Diziam, quando menino, que carnaval era a festa dos tímidos...
Eu, particularmente, adorava as brincadeiras de salão, com máscaras de papel, bisnagas de água e confetes e serpentinas, tudo era tão ingênuo, como em cantigas de roda...
Com o passar dos anos, contudo, me apercebi de que a festa, exceto aquelas sob a minha ótica pueril, era mais extravagante e sensual, onde de cantigas de roda e brincadeiras pouco restava ( ou nunca houve)...
Espremido em salões cheios de foliões alcoolizados, em vestes sumárias e gestos insinuantes, as bisnagas d´`agua foram suprimidas e, comum, é a latinha de cerveja gelada (que eu adoro !) ser segurada em das mãos e, na outra, as mãos buliçosas nas ancas das apetitosas foliãs...
As marchinhas de carnaval acentuavam o lado ingênuo-infantil das brincadeiras: " atravessando o deserto do Saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara, alalaôoo, mas que calor ôoooo !!!
" o alecrim está chorando pelo amor da columbina no meio da multidão..." " Mamãe eu quero, mamãe eu quero... mamãe eu quero mamar, dá a chupeta, dá a chupeta pro nenen não chorar..."
"trocaram o coração da minha sogra, botaram o coração de um jacaré... sabem o que aconteceu? A velha se mandou e o jacaré morreu..."
Em minhas fantasias, achava que o mundo poderia ser assim: simples e uma grande brincadeira, onde os adultos se reuniriam para se transformarem ( ou mesmo libertarem, posto que já fomos) em crianças, onde danças coletivas, ao sabor de marchinhas carnavalescas unissem à todos em uma grande, gigantesca, união de alegrias e confraternizações...
Acho que a festa dos tímidos foi assim denominada porque cair na folia não requer habilidades de dançarino, basta soltar-se e acompanhar a multidão....
como diz Moraes Moreira: " atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu..."
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