Nos anos 80 o contingente no setor bancário no País era de aproximadamente 700 mil funcionários, a renda inflacionário era apetitosa e os bancos mantinham atendentes em número suficientes para atender a demanda da população, notadamente os de linha de frente, os caixas.
Com a experiência do cruzado, na instantânea mágica de zerar a inflação, ainda que por pouco tempo, pôs a nu uma situação possível de acontecer, ou seja, de termos percentuais civilizados no horizonte, o que se constatou com o advento do plano real, isso já na segunda metade da década de noventa.
Esforços foram envidados para acelerar os mecanismos da automação bancária, visando conter custos, e o Brasil passou a ser pioneiro nesse setor sendo um dos mais modernos no uso da informática nas transações financeiras...
Aconteceu uma verdadeira revolução no setor, com reengenharias internas na área de recursos humanos, demissões crescentes, enxugamento na rede com fusões , incorporações de empresas e privatizações de bancos estaduais ( Banespa, Banerj, etc)
A velha imagem de uma agência bancária, com a fileira de caixas ( a fileira ainda existe, mas os funcionários, cadê ?) cedeu espaço para mesinhas de atendimentos específicos: abertura de contas, vendas de apólices de seguros, financiamentos, etc e vários caixas eletrônicos, aquelas máquinas que só faltam falar com o usuário, algumas até disponibilizam empréstimos on-line sem ingerências de nenhum gerente ou atendente. Precisou de um talão avulso, tem. Informações, reclamações, sugestões, pelo telefone vermelho ou azul, dependendo da Instituição.
A população foi vítima da supressão do atendimento em tempo considerado razoável, que seria das 9 horas às 18, ficando com o espremido espaço das 10 às 16 hs, passou disso: entenda-se com as máquinas ! Casas lotéricas, correios e super-mercados passaram a atender serviços que antes eram restritos ao sistema financeiro. Cambalacho para fraudar direitos de uma categoria profissional que ficou à deriva, os bancários, cada vez mais agenciadores de seguros e títulos de capitalizações, além de paus mandados na cobrança extorsiva de taxas nas contas correntes.
Quando houve a compressão da jornada, recordo de um editorial da Folha de São Paulo ter aludido algo à respeito, diga-se superficial, deixando de tocar em aspectos mais importantes do assunto, afinal os Bancos ainda são os grandes anunciantes de qualquer mídia.
O comércio, via de regra, inicia a sua jornada às 8 horas e finda após às 18, dependendo da atividade. Ou seja, se o seu negócio não for grande o suficiente para merecer um carro forte levando seus depósitos, vire-se como puder e confie nos envelopes nos caixas eletrônicos, da grana eventualmente auferida em seu caixa, após as 16 horas...
Para a população não houve remédio, adaptem-se, quem precisa pagar contas e não quer se utilizar dos serviços programados de débito, aguentem as filas, geralmente sem os caixas suficientes...
Em abril passado, na agência Rio Branco da Caixa Econômica Federal,nesta cidade de São Paulo, testemunhei o abuso em sua face mais odiosa. Uma Instituição Federal com apenas 1 caixa no atendimento, até ai poderia dizer que já estamos acostumados... Triste foi ver um senhor de 71 anos, pois trazia na mão enrugada o seu RG, morrer de um ataque fulminante do coração na espera de sacar o seu benefício. Após mais de 45 minutos de impotência diante àquela cena, surgiu o resgate e o levaram.
O tempo passou, a renda garantida da alta inflacionária cedeu lugar aos populdos rendimentos dos títulos da dívida interna do governo e das extorsivas tarifas praticadas em nossas indefesas contas bancárias, sangria do erário para o serviço da dívida, em detrimento à investimentos na malha rodoviária, portuária, ferroviária, habitacional, saneamento básico...
Criaram uma lei municipal, até providencial e simpática, que mandava os bancos colocarem senhas para o atendimento, sendo que a demora superior a 15 minutos sujeitaria a Instituição ao pagamento de indenização ao cliente....
Sabe o que aconteceu ? Cassaram a medida, por ser inconstitucional, alegando que o município não pode legislar sobre a matéria.... se não pode, por ser de alçada federal, por que nenhum ilustre parlamentar no congresso não a apresenta para aprovação ?
Ah, esqueci de dizer.... os Bancos são os maiores padrinhos das campanhas eleitorais.
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