sexta-feira, 30 de setembro de 2011

NASCIMENTO PRIMAVERA

desponta
irrompe
manifesta

sutiliza

perfuma
entontece


floresce
magias
alegrias
 
brotos
abertos
despertos


flores
cores
encantos...





(15/11/2008)

M I T O S

imagem bela se esfarela
diante a verdade dos dias
ídolos de panos, balela

construções ideais
erigidas em quimeras
de sentidos surreais

deuses humanos, 
frágeis alicerces
falíveis mundanos

são os olhos dos sonhos
obliterados não vendo

a real visão dos enganos...


(25/05/2010)

ANIMAL DIVINO

imerso em mim
lasciva carne
sedução em caça

superfície, 
morno voo,
sóbrio, meditativo

tênues véus
o animal
o divino

turbulenta mansidão
tépidas noites frenéticas
calma de vulcão em erupção...



(16/12/2010)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ESTIGMAS

Íntimas tatuagens
Ocultas cicatrizes
Marcas dos tempos 


Chagas vivas
No silêncio
Lamentos


Estigmas
Ferro em brasa
Na alma, sofrimentos


Indeléveis sinais
Disfarces em risos
Amargos tormentos...



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ECOS DO PASSADO PRESENTES

pedras sobre pedras
grandezas
erigidas pirâmides

suores e lágrimas
idolatrias 
ou noção do infinito

além dos vagidos
dos recéns nascidos
e as agonias da morte

heranças da presença
vestígios para o futuro
sinais dos antepassados

narrados em pergaminhos
desenhados em rochas
registros das civilizações

ofuscadas certezas
veladas verdades
da eterna existência...



05/03/2011

O CISO DA BIRUTA

letras aos ares
aleatórios enredos
inverossímeis à deriva
de nexos e sentidos

encerrando emoções
apreendendo ritmos
zunindo nas folhas,
uivos dos ventos
sensações, momentos

antenas acessas
à flor da pele
derme exposta
ouvidos alertas
sons do silêncio

absorto na faina
tresloucada insana
da aturdida multidão
um insano devaneia
e da janela degusta o mundo ...


27/12/2010

SENTIDO

quisera em traços
definidos
compor o indefinido

resgatar ecos
insinuados
atentos ouvidos

apreender sentidos
percebidos
sussurrados gemidos

em cores suaves
paisagens brisas
mistérios vividos

compor na tela
emoções sucintas
dimensões limítrofes



enquadradas
versos e prosas
imagens da vida... 


18/02/2009


* selecionado para figurar no livro 83° ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS, editora CBJE, Rio de Janeiro/RJ, novembro de 2011   Distinguido entre os autores com mais de 100 mil leituras nas antologias on line da editora.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A DOR QUE DEVERAS SENTE...

.Há que se dizer, com delicadeza
O aguilhão que fere, machuca,
Da forma mais branda, leveza,
O penar que aflige, encuca


A arte tem essas vertentes
Tingir o sofrer duradouro
Emoldurar em cores sorridentes
Mitigando o sofrer no nascedouro


Lenitivos em formas e sentidos
Apaziguados ficam os gritos
Transfigura tudo em linguagem


Poesia, por certo, é vadiagem
Ocupações levianas, bobagem
Ao poeta, em versos, seus gemidos...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

FLASHES DA VIDA

Gota a gota na vidraça
Leve chuva em brisas
Visão tépida embaça
Devaneios em preguiças


O tempo gira nos ponteiros
Correm os Seres nas rotinas
Em coletivos os passageiros
Formigas em traçadas sinas


Giros extenuantes, cansaços,
Corridas, maratonas, espaços
Indolências, humores e cismas


Embrenhados nos formigueiros
Lépidos combatentes, guerreiros,
Da vida,protagonistas nas rinhas...

domingo, 11 de setembro de 2011

VIDA & FÉ

Não há mal que supere
A beleza e esplendor
Luz  viva que não recupere
Lenifique os dias e a dor


Ninguém, nem os loucos,
Ocultos na insanidade,
Em ouvidos moucos
Alheios ficam à felicidade


 No ar que se respira
Da água cristalina
Da fé e tenacidade


Todas as lágrimas,
Minguadas mágoas,
São gotas na imensidade...



terça-feira, 6 de setembro de 2011

TÉDIO

Brotadas do tédio
As reflexões vadias
Pululam como remédio
Às sensações vazias


Agrupadas palavras
Enxertadas de figuras
Compõem as lavras
Telas de amarguras


Ritmadas ou não
Adornam a ilusão
De sentir-se ouvido


Pobre ser emotivo,
buscando sentido,
Nos prantos, sua canção...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

FORMA & CONTEÚDO

Se ao jorro intenso
Da alma inundada
Inspiração for represada


Não soterrar o viço, o frescor
Do desejo, ímpeto concebido,
Por fórmulas à guisa de sentido


Externar é cuidar, preservar
Com as ferramentas, letras,
Ao alcance da sensibilidade


Não malograr o enredo
Pela forma,
Enaltecendo a obra pela moldura


Demonstrar, verbalizar, dar-lhe corpo
Sendo a expressão o que melhor puder
Não sobrepondo os adereços à emoção...



domingo, 4 de setembro de 2011

VELADA INTENÇÃO

Além de uma achada,
Palavra chave, cruzada,
Idéia a fluir, ritmada,
Plasmada a forma cunhada


No feitio de um gosto
Nas letras a ourivesaria
Verso inteiro, composto
Expressando a alegria


De cantar, somente,
Dos desejos que calam
De um solitário temente,


Balbúcias, suspiros,
Nem poemas exalam,
Timidez, silêncio, martírios...

sábado, 3 de setembro de 2011

SONHO ALADO






No parapeito da janela
Olhar absorto na rotina
Festeja um pardal, alma singela,
Sua figura saltitante na retina




De suas asas faço meus anseios
Em alhures ermos, o viver felicita,
Transfiguro o ato só, em devaneios,
E dos instantes mornos, regurgita 


Na mutação a fazer sentido
Da placidez insossa letargia
Aos céus desejo asas, emotivo


De empréstimo a sua sina alada
Não mais pesada, acuada apatia, 
Vida, sons e cores, sinfonia encantada...


*SELECIONADA PARA FIGURAR NA ANTOLOGIA POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS N° 82, EDITORA CBJE, RIO DE JANEIRO/RJ, SET 2011   Distinguido entre os autores com mais de 100 mil leituras nas antologias on line da editora.