terça-feira, 15 de setembro de 2009

PARTO POÉTICO


navalha cortante na pele macia
resvala e fere, macula e geme,
são espinhos das nostalgias
saudades como urtigas
cultivo de jardins floridos

como podemos versejar
sobre tantos riscos
o de sofrer, por exemplo,
quando poderíamos tomar
um calmante ou um sorvete
ou mesmo uma bebida ardente ?

talvez gostemos de andar
no fio da navalha, fustigar
feridas, extuporar tumores,
amargar desventuras
para, enfim, trazer alguma luz
em palavras escritas

na introspecção que incendeia
as veias ardem pela pressão
do sangue que se agita
buscas expressas em imagens
toscas verdades

para, depois de concebida,
divulgada ou esquecida,
parecer como algo estranho
de alheia origem, deserdada,
quando notada nos é estranha
já foi parida, sofrida, bastarda

perdeu a emoção da construção
tijolo a tijolo, adquiriu contornos,
se delineou, ganhou liberdade,
interpretada livre em cada imaginação,
filha da vida, assumida maturidade
já não nos pertence mais...


12 comentários:

Blog do Ediloy disse...

PUBLICADO NOS SITES: VERSO & PROSA, RECANTO DAS LETRAS, 15/09/09

Anônimo disse...

Maravilhoso teu poema e muito profundo. Aquele abraço.

Enviado por Policarpo Nóbrega em 15/09/2009 11:35
para o texto: PARTO POÉTICO (T1811489)

Anônimo disse...

Comentário de Simão Pedrosa:

Muito lindo, Ediloy, escrever realmente é conceber, parir, colocar no mundo. A emoção de escrever não é a mesma de ler, por isso às vezes, quando leio meus escritos, tenho a sensação de que eu já li aquilo em algum lugar e não a emoção pura da criação. Você expressou isto magistralmente, parabéns.
Abraços.

Anônimo disse...

Comentário de Sandro Pinto:

Parabéns Ediloy. Bela descrição da forma que a poesia é gerada e vem à luz. É neste momento de de parto que ela tem maior significado para o poeta, pois vem junto com as reais emoções que a fecundaram, sejam elas boas ou ruins. O poeta muita das vezes sofre por ser parideiro. Mas, como alguns dizem: no pain, no gain. Concordo com o Simão quanto o seu sucesso em expressar como a poesia passa de filha à bastarda, de bastarda à estranha. Abraço. Sandro Pinto

Anônimo disse...

Comentário de DARCI BORGES:

Caro amigo, grande poeta Ediloy, realmente, as poesias são como filhos nossos, paridos às vezes naturalmente, de parto normal, outros através de dolorosos cortes de cesariana e até mesmo retirados violentamente, a fórceps! Das entranhas da alma, onde são concebidos, gerados, eles vão nascendo... Uns para se tornarem os doces e queridinhos filhos, outros para serem renegados como vis bastardos, cuja paternidade fazemos questão de esquecer. O mundo tratará de fazer o melhor julgamento, pois eles nascem mesmo é para o mundo...
Você foi muito feliz, um competentíssimo porta-voz do que sentimos todos nós poetas sobre a nossa criação! Que a sua alma esteja sempre grávida de poesia, que nos venha a mais numerosa prole possível!...

Blog do Ediloy disse...

publicado no Recanto das Letras, 18/09/09

Anônimo disse...

Meu nobre POETA!

Ler o que escreves, é um deleite para a alma, sempre versos inteligentes, colocados de forma sensível para as diversas realidades de nosso dia-a-dia, versejar é nosso lema, quer seja na alegria ou no pranto, mas sempre exteriorizando os sentimentos com coragem e emoção.

Meus parabéns e admiração!

Abraços poéticos em tua alma!

Elias Akhenaton
eliasakhenaton@hotmail.com
18/09/2009

Anônimo disse...

Querido Amigo, a dor do parto acaba por gerar objetivo maior, talvez tenhamos que aprender com as mulheres que embora vivenciem estas dores, ainda assim têm a satisfação de darem luz para outros filhos, mesmo tendo passado pela dor dos primeiros. Um texto intenso, com uma questão de primeira ordem, fiquei a pensar por aqui, e por isto lhe sou grato e congratulo-me com sua criação poética.

Gilberto Brandão Marcon
gilbertomarcon@uol.com.br
18/09/2009

Anônimo disse...

Como sempre querido poeta.... tu brilhas em tua poesia e tua luz ilumina sempre o meu coração. bravo... semeias a magia em tuas palavras.

deusaii
deusaii@hotmail.com
18/09/2009

Anônimo disse...

Caro poeta assim como na vida os pais parem seus filhos para o mundo o poeta faz nascer do seu intimo as poesias que são inspiradas e paridas para o mundo também.

Parabéns pelo belo e eloquente texto.

J.A.Botacini

Zezinho.
Jose Aparecido Botacini
ze-botacini@hotmail.com

Anônimo disse...

Olá Ediloy! Após parida construir a vida tijolo a tijolo é algo extraordinário, tem que ser sutil e não se perder do horizonte a alcançar.

Abraços!
ubirajara

caravanapoeta@yahoo.com.br
19/09/2009

Anônimo disse...

Caro poeta , a lira não se ausenta de sua poesia, sempre cuidadosamente versejada. Grande abraço.

Úrsula Avner
ursula@uai.com.br
20/09/2009