sexta-feira, 4 de setembro de 2009

TEMPOS DE IRA


o falar silenciado e palavras controladas
análise das canções mensagens cifradas
entremeio das notícias e falas truncadas

texto escrito relido reflexivo contido
dos sussurros de prisões hediondas
vivia-se espremia-se desconfiava-se

salas de aulas nada além das matérias
nos incultiam maravilhas verde-amarelas
disciplinas mantra da subserviência

greve anomalia social passível de subversão
generais e vozes pastosas olivas uniformes
paradas militares dias cívicos e obrigatórios

assim seguia meu País sob baionetas e fuzis
gerações atrofiadas silenciadas bestializadas
nos bancos escolares o bê a bá das censuras

realidades fabricadas manietada a imprensa
artistas,operários,marias,josés,putas, todos
viviam sob o guante da força bruta instalada

pouco se falava menos se escrevia
ruas casas teatros bares e escolas
medo nos dominava e enceguecia

se alguém soube demais ousou dizer
ninguém mais sabia aonde ele estava
e tudo era medonho tristonho militar

livros duplas capas
ocultos e suspeitos
leituras e segredos

terríveis hipocrísias funestos tempos ira
a nação esvaía-se esbaldava falsa moral
orgias e saques (c)omissões consentidas

sejam sepultados tiranos de todas as épocas
no estrito cumprimento de suas atrocidades
negam justiça,alheios à paz aniquilam vidas...

Nesta semana da pátria, republico este poema, trazendo à lembrança gerações reprimidas, na neura da defesa da liberdade com a supressão da mesma, nas torpezas próprias de qualquer sistema totalitário...
As violentas ditaduras que assolaram a América do Sul, matando, violentando todos os direitos individuais, serviram para entregar estes países a interesses estrangeiros ( notadamente EUA), o propalado Milagre Econômico dos anos 70, ampliaram terrivelmente nosso endividamente externo e o pagamento dessa dívida foi pago aprofundando a nossa herança de desigualdades sociais abissais. Que não mais tenhamos a intolerância daqueles dias, a Democracia, com todas as suas imperfeições é infinitamente melhor que a Tirania...

15 comentários:

Blog do Ediloy disse...

PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS EM 11/07/2008

e

NOS SITES:

VERSO & PROSA
REESCREVENDO A HISTÓRIA
EM 04/09/2009

Anônimo disse...

Comentário de Sandro Pinto:

Graças a Deus esse tempo já passou. Mas é sempre imporante relembrá-lo como lição aprendida. Lindo poema! Republique à vontade.

Anônimo disse...

Adorei seu senso patriotico... Acho que não teria tanta capacidade para tal..Ficou lindo
beijos doces.

Soraia
Ciganita
soraiassantiago@hotmail.com

Anônimo disse...

Comentário de J. Aurélio Luz:

Caro Ediloy: eram de fato tempos hediondos aqueles que lá se foram! A semana de nossa Pátria é excelente ocasião para mantermos acesa a pira da História. Ainda temos largo trecho a percorrer rumo a um mundo mais equãnime e meritocrático; mas que as vidas e sonhos destroçados pelas tiranias nos sejam inspiração para que, com serenidade, perseveremos na busca pelo binõmio inseparável da liberdade e justiça. Abraço do j.a.

Anônimo disse...

Comentário de Eduardo Ramos:

Bravo, Ediloy. Concordo com nosso amigo, o J.A. - é tempo adequado, de lembrarmos daquele horror e lutarmos mais ainda, não só pela democracia, mas por um país mais justo, mais cidadão! Abraço!

Anônimo disse...

Poeta Ediloy, mas do que nunca seu título bem denominou aqueles tempos, as divergências políticas quando deixam de buscar um resultado comum, prevalecem num engajamento no seu extremo acabam por ser impulso para a violência e a estupidez.
Parabéns, meu Amigo!

Gilberto Brandão Marcon
gilbertomarcon@uol.com.br

Anônimo disse...

Tempos duros anos aqueles amigo, anos de chumbo que não me saem da memória. Teus versos rezam poeticamente a perversidades de uma época que marcou com sangue o "Lábaro" da nossa bandeira.

J.A.Botacini

Zezinho.
Jose Aparecido Botacini

ze-botacini@hotmail.com
05/09/2009

Anônimo disse...

Caro poeta, com suas duras e belas palavras, descreveu de maneira bem realista o tempo de horror e repressão que já enfrentamos em nosso país. Hoje , enfrentamos outros tipos de horrores, mas é sempre bom lembrar o mal que superamos, pra ter a certeza que ele não retorne.
Um grande abraço.

