quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

MEU TESOURO


naquela caixinha cabia o mundo
miúdos restos e tranqueiras
meu tesouro amealhado

botões velhos bolinhas de gude
imagens de santinhos venerados
soldadinhos de chumbo e tudo mais

os habitantes do recinto amontoados
guardados no alto de uma estante
revirados amiúde e esquecidos

recipiente de magias e encantos
a sete chaves protegido
minhas lembranças de menino...

ANO NOVO !


como espoucam os rojões
festejamos o novo ano
gritos e canções

encantamos
nós mesmos
como podemos

alimentamos ilusões
necessitamos delas
carecemos

juntos vibramos
a virada do calendário
e infantis festejamos

que pena
quimeras passageiras
quisera eternas...

...as ilusões !


terça-feira, 30 de dezembro de 2008

MORRER...


transmutamos
trocamos/perdemos
células velhas

permuta perene
numa troca infinita
vamos envelhecendo

no peso dos anos
o vigor que escasseia
e a mente armazena

sentidos e emoções
que o tempo
não desfolha

ainda que a memória
falhe
o espírito recolhe

evolução da caminhada
cada um
infinito a ser percorrido...

VIVER...


viver é uma sequência cronológica
em dias de sol ou chuva
temperaturas amenas ou não...

é a nossa ilusão que encanta
fazendo de cada manhã
um recomeço prazeroso

bendita ilusão que encanta
olfato que cheira sutilezas
sentidos que porejam emoções

fazendo da sucessão de dias
esperanças lindas de se viver
em cada amanhecer que a vida nos concede...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

COLORINDO










expressando
sentimentos
momentos

sinais
coloridos
nos atos

sol amarelo em zênite
avermelhado poente
alaranjado nascente

primárias cores
em misturas
ingredientes

bolo confeitado
luzes opalinas
vida enfeitada

pelas sutilezas
maviosas leves
num bailado

esvoaçantes seres
na dança ritmada
colorindo

imperceptíveis
maestria
mesclas

luzes
vivificando
os dias...

MÁGOAS...


quando na conversa
mencionaram
inadvertidos o nome

proscrito arquivado
sepultado
ressuscitado num átimo

a figura defenestrada
ressurgiu viva
trazendo o esquecido

que jamais se esqueceu
permaneceu intocável
qual doença brava

cujas raízes retornam
depois da ablação
do tumor extirpado

e num ato cortez
revolveram a ferida
e mudaram o rumo

a falação desperta
deserta de sentido
cravou fundo

ferindo sangrando
num brinde
mágoas recolhidas...


SEGUNDA-FEIRA



















a Segunda-feira chegou lembrando
que era o ínicio útil da semana
amargos resquícios domingo na boca

e tudo recomeça
como se tivesse pressa
relógios e agendas marcando passos

sons chegam do exterior
ônibus cheios e matraquear de estacas
pulsam enérgicos na colméia humana

tempo abstrato cronometrado em frações
cada espaço um compromisso fazendo sentido
a correria corriqueira constituindo horários

e a vida doce na labuta lida
no movimento movimentam todos
aguardando o intervalo fim-de-semana que vem...

sábado, 27 de dezembro de 2008

PINTURAS



traços
precisos
definidos

retratam
visões
sentidos

expressos
concebidos
emotivos

nas cores
tinturas
pinturas

imagens
sonhadas
idealizadas

poemas
captados
em pincéis...

