segunda-feira, 29 de junho de 2009

PALAVRAS EM SILÊNCIO *


desafios
em benevolências
lascas de orgulho
afungentado,
sumido ou
superado ?

pausas
reações inusitadas
calmas
brios sufocados
ou elevadas
turbulências à conta
de sublimadas ?

iras propositadas
malsinados atos
quieta parcimônia,
desapegos, afável,
compreensões...?

respostas mudas
olhares benévolos
uma certa tolerância
compaixão ao desafeto

não atinado comportamento
urgindo brigas, satisfações,
debalde em vãos as ofensas
silêncios em respostas

doendo, matando,
atormentando o suplício
descido aos abismos
da inferioridade,

desavenças, rinhas,
faca na garganta
disputas retiradas,
gentilezas insuportadas...

brando gesto
manifesta indulgência
vencedor nas atitudes
sem revoltosos revides
a alimentar tormentas
reavivar feridas
enlamear-se no charco...

...mais sábio, por vezes, é o silêncio, diz mais, acalma, recompõe, estanca a turbulência...



sexta-feira, 26 de junho de 2009

O VENDEDOR DE ILUSÕES *


na praça onde sons se confundem
balbúrdias correrias paulistanas
insano ritmo da megalópole pulsa

na algaravia de tantos ruídos
sobressaem-me aos ouvidos
doces cantilenas da sorte

pequeno periquito atende
com a música do realejo
retira no bico o bilhete

entrega para a consulente
o homem recebe da moça
e a moeda tilinta na caixa

ansiosa apreensiva
mensagem vaticina
futuras felicidades

grata ensaia um gesto
no afago na avezinha
encantada segue feliz

ao desempregado evasivas
os ensejos e melhores dias
sorri acalentando sonhos

para a senhora tristonha
da vida amarga solidão
alento novo esperanças

curioso comigo mesmo
questionei o que seria
se ousasse a consulta

percebi-me num átimo
censurado e pueril
desapontado, partia...

...sempre buscamos, nas curiosidades, algo saber sobre o possível sobre-natural, algo que possa nos revelar apenas o que a nós mesmos interessa saber, uma busca indefinida, um sonho, talvez...

terça-feira, 23 de junho de 2009

HAIKAIS*

HAIKAI - DOSES

BRINDE DE PRAZER

OUTROS, PARA REVIVER

DEMAIS, ESQUECER...

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HAIKAI - BUSCAS

TIVE O CORPO

A ALMA EM VÃO BUSQUEI

RESTOU SOLIDÃO

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HAIKAI - LEMBRANÇAS

DÚVIDAS TANTAS

ANGÚSTIAS DE AMAR

SAUDADES VÃS

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HAIKAI - QUESTIONAMENTOS

EM BUSCAS DE NÓS

DESENCONTROS E CISMAS

PERDIDOS E SÓS


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HAIKAI - O TEMPO

NA AMPULHETA

O TEMPO SE ESVAINDO


CAI AREIA FINA

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HAIKAI - SUICÍDIO CONTA-GOTAS


RANCOR, MÁGOAS

LÁGRIMAS E TRISTEZAS

AFOGAMENTO


* métrica sugerida: 3 linhas divididas em 5/7/5 sílabas cada;

domingo, 21 de junho de 2009

MATÉRIA PRIMA *


temos a nós como cobaias
de qualquer experimento
se acertarmos,sem vaias,
do contrário, sofrimento

massa a ser trabalhada
essência a ser moldada
com ela fazermos o certo
e, não raro, coisa errada

estigmas e cicatrizes
coleção de nossos percalços
momentos bons e infelizes
esperanças, sonhos encalços

cronômetros, relógios
invenções para pôr ordem
mensurar os imbróglios
bússolas no caos da desordem

inversões na matéria,
ímpetos na juventude
alquebrados na climatéria
calma serena na senetude

renitentes experimentados
protagonistas de suas vidas
nos desenganos machucados
ariscos Seres em suas sinas...



...a um só tempo somos a massa a ser moldada e o artíficie que a moldará...em nossas mãos nossas escolhas e caminhos...





sábado, 20 de junho de 2009

HUMORES LEVIANOS *


se o acordo exigido
tratos marcantes
não ficar definido

palavras não lavradas
em figuras mutantes
podem resultar em nada

uma cisma, hipótese inusitada,
cessa o sereno dos semblantes
doces e tranquilos de instantes

náus sem portos seguros
rodopios do acaso
levianos ou imaturos

flutuam inábeis
irreais no descaso
humores voláteis

promessas aos ventos,
em riscos imaginados,
final em contratempos...


