
Na praça, onde sons se confundem, azáfamas da pressa paulistana, ritmo tresloucado do gigantesco formigueiro humano, lá se encontrava, matuto quase, naquele intricado mundo de muitos mundos justapostos, culturas múltiplas, costumes misturados e estranhos, profunda confusão na alma.
Pisava aquele solo como astronauta em visita a um planeta desconhecido, os arranhas céus, vistos do chão, pareciam alcançar as nuvens. Não se podia fixar em um ponto sem incomodar a outros e ser incomodado, como em um filme antigo de cinema mudo, as cenas corriam e tudo se mostrava em movimento contínuo. Absorto espectador daquela faina colorida e intensa, na algaravia de tantos ruídos, sobressai , terna e doce canção conhecida, cantilena enternecedora soando aos seus ouvidos... Enfim algo com o que se identificar em suas origens.
Como poderia, naquela agitação, alguém se ater naquela atividade, julgada própria apenas nos rincões do País ? Figura folclórica, ali, no centro de uma das maiores cidades do planeta, onde tudo parecia ser possível, mesmo a ternura evolada da canção de um realejo ...
Viu-se surpreendido pelo olhar convidativo do negociante, a oferecer-lhe uma consulta, enquanto tocava a música inebriante...
Em dúvida consigo mesmo, questionando-se de sua tola indecisão, pensou por segundos em anuir ao convite, mas reteve-se autocensurando, julgando-se ingênuo por deixar-se envolver por aquela maluquice, afastando-se, e se perguntando, o que traria a mensagem se a recebesse ?
Certo é que as pessoas consultadas, antes apreensivas e preocupadas, saíam risonhas e confortadas, por que então não ele a se consultar ?
Estrangeiro naquela terra estranha, um migrante em mundo novo e assustador, talvez tivessem respostas naquele pequeno papel para seu futuro, forças para superar suas angústias e receios.
Apertava seus passos, em íntimos conflitos, o homem cético e maduro contra o menino curioso e crédulo. Distanciava-se da praça envolto em penosos questionamentos...
18 comentários:
22/03/2011 18:27 - Capitão Anilto
Texto caprichado... Abraços.
Para o texto: O VENDEDOR DE ILUSÕES (T2864223)
(RECANTO DAS LETRAS)
23 de março de 2011 12:50
Comentário de Albérico Silva de Carvalho:
Poeta Ediloy texto muito bem elaborado.... Tempo e ilusão, estão harmonizados de forma brilhante.
Parabéns!
(VERSO & PROSA)
23 de março de 2011 12:53
Será que existe ainda essas maquinas ? É uma brincadeira, sonhadora. Gostei caro poeta. Meus aplausos.
Zé Gaiola
gaiolalmeida@terra.com.br
23/03/2011
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 20:19
Boa Noite Poeta!
Um belo conto contando a história de um dos muitos que vão para a cidade grande tentar a vida.
E querer saber o futuro é uma tentação que todos tem, pouco importando se verdade ou mentira, o importante é ser feliz por alguns momentos.
Lindo texto poeta!
Parabéns pela inspiração.
Bjos
Carol
Carol Carolina
carolinafagundes1@hotmail.com
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 22:15
Ha! Caro poeta quantas vezes me vi na mesma situação que narras neste conto que com certeza é muito mais real do que podemos imaginar. Por vezes, na grande metrópole deparei-me com tipos (exóticos), pessoas que exerciam todo o tipo de função. O seu conto nos mostra que em épocas passadas existia uma exorbitante diferença entre o homem do campo em relação ao homem da cidade. Parabéns por nos brindar com este maravilhoso texto.
J.A.Botacini.
Zezinho.
Jose Aparecido Botacini
ze-botacini@hotmail.com
23/03/2011
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 22:16
Oi, Ediloy, Bom Dia
Lembro-me bem do ano de 1975, quando "pisei" na capital paulista pela primeira vez. Tinha 14 anos e me vi nessa situação. São Paulo era outra cidade na década de 70 e fascinava o visitante oferecendo um mundo de possibilidades, pena que isso mudou, mas, como sempre, Vc consegue reavivar esses momentos... muito obrigado...
Grande Abraço...
Pedrinho Poeta
pedro.poesia@hotmail.com
24/03/2011
(SITE DE POESIAS)
24 de março de 2011 12:23
Comentário de José Antônio de Azevedo em 25 março 2011 às 21:06
Neste mar de tormentas inusitadas vivem os brasileiros. Vivem de enganos ou de teimosos.
Saúde, Paz e Tempo
(MURAL DOS ESCRITORES)
Comentário de Ana da Cruz em 24 março 2011 às 16:44
E quantos vendedores de ilusões temos pela frente, durante os nossos dia a dia? E o que são ilusões? E o que são realidades? Muitos são os que saem do interior em busca de um eldorado nos grandes centros, poucos os que o encontram... sem preparo, sem estudo...
(MURAL DOS ESCRITORES)
E aí, beleza?! Muitas algrias em 2012
Comentário Enviado Por: Arrhur Fonseca Em: 28/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Muito lindo o teu conto
Comentário Enviado Por: Mariela Cintra Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Mais um show de conto do amigo Ediloy.
Um 2012 de muito sucesso na sua vida de escritor e na pessoal. São meus desejos verdadeiros.
Comentário Enviado Por: Leila Jalul Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Há vendedores de ilusões porque há compradores. O vil mercado
Comentário Enviado Por: Martha Vilarinhos Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Uma 2012 cheio de supresas felizes
Comentário Enviado Por: Albertina Pacheco Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Gostei. Tenho afeição por fotógrafos lambe-lambe...
Comentário Enviado Por: Gina Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Ediloy, é um conto gostoso
Comentário Enviado Por: Mabel Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
O mundo vive de ilusões
Comentário Enviado Por: Ulisses Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Os vendedores de ilusões estão em cada esquina, em todos os recantos do mundo
Comentário Enviado Por: Jorge Andrade Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Oi Ediloy, feliz 2012. Um belo conto
Comentário Enviado Por: Juliana Cintra Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
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