ILAÇÕES...



o encontro das ondas na quebra mar
me carregam em devaneios receios
no balouçar fremente das águas revoltas

idéias remotas incômodas de todos os tempos
encontro-desencontro-descompassos
reflexões que acalmam e incendeiam simultâneas

chamas tépidas mornas que queimam leve suave
aquecem antes de ferir gostosas de sentir
como uma feridinha que tiramos a casca para coçar

o que é tudo isso ? episódios de longo enredo
histórias a serem escritas intermináveis infindas
inúmeras personagens em cenários diferentes

de onde a melancolia as saudades de não sei de onde
o viés da visão nas coisas corriqueiras a sofrequidão
a necessidade desnecessária que me açoda e incomoda ?...

de onde e para onde irei por que me atormenta
se a dor não é apenas minha mas a mola que movimenta
a humanidade em seus eternos e intricados questionamentos ?...

bastaria comer e beber defecar fazer sexo e gozar sem questionar
andar à esmo e ao sabor das circunstâncias na tangência de mim
afinal, queira ou não, é o que ocorre nos dias que se sucedem à todos...

amanhã ou depois esse episódio mal escrito terá um fim inopinado
tal é o destino inexorável de cada mortal e que bem que assim seja
uma trégua entre atos onde ressurgiremos em novas vestes

aguço meus sentidos e aspiro as cores odores que a vida me dá
para sentir e me sentir que existo e me permito usufruir como bençãos
e a natureza tão dadivosa nos concede prazeres na degustação de tanto mel

o olhar se perde na imensidão desse céu de mistérios luzes e seres divinos
meus pés registram o frescor das águas e os respingos em minha face distante
sigo meus passos na areia e a minha mente vagueia e no corpo/farol que me abriga

rezo a reza aprendida e, retido no escafrando dessa armadura, sobrevivo aturdido
com tantas emoções sentidas apreendidas nas sensações captadas trazidas
e caminho lento absorto e teimoso nas cogitações da vida...



PROPOSTA ABERTA


economia nas palavras
espaços para reflexões
algo insinuado aberto

nada inteiro concluído
definido consumido
tudo a ser deduzido

construído sentido
acrescido constituído
meia roda que não fecha

sempre à espera
de mais alguém
de você ou de outro

na roda imensa
intensa
na construção

nada pronto
acabado
apenas um chamado...




sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

RESERVA DE AFETOS


quando seca a paisagem
voltamos ao colo da infância
saciando na doce ingenuidade

recobrando
a sensibilidade
que nos faz manso

diante às tempestades...

ONTEM & HOJE


elos
hoje

ontem

alicerce
passos
confiança

referência
tempo
experiência

reservas
arquivos
sentimentos

o ontem
no hoje
presente...

REFLEXÃO

lembranças
acalentos
reflexões

por triste
que seja
lembrada

alentos
revividos
memórias


arquivo
indelével
vivido

estigmas
vestígios
da existência...


MEMÓRIAS & AMIGOS


relembrados
redemoinhos vagos
testemunhados

perdidos em frases soltas
de repente ressuscitado
retalhos de vidas compartilhadas

recôndito no universo íntimo
esquecido relembrado
nos volta com os parceiros

num àtimo a fazer sentido
a chama esmaecida
viva participada

amigos cúmplices na jornada
co-autores de nossas façanhas
partícipes de nossas lembranças

obra escrita
várias mãos
no tempo desfolhada...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

FICÇÃO & VERDADE


criei uma estória
na qual não creio
mesclei recheios

coloquei receios
dúvidas dilemas
reverberei poemas

pretextando charme
ousei rimas nobres
perfumei de rosas

falei de flores
encantos
amores

ludibriei a mim
na ficção
me desnudei

bem queria
não acreditar
e acreditei....

SINCERO


não me queiras

mal

por querer-te

bem

me esqueças...


(poetrix)

SONHO CINDERELA.


se me dissesse que me amaria
apenas por também ser só
aceitaria

queria o regalo
profissional
amam sem amar

o que não permitiria era ver

no brilho daqueles olhos
falsa magia que lhe impunha


a minha postura
falcatrua
disfarce oportuno

soturno
irônico
despudor

e antes que a noite
se fosse como um sonho
a carruagem reluzente fosse abóbora

vesti-me num átimo
seco e lacônico
e a deixei livre

...antes que fosse tarde !

e num rasgo
sorri intimamente
fingida dignidade...