...bailam inesperadas as reações desatinadas motivadas nos humores levianos, ora sóbrios e convincentes, alternando posições em instáveis e indômitos...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

IMPRONUNCIADAS PALAVRAS *


podemos nos calar
nos fazendo entender

na ausência presente
no silêncio sentido

brados ecoando
no revide mudo

palavras nenhumas,
concisas, inteiras,

descrevem, desenham,
o que o insinuado

tem a dizer...


...o que se insinua pode ter a força maior que as articuladas palavras, posto que representam uma interpretação muda de quem presencia, temores maiores que pronúncias...

A CANÇÃO *


Evolava no ar
os acordes,
e em mim,
emoções...

Oníricos instantes,
devaneios, magias,
viajava, girava,
mente distante
naquela canção

carícias,
aragens finas,
beijo leve,
um sopro

música suave
doce ninava
feliz criança,
embalada em mim ...


...no som de uma canção, enlevos e viagens na mente, no acalentar de nossa criança íntima...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

LEMBRANÇAS & TRISTEZAS *


momentos doces vividos
não se escreve, vive-se !
lembrados...são memórias.

lembranças
tem um gosto de ontem
saudoso e requentado

passado
emoções relembradas
carecendo reprises

a melancolia
transpira nos registros,
estes nem sempre tristes.

saudades
algo não ressurgido
acinzentando tristezas....


...cada emoção, momentos, nos remetendo a outras situações, num encadeamento nem sempre lógico mas sensível...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

CIGARRAS & FORMIGAS *




no mavioso canto o encanto
cores nos detalhes entalhes
pulsa enleva entinta de luz



o trabalho rotineiro obreiro
maçante necessário e digno
rotinas monotonias sofridas


o ar respirado elevado
arte que colore estimula
lazer reconfortante e são


lida da vida vivida
colore-se em tons
o trabalho manual


assim o artista maneja
a cítara o instrumento
os sons que acalentam


o ator representa o ato
humorista alegra o fato
o poeta lapida palavras


o pintor maneja pincéis
na tela retrata paixões
o palhaço anima platéias


o operário ergue paredes
a costureira cose o tecido
o lavrador cultiva a terra


enlaçados arte e trabalho
na labuta constróe distrai
humanidade cresce caminha...

...as artes dulcificam os dias, os artistas, em todas as áreas, pintam de luz a vida de todos os Seres Humanos, onde as cigarras encantam os dias das formigas obreiras....

*Poesia selecionada para figurar na Antologia de poesias Plenitude, editora CBJE, Rio de Janeiro, edição Junho 2010.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

INCÓLUME *


reservando-se preocupado
precauções emperdenidas
brilho no cristal ofuscado

o terno abraço,
emoções recebidas,
cismas e embaraço

e os belos sorrisos
mágicas recolhidas
riscos de finais sofridos

a porta receptiva,
aberta, acolhida,
acena a despedida

mãos estendidas
amizades renegadas
solidão por companhia

e assim, precavido,
receios, cuidados,

amuado, retraído

malsãs intransigências,
medos exarcebados,
vigilada vida, prudências...



...de tantos receios, de medo de sofrer, de amar, de se dar, a vida pode passar desapercebida em tantas prudências, perdendo seu brilho e encanto...

IDENTIDADES *

nada explica

as dores d`alma

parecem íntimas,

mas, expressadas,

se identificam

com outros lamentos

e feitos torrentes

enchendo, chamando,

convocando os sofridos

vai-se disseminando

e na sua tristeza

torna-se menos só

a solidão dos tristes...


...poros abertos, sensíveis, identidades no sentir...

terça-feira, 2 de junho de 2009

H I P Ó T E S E S *


alheio a tantos delírios
imagens marcantes
tormentosos suspiros

apraz-me em suas contendas
volúpias infrenes
metáforas vibrantes e sedentas

tresloucadas paixões
detalhes em narrativas
ensandecidas descrições

relações maravilhadas
euforias esmiúçadas
vulcões incandescentes

chamas alimentadas
frenesis em combustão
brasas ardentes

ou meras fantasias
devaneios da ficção
desejos dormentes...


...há momentos vividos, curtidos, relembrados, mas, e também, há momentos desejados, irreais, acrescentados com a magia de olhos carentes, são sonhos dormentes, produtos da ficção, em todos os casos são H I P Ó T E S E S, de um observador suspeito...rs !