Aline Lima
ALINELIMACASTRO@HOTMAIL.COM
05/09/2009

Anônimo disse...

Olá Ediloy! A história se repete sempre, só muda o palco, o cenário e os atores, mas o enrredo continua o mesmo. Todo regime é bom, o que faz a diferença para bom ou mal é o povo e seus governantes. Uma casa onde há pão e vinho e que cultua o respeito, a honestidade e o trabalho é um celeiro de paz.

ubirajara
caravanapoeta@yahoo.com.br

Blog do Ediloy disse...

POEMA PUBLICADO NO BLOG DO ZANIN ( JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO, SEÇÃO COMENTÁRIOS) POR OCASIÃO DA DATA COMEMORATIVA DO FIM DO ATO INSTITUCIONAL-5 ( QUE DEFINITIVAMENTE ACIRROU O ESTADO DE EXCEÇÃO VERIFICADO NO GOLPE DE ESTADO LEVADO A EFEITO PELOS MILITARES EM 31/03/1964. ATRAVÉS DESSE ATO, CUSPINDO NA CONSTITUIÇÃO VIGENTE, TODAS AS GARANTIAS INDIVIDUAIS FORAM ABSURDAMENTE SUSPENSAS, DANDO AMPLOS PODERES AOS GOLPISTAS PARA, EM NOME DA ORDEM, PRATICAREM ASSASSINATOS CONTRA CIVIS, IMPRENSA, DIREITOS INDIVIDUAIS E ELETIVOS ( ELEIÇÕES SOMENTE A CARGOS PROPORCIONAIS LEGISLATIVOS. NÃO SE VOTAVA MAIS PARA GOVERNADORES DE ESTADO E MUNÍCIPIOS CONSIDERADOS DE SEGURANÇA NACIONAL. CRIAVA-SE A FIGURA DO INTERVENTOR NOMEADO PELA JUNTA MILITAR).

Anônimo disse...

Olá Ediloy,parabéns pelo conteúdo dessa poesia,realmente esse episódio triste precisa ser lembrado ,relembrado ,página triste de nossa historia,gostaria que lesse ,Jovem anarquista,uma poesia que escrevi ainda adolecente ,quando ouvia de meu pai os horrores causados pela ditadura ,grande abraço e mais uma vez parabéns!!

Rô de Paula
rodepaula67@uol.com.br

Anônimo disse...

Oi poeta! com certeza sentimos a ausência de patriotimo em nossos jovens,mais não podemos nos calar ,temos que contar para os filhos e para toda essa nova geração a grandeza daqueles jovens que perderam a vida ,por acreditar na liberdade ,por isso acho válido e necessário toda forma de expressão ,até mesmo a poesia,porque não? ,entre em minhas poesias e leia Jovem anarquista ,vc não está só em sua indignação,e tambem conhecendo seu trabalho como tenho buscado conhecer ,é de grande vália seu parecer sobre meu trabalho!!grata!meu respeito e minha consideração! abçs

rodepaula67 (rodepaula67@uol.com.br)

Anônimo disse...

Um jogo aritmético com
as palavras para mostrar
os caminhos da vida em
que as somas nem sempre
são BELAS porque é nelas que
aprendemos e crescemos.

Bjo,bjo
Gloria Salles
sallesgloria@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Boa tarde amigo!

Os intoleráveis senadores não estão nem ai para a podridão, com a cueca recheada, se fazem de vítima da oposição, compram os eleitores, e as leis aprovam a longo prazo com juros e correção, acusa o pobre de ladrão, e ainda posam com ares de decente cidadão...rs..
A nossa realidade é pura enganação.

Perfeito como sempre querido parabéns!

Bjos
Xama
xama_12@hotmail.com

Anônimo disse...

.... Ola Poeta,

Eis que contemplo com avidez teus versos transcritos neste poema. Sim, concordo quando fala das atrocidades, e hoje o que vivemos - a "plena" liberdade (fale, cante, escreva), sei que aqueles tempos foram de maldades.

Mas, em meu poema, quando falo que queria estar "lá", refiro -me a "busca" maior de nosso povo. Hoje nos calamos frente as desigualdades e a indeferença é fato. Não todos, existem almas boas que querem o bem, mas na atual realidade, a única coisa que vejo é um povo em desdém!

Então digo, gostaria sim de lutar - Lutar pela mudança, para trazer nova esperança!

Abraços amigo poeta!
Marcella Barbosa
marcella_bbs@yahoo.com.br