamos da luz
que ilumine os dias
reaviva paisagens

nos aqueça e acalente
quando tudo for triste
e nos evite as tristezas

nos faça na rotina atribulada
uma pausa para belezas
flores e bençãos da natureza

a fruta doce em beijos
o acalanto da canção
extraída do pinho da viola

o sol no horizonte brando
lembrando o ocaso da jornada
o trinado irriquieto da passarada

alguém para se compartilhar os risos
um amigo querido um irmão
uma companheira sonhos e devaneios...

OBJETIVOS


se for dada
a missão
construirmos

pedra a pedra
os arrimos
da construção

façamos o melhor
um castelo
uma torre alta

onde nas noites
enluaradas
da amurada se aviste

as ondas na quebra-mar
e os olhares se deleitem
a beleza de nossa obra

nada de algo ínfimo
acomodado rápido
por ser prático

suores e dias trabalhados
eternizados
no farol que ilumina o oceano...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

OUTROS RUMOS


entrego os pontos
me abstenho
das disputas

saio da luta
quero outras armas
uma gaita ou viola

dedilhando notas
compondo melodias
vou levando os dias

vendo a vida
linda
como jamais a vi...


APELOS


há deleites
no ar
nas canções

também há
choros
lamentos aflições

a humanidade enxameia
em atribulação
guerras e disputas

fazemos das lutas
a razão
dores e insatisfação

nos fazemos meninos
mimados
esquecendo as bençãos

da Natureza dadivosa
a vida regurgita
insistimos na morte

depois exauridos
contritos
lamentamos a má sorte...

VIAGENS...


com traços e contornos
rabiscos rascunhos
narro meus sonhos

barco em mar aberto
castelo e fortalezas
arrimo e defesas

luz na paisagem
o sol dourado
azul oceano imenso

dando retoques
criando fantasias
empolgado intenso

pronto e definido
encantado
na parede suspenso

navego iludido
desligado
absorto no antegozo

na tela pinturas
velejo
singrando aventuras

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

CIDADE PEQUENA


pequena cidade
em tamanho
em compreensão

da rotina tacanha
acanhada
restrita

sua vizinhança
dividia o pão
do forno a lenha

visitas em meio da tarde
prazerosas prosas
alheias vidas a limpo

degustando guloseimas
doces domésticos
venenos ferinos inoculados

no fulano ou no sicrano
de quem for a vez
crônico tema anatema

da vida de alguém...

OLHAR URBANO


delícia é andar no coletivo
sem a hora do desespero
no meio tarde vazio

olhando pela vidraça
imagens desfilando
pessoas e suas rotinas

tão colorida a vida
quando se a observa
mesmo o céu esfumaçado

tem seu charme
os cães que passeiam
com seus donos mansos

as crianças nos carrinhos
as empregadas em uniformes
namorando e passeando trabalhando

há muita gente apressada
atarantada em seus horários
vai-véns na colmeia humana

que gostoso a vista urbana
sem a pressa de chegar
a mente a vagar em sonhos...

VIOLA NA ESTRADA


tocador de viola
de beira de estrada
seus sons se perdem

poeiras disparadas
seu canto emitido
não ouvido suprimido

longe indistinta imagem
distância de quem passa
mímicas de seus gestos

indiferente à audiência
trânsfugas passageiros
vai tirando suas notas

desafinando cantando
dedilhando seus versos
encurvado no instrumento

transportado na canção
alheio ao movimento
expondo sua emoção...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

OLHARES DA FANTASIA


amargos seríamos
não fosse a visão
idealizada e afável

colorindo paisagens
áridas e hostis
num verniz suportável

ver em minúcias
ocultos recantos
poesias e carícias

tingir de cores lindas
bela nem sempre a vida
das mazelas vividas

ver pelos olhos internos
complacentes
sinceros
as agruras sofridas


íngremes caminhos
maltratados
visões na alma adocicados...

RESCALDO DOS SONHOS


menino abusado
olhando curioso
pelas frestas

mundo buliçoso
infante em festas
alinhavava enredos

de verídico e irreal
alegorias e fantasias
imaginava folguedos

produtos da ilusão
da que vê o não visto
irriquietos travessos

assim construído o velho baú
encantos
inexistente depositário das memórias

vasculhado em busca de meus sonhos

quando tento em vão me encontrar
com o petiz peralta e atrevido
de um mundo colorido vivido

janela entreaberta ilusões
o tempo maduro minando
cruelmente
secando

os olhos pequenos
nada mais são
na mente infantil imaginação...


domingo, 11 de janeiro de 2009

MENSAGEM AO INFINITO...


que esses filetes
fios d´ àgua
não sejam vãos

se encontre
nas lágrimas
de outras dores

e juntas
fecundem
luz

no ventre da Terra
de desterrados
penitentes

acalentem
os sós
desiludidos

soem
paz
nas adversidades

esperanças
nas trevas
da insensatez

seja um brado
brando
doce

que conforte
acarinhe
os sofridos

terá tido
sentido
tanta dor...

sábado, 10 de janeiro de 2009

AVALANCHE


feito um nada
avantajado
crescido

tomando corpo
incomodando
sobressaindo

o que se esquiva
malbaratado

negligências

ressurgindo
assombrando
maltratando

recordando
o finito
da matéria

cobrando
o algoz
o seu quinhão

levando
deixando
luto saudades...

