sexta-feira, 1 de agosto de 2008

SAMPA *


como vivente de seus sons
ruas, trânsito, neuras
cá estou e pouco me resta

do menino de cidades pacatas
aportando em suas entranhas
assustado com sua imensidão

aprendi que a solidão mais dura
é a suportada no meio da multidão
onde todos vivem juntos solitários

mas também confesso-me urbano
metropolitano essencialmente
bucólicas imagens só lembranças

tédio talvez pior que se sentir só
nas tardes modorrentas que vivi
todos caminhavam lentos atentos

e o tempo é mais crucial e fatal
ampulheta caindo grão a grão
a infâmia humana se ressalta

o passar pasmo de horas e dias
monotonia de vidas simplórias
terreno das insídias e boatos

onde todos se avizinham
mentes se amesquinham
e os assuntos são banais

prefiro seu ritmo insano
algaravia apelos ruídos
e anônimas identidades

dependente me assumo
viciado em sua vida babélica
frenesi de sua maluca rotina ...

Um comentário:

Blog do Ediloy disse...

PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS, 26/09/08