quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VORAGENS


anseios palpitam corações
corpos ardentes,
buscas dementes em vãs procuras
angustiosos à cata de sensações

caminhantes nas tresloucadas idas,
tendo por cenário noites insones
palcos povoados de ébrios Seres
figuras ocultas no raiar dos dias

difusos raciocínios, egos desgovernados
ensandecidos nos gozos injustificados
emoções inexistentes no corpo de nenhum Ser
sentimentos indisponíveis,não comercializados

trânsfugas embevecidos pela matéria
embalagem de purpurinas e neons
fantasias que não revelam íntimos
sofridos, distantes, moribundos

rescendendo odores etílicos
brindados em lágrimas e sorrisos
mascarando crianças assustadas
no val da valsa dos desesperados

ao darem por si, retornando,
náufragos sedentos de um porto
alijados na ressaca da razão
emaranhados em seus labirintos...



3 comentários:

Anônimo disse...

"Voragens" me tocou profundamente, ainda mais depois d'eu assistir ao cult "Requiem por um Sonho", uma coisa complementou a outra, teu poema trouxe um cenário de bordel ou festa de carnaval, onde se entra pra curtir uma euforia e depois se sai mais triste ainda, talvez na companhia de um vírus qualquer ... com li num site de critica ao filme agora pouco: "Freud relata que a busca pelo prazer é um imperativo da vida e é potencializada pela sociedade de consumo, onde tudo é transformado em mercadoria." Parabéns pela amarga profundidade, também muito real, que retratas. Beijos

Elisa Maria Gasparini Torres
emgari@yahoo.com
20/11/2009

Anônimo disse...

Cara poeta conta a história