MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
terça-feira, 8 de julho de 2008
O PRIMEIRO AMOR
Não me lembro o início
galguei o céu e inferno
e certezas por dúvidas
cidade pequena grande e única avenida
todos se encontram várias vezes no dia
no cinema, na escola, domingo na igreja
bastava avistá-la à distância e fremia
a figura desejada estranha apreensão
demorava-me mais frente ao espelho
espinhas no rosto imberbe
atento escovar nos dentes
asseio no cabelo penteado
eu que troça fazia
pouco me cuidava
tomava café e saía
arre agora tinha
aquela tormenta
rivais pressentia
e como padecia tremia
ao vê-la em companhia
de outro menino rapaz
e quando comigo falava
talvez não desconfiasse
o mal que em mim fazia
arrancou-me inocência e paz
os velhos calções de elásticos
do jeito destratado e cômodo
e diante dela me achava
como a mim me esquecia
desdobrado em cortesias
aquela pequena e querida
não sabia as minhas dores
recalcar anônimos amores
sentiria meus embaraços (?...)
timidez umedecia os lábios
inconfesso o peito de amor
ou quem sabe talvez
ao ego ferido alento
dores ambos sofriam...
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PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS, 27/08/08
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