INSINCERO


se lhe falasse de sonhos
talvez quisesse
muito mais

calei-me temendo
a solidão
ganhando tempo

crendo que meus
devaneios
a convencesse

e me perdoasse
pelo engodo
dos meus delírios

me senti só
com a negativa
compassiva no olhar

senti vontade imensa
de acompanhá-la
tanta certeza tinha

e também me deixar...


ATARANTADO...


atarantado
pelas ruas
subi desci ladeiras

cansei me refresquei
esconjurei esforços
me senti bagaço

envolvido
rendido
entretido

repugno
impuro
indefinido

adquirindo
seguindo a orda
na corda bamba

convencido
possuído
iludido

sob a magia
da mídia
me vi traído

consumidor
consumido
vendido

só as badaladas
dos sinos
de uma igrejinha

recordaram
algum
sentido

introspectivo
reflexivo
ferido...



segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

ROSAS...

















vermelhas paixão
delicadas aveludadas
flores que encantam

clamores de perdão
nos desentendimentos
frases sintetizadas


dos tímidos da fala
saudações e enlevos
nas datas festivas

nos momentos
emotivos
de júbilos



nas tristezas
consolos
das despedidas...


H O R T Ê N S I A S










no jardim
crisântemos
encorpados

pétalas miúdas
distribuidas
em maços

são azuis
amarelas
lilazes

que graça
belezas
extasiam

naturais
dádivas
ornadas

MEU PRESENTE



mimosa
cheirosa
a flor

tenra cálida
frágil
pérola nascida

desabrocha
saudando

a vida

enfeites
deleites
aos olhos

consolo
aos tristes
descrentes...

sábado, 20 de dezembro de 2008

NO FIO DA NAVALHA...


somos ambulantes
carregamos sonhos
fantasias e utopias

fetiches e alegorias
mercadejamos ilusões
para nos sentirmos sãos

sanidade periclitante
hesitante preocupante
angustiante

fugimos da raia
do fio da navalha
das angústias

preferimos a fuga
nas lutas renhidas
de um eterno amanhã

carregando
o fardo
hoje presente...

EXIGÊNCIAS...


para ser cidadão
necessitamos
de identidade

e de todas
certidões
nascer/morrer

para se viver
se entender
é preciso mais...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

SEM DESTINO


ia
de lado
a outro

absorto
alheio
solto

passos
lentos
miúdos

curvado
sonado
desatento

bolha
boiando
voando

noite
relento
ventos...

CAMINHOS



juntos
e
sós

habitantes
espaços
compartilhados

ilhados
em si
seus territórios


no mesmo ar
carecem
um do outro

pessoas
únicas
individuais

caminhos
trilhas
desiguais

somatórias
histórias
pessoais

viajantes
errantes
seculares

necessitam
um do outro
na vivência

na solidão
única
de cada um...



PARANÓIA


ah, procura !
infinita
tortura

rica dolorida
cicatrizes
feridas

despenhadeiros
roteiros
labirintos

gritos
ecos
desesperos

buscas
insaciadas
saídas entradas

mergulhos
imersos
submersos

de mim
em mim...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

REFLEXOS


chinfrim realidade
fugir distrair
fingir

sentir-se outro
em outra veste
disfarce

viver a dor
de outrem
como nossa

chorar convulso
lamento alheio
recreio

fustigar feridas
cicatrizes doídas
dramatizar

lamentar dores
alheias
como próprias

fugas
doloridas
verdadeiras...

NOVA LINGUAGEM


desgastadas
reutilizadas
rotineiras

automáticas
sensações
sentimentos

cumprimentos
comportamentos
comportados

saturados
inalados
exalados

confundidos
nos enlatados
de supermercados

melhores os sinais
dos olhares
sinceros emocionais...

MUNDO ANIMAL


os animais
no cio
se cortejam

na corte
se bastam
procriam

os homens
seduzem
iludem

no gozo
prazer
domínio

no sexo
sem nexo
se confundem...

