MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
terça-feira, 30 de setembro de 2008
ROSAS...
bela flor cultivada
sensíveis detalhes
de todos admirada
além da beleza
o aroma rescende
ambientes enfeita
para mimos
lembranças
carinhos
alvíssaras e delírios
júbilos e alegrias
ou apenas saudades
do botão sobre a lápide
memória de quem se foi
uma lágrima representa...
sábado, 27 de setembro de 2008
CONTRASTES
O URUBU:
de seu cantar mavioso
na plumagem amarela
dengoso e acarinhado
O CANÁRIO:
aparência engana
cativo entre telas
restrito este viver
O URUBU :
tens a admiração de todos
a ração e a água servidas
que mais queres da vida ?
O CANÁRIO:
minha cantinela enfadonha
pranto lamento feito canto
lastimo a liberdade negada
O URUBU:
estranho quem tem vê
balanças de lá para cá
alegrias aparentas ter
O CANÁRIO:
amigo, querias ter livre ir e vir
não és desejado como adorno
como necessário te respeitam
O URUBU:
para enfeite não sirvo
livro-os dos entulhos
nisso deixam-me viver
O CANÁRIO:
a mim que dizem amar
alegro-os como bibelô
encanta o meu cantar
O URUBU :
como carniças
mau presságio
ave agourenta
O CANÁRIO :
mas podes voar
ires onde quiser
nada te detêm
O URUBU :
prender a mim
nem imaginam
a todos repugno
O CANÁRIO :
queres a minha ração
e a água fresca servida
não desejes esta prisão
O URUBU :
só e triste ave bela
voo sem fronteiras
a feiura me liberta...
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
MOSAICO ONÍRICO
cantinga de rodas
sopé de montanhas
imagens estranhas
colhidas aqui acolá
figuras desbotadas
vagas lembranças
contos de fadas
livros e leituras
fantasias viagens
tela composta
ideada e irreal
suspensa no ar
assimetria de calçadas
ocultos becos estradas
devaneios alucinações
lágrimas furtivas
tristes despedidas
etéreas entidades
sonhos pesadelos
ocultos desejos
cismares olhares
chuva mansa
tardes vazias
melancolias
vitrais difusos
reflexos nuances
templos desertos
pano de fundo
de chão e poeiras
verdades rasteiras...
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
UMA CANÇÃO PARA NINAR *
brando canto
um sussurrar
leve no seu pranto
mágoas além mar
seja acalento
afago delicado
neste momento
poema declamado
figuras cristalinas
diáfanas esvoaçantes
fadas esmeraldinas
entes alucinantes
passos de danças
volteios no ar
risos de crianças
azo para sonhar
asas libertas
rumos certos
gaiolas desertas
horizontes abertos...
sábado, 6 de setembro de 2008
DOIS PRÁ LÁ, DOIS PRÁ CÁ...
tango de Gardel
boteco atulhado
boêmios e meretrizes
no aparelho o clássico argentino
risos deboches ordinárias figuras
a noite deslizando célere mansa
volteios na contra-dança
um mulato e sua partner
ensaiam passos bizarros
o som aumentado incomodando
casal em performances ousadas
singular platéia extasiada
trôpegos dançarinos
luz amarelada fosca
ar nauseante fumaça
na mesa uma bebida
um copo duplo
música um devaneio
na noite deslizante
tépida e tranquila
a mente acompanha
amplo salão orquestra
pares engalanados
suaves adornos seresta
seleções melodiosas
acordes de fina festa
aromas de jardins ...
encanto dissolvido
desentendimentos
paz interrompida
botequim sufocante
antro oculto na praça
outra cerveja gelada...
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
RENÚNCIAS...
viver
ceder
via única
deixar
passar
desdizer
conformar
se virar
desgostar
vida
vivida
resumida
ideais
sonhos
inatingídos
condoídos
ombros
agradecidos
dia-a-dia
mal
vivido
parco
pão
dividido
rotinas
novo
amanhecer...
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
LÁGRIMAS...
emotivas derramadas
torrentes aliviadas
nas alegrias e dores
atestando o humano
burlando conveniências
demolindo as fortalezas
banhando
transbordando
esvaindo-se abundante
fonte nascida
nas iris da alma
faces umedecidas
desavergonhadas de sentir
de aplaudir, sorrir, sofrer
explodindo em expressões
linfa exposta vertida
na dor no amor no viver
manifestação do sublime
mansa rendição
adulto criança
embalos e canções
gotas contidas
diques abertos
emoções externadas....
CONVIVÊNCIA
reticências...
silêncios anuídos
perdões gemidos
franzir de testa
acenos mudos
dizeres no olhar
desentendidos
entendidos
suportados
cabísbaixos
relevados
compreendidos (?)
estações diversas
esparsas conversas
habitantes distantes
comensais eventuais
parceiros solidários
amantes ideais...
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