ATÉ A PRÓXIMA ATRAÇÃO...


impactante a notícia
estarrece a todos
sensibiliza escandaliza

comoções coletivas
lente atenta
dos noticiários

nas ruas no comércio lares
acompanham mortificados
o crime noticiado

até que novo assunto
igualmente terrível
substitua o anterior

as vítimas da tragédia
esmaecem esquecidas
vagamente relembradas

novos fatos alimentam
as dores que fascinam
a massa emocionada...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

REPAGINANDO


vomitei meus demônios
os extirpei das entranhas
e quase que fui junto

com o vômito expelido
foram medos encastelados
dúvidas dilemas certezas

falsas idéias obtusa visão
me limpei me rastreei
faxina interior intensa

pouco sobrou de minhas verdades
passei a me reconstruir
árida empreitada descobertas

tijolo a tijolo assentado
decepções e enganos
ergui novos arrimos

que me sustente
me alimente
em novas ideologias

me convença
nos desapegos
de tantas falácias erros

que me ergueram
me manteram
até o momento presente...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CONTADOR DE ESTÓRIAS


olha ele chegando
como quem vem
trazendo notícias

de outras plagas
contando fantasias
sempre relembradas

acrescenta no seu jeito
como um confeito de bolo
dando um gosto novo

a velhas narrativas
degustadas prazerosas
mitos lendas contos de fadas

cercado pelos pequenos
atentos nos seus ouvidos
fatos de arrepiar e risadas

alegrias da meninada
representação de sons
onomatopeias hilárias

saudades da velha infância
hoje sepultada disputada
em eletrônicos domínios

nostalgia das gargalhadas
das galhofas aprontadas
pelo contador de estórias...


BUSCAS


lobriguei o olhar
em riscos
coriscos e raios

tateando a essência
sutilezas
vertigens sensações

avistei mundos
disformes
inconformes

avidez incansável
minha visão
estreita minúscula

arredia e distraída
inadvertida
acalentada de sonhos

buscando ainda
horizontes outros
explorando emoções

como quem anseia
o nascer do sol
em manhãs cálidas

vivendo na espera
de novas auroras
doces quimeras...


LUZES & TREVAS


penitente arrependido
reincidente convicto
rosário nos dedos contritos

ajoelhado frente à imagem
confessa entre dentes
atos infortunados voragem

geme em sussurros
alguns soluços engasgos
à conta de sofrimentos

confissão em lamentos
no centro imaginário
de um julgador plenário

tantas sortilezas
narra proezas
feitos malditos

chora convulsionado
crimes malsinados
que tivera praticado

razão de seus conflitos
urdidos e suplicados
perdões à virgem santa

no julgar de seus pecados
infortúnios malbaratados
macabros penitenciados

o infeliz esconjura
persignado estrebucha
a sanha vocifera abomina

inerte impassível a figura
idolatrada parecendo
cobradora dos desatinos

acontecidos malefícios
clama clemências
ardências de sua fé

martírios penitências
pesando sobre os ombros
do facínora
seus assombros

frente a uma estátua
genuflexo humilde
menino em desculpas

imponente autoritário
às vítimas sanguinário
intolerante às súplicas

impiedoso
cruel
orgulhoso assassino

escárnios e desvarios








RESTOS...


amarfalhado no fundo
da bagagem às pressas
a única herança

que restou dos restos
de nós
um livro de poemas

amarelado com o tempo
lembrando uma época
de doces encantos

onde após o jantar
deitados lado a lado
declamávamos apaixonados

e fazendo cosquinhas nos pés
rindo qual crianças danadas
vida enredo lindo

agora vai embora com ela
de afogadilho entre coisas
na mala que leva partindo

bem mais que uma obra
carrega esperanças
lembranças...

que já são saudades...

INDIFERENÇAS...












há dores da alma
que o egoísmo
rega e mantém

na falta do alimento
sobre a mesa
regalia do desperdício

nos colos elegantes
diamantes raros
ao custo do sangue

vertido e explorado
de irmãos escravizados
deleites salões engalanados

na degustação de bebidas caras
no contraste de tantas misérias
nos atavios reluzentes e inúteis

chão de terra batida
latas queimadas
fogões improvisados

lágrimas indignadas
pela fome sentida
na indiferença social

morte silenciosa
que leva milhões
como coisa natural

famintos de pão
solidariedade
e humanidade

somos assim
tristes
mazelas realidade...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ANGÉLICOS SONS *

canção envolvente
emoções suaves
à flor da pele

trinados maviosos
sons harmoniosos
asas para sonhar

um mundo inteiro
cheio de deleites
luzes interiores

tristezas mágoas
desencantos dores
levadas das almas

como roupas sujas
lavadas
alvejadas

o sumo imundo
escorrendo
sumindo

canto encantado
formosas notas
vibrantes étereas

mensagens na atmosfera
nimbadas de clarões
aureoladas de PAZ !


MENTE VIAJANTE


na imaginação tudo pode
esticar os braços e anelar
nuvens brancas plasmadas

moldes e imagens no espaço
tendo o azul anil de fundo
e a mente navegando

criando um barco pomposo
carregado de gente feliz
acenando para os que ficam

numa viagem bonita
onde todos irmanados
tristeza posta de lado

melodias e magias
na viagem passagem
da embarcação

levando esperanças
fazendo amizades
renovando sonhos...