MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
quinta-feira, 19 de junho de 2008
A VIDA NA FAZENDA *
Casa grande rodeada
alvas amplas sacadas
modorrentas rotinas
coqueirais pardais
ninhos ovos filhotes
currais e porteiras
arrastavam-se os dias
pachorras monotonias
animais aves quintais
picolés de groselhas
geladeira querosene
alegrias passageiras
via-se ao longe
lotada jardineira
povos migrantes
mofo na sala e cômodo sofá
pilhas no rádio e toca discos
fotos da familia nas paredes
o mundo parecia tão restrito
minutos demoravam no cuco
velho calendário pendurado
cavalos, cães e berrantes
tropéis poeiras estradas
bovinas manadas levadas
sol a pino final de jornada
sacas algodões amendoins
homens suados lida diária
restava o fim de semana
esperas de todos os dias
passeios na pequena vila
boi montaria imprevista
presunçoso roupa nova
queda estrume na cara
correrias banho rápido
da avó severos olhares
das primas gargalhadas...
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PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS, EM 23/09/08
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