NA CONTRA-MÃO...


ouço sons e brados
enérgicos clamores
em um refrão

todos pedem tudo
poucos tem o pouco
entoam na multidão

já não acompanho
o rol dos seus lamentos
alheio em meu canto

seus gritos e peias
gemidos e alaridos
contritos resumidos

embora os entenda
nas suas carências
caminho na tangência

por quadras e esquinas
portos e miragens
busco novas paragens

para verdades além
que me comprazem
e justificam o momento

o isolamento
a busca
o encontro com o meu tempo...

APARÊNCIAS


nas sombras
ecos
ecoam

malícias
obscuras

obscenas

inaceitas
indiscretas
importunas

do sub
ao consciente
censuras

imagens
escusas
vetadas

em nome
da boa
aparência

decência
cordatas
posturas

reprime
desejos
que devoram...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

MULHER-AMÉLIA-VERDADE


do almoço
sobras
no jantar

das vestes
remendos
para usar

renúncias
resignadas
ilusões


menosprezo
desapreço
desprezos

encanecidos
fios
prateados

heroina
da canção
esquecida...

( Ref. Amélia, mulher de verdade, canção de Mário lago e Ataulfo Aves))

AGUARDANDO


nos rastros
a porta
semi-aberta

por ela
fechada
encerrada

nos atos
decisivos
incisivos

marcados
resolutos
irrefletidos

entreaberta
a esperança
na espera

da volta...

NA PARTIDA...


ainda bem que nada levamos
para não sufocar as bagagens
usufruimos e deixamos

aparências conveniências
hipocrisias enganos
fruticas disputas e brigas

tudo resta para quem fica
na mala das lembranças
apenas
sonhos bons

risos e abraços
sinceros amigos
leves canções

um sopro
uma brisa
memórias desta vida...

VIDA LINDA




linda vida linda
sonhos encantos
horizontes magias

flores e pássaros
oceanos profundos
cores em profusão

campos florestas
cantorias natureza
ritmadas orquestras

linda vida linda
humana máquina
perfeita divina

aprendizes teimosos
nas escolas nas lidas
nas lições repetidas

vida linda vida !

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

INCOERÊNCIAS


tantas coisas ditas
como certas

tidas e repetidas

dogmas irrefutáveis

como verdades
temas inquestionáveis

sofismas dilemas
incrustados
em velhos lemas

verdades críveis
retratam como banais
sentenças permissíveis

corredores do horror
vingança é exemplo
sangue e pavor

benzem e executam
em nome da justiça
a existência banalizam

um erro por outro
justificando a pena
pelo fim da vida...


CONSOLO


soube ontem que o fulano já não é mais
morreu de morte súbita infarto do miocárdio
não sofreu em demasia resta este consolo

poderia ser bem pior doença crônica
daquelas que aniquila aos poucos
desvanece o corpo e a dignidade

as tais enfermidades que evitamos
mencionar e os mais antigos se benziam
ao pronunciar aqueles nomes malditos

o fato é que o fulano expirou
um pouco aflito e sem ar
mas pouco durou a agonia

que bom que ele se foi
quero dizer sem sofrer muito
que é o que importa

visto que não interessa
a senha todos temem
a passagem desta vida

infarto é algo breve
leve desejado quase
o fulano teve sorte

acho...

CANTO & PRANTO

como o canto melodioso
do canário preso
na gaiola do vizinho

ninguém sabe se canta ou lamenta
a sua sorte prisioneira cativa
nos estreitos limites de sua cela

o certo é que encanta seu canto
e o que importa não é o possível
pranto mas a beleza que encanta

e o mantém refém na vida...

quantos de nós iludidos com a liberdade
ficamos restritos e contritos nos recintos
nos limites estreitos de nós mesmos...

como não gorjeiamos lindamente como
canários resta-nos versos destroncados
chulos para retratar o mundinho

visto da janela de um apartamento
no pombal de uma selva gigante de
concreto ouvindo o som de um pássaro
preso aliviando a nossa própria prisão...



segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

BREVE REINADO



menina
linda
graciosa

adulta
fêmea
malícias


olhos
cativantes
sedutores

corpo
delgado
delícias

reinou
posou
decaiu

foi tudo
de todos
esquecida...

domingo, 14 de dezembro de 2008

DENTES


na infância
sua perda
recomeço

maturidade
ausência
envelheço

CORPO & ALMA


sujeiras
no corpo
lavadas

apagadas
na água
levadas

cicatrizes
sinais
na alma

o vento
o tempo
não desfaz...

LUA & MEL


luas
em fases

laranja
em gomos

luz
na noite

delícias
degustadas

a noite
desfrutada...


VIAJANTE DE SI


embotado em si
ensimesmado
curvado olhando
as calçadas
suas assimetrias

corria espaços
percurso certo
corriqueiros
rotineiros

como ostra
sobre si
fechado
atento
em busca
de algo
ou de si mesmo...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CORA MENINA




doce menina
na primazia
de seu verdor
pequena ainda

no desenrolar
da caminhada
extensa lida
encantos magias

a beleza dos momentos
na maestria da escola
aprendida dia a dia

mosaico de sensações
colecionados no infinito
em passagens e viagens

bagagens somadas
batalhas vencidas
lutas reiniciadas

assim é a proposta
colocada destemida
a todos nós nesta vida...


( para Cora Mariel lima, 21 anos hoje)


DILEMAS



talvez me faça
falta
o tempo
desperdiçado
nas rotas
das disputas
por um lugar
ao sol

...que não aprendi
a admirar
pela falta do tempo
gasto
na luta por um lugar
ao sol...


SEM POESIA


se tudo
fosse dito
sem magia

um grito
apenas
um gesto

a manhã
início

a tarde
o meio

a noite
fim
do dia

palavras
secas
desornadas

palhaço
sem disfarce
alegorias

bolo
sem enfeite
alegrias

arco-íris
sem encanto
detalhe

despidas
nuas
analogias

ausentes
fantasias
metáforas

imagens
mirradas
cruas

insossa
a vida
sem poesia...

SENTIMENTO IGNORADO



ignorava
gostar

desdenhava

ausências
saudades
querências

sintomas
sentimentos...

bem
e mal
me faziam

do bem
que o gostar
apraz

das dores
que amar
traz




quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

À BEIRA-MAR



águas
ondas
marés


canoas
sonhos
na areia

noite
lua cheia
distância

marulhos
canções
lembranças

fantasias
energias
do mar...


(para Marli)

NOTA DE JORNAL


dos traços
mal traçados
encontrados

socorro
tardio
vazio

no ar
voando
pesado

no chão
estatelado
amontoado

um Ser
vivência
ocorrência...

VIDAS RESUMIDAS


silêncio
martiriza
palavras
insaciadas

puída a corda
entrelaços
débeis
frágeis

verbalizar
não há o que
resta
um resto

espremido
sufocado
suportado
de dignidade

aceno
abraço
afago
adeus...

MARIPOSAS

assim é
se lhe parece
um fantoche

deboche
escroque
berloque

acompanham
a música
que lhe tocam

por algumas
notas
cedem calor

vagam na noite
notívagas
do prazer

que no clarear
da manhã
despertam

retornam à lida
no ritmo
da dança

marcha
ensaiada
do dia...



VIDA EMPENHORADA


dos passos dados os mais longos
foram no sentido da entrada
ao balcão

nas mãos trêmulas o estojo
decoração simples ornado
no interior as reminiscèncias

cada pingente, anel e brincos
momentos refulgentes íntimos
à apreciação de um estranho

naquele ato um pouco de si
momentos acalentados
sua história resumida ali

avaliação banal gramas e pesos
bem menos do que significavam
registro de uma vida ali avaliada

sopesando valores
no maço de notas
na casa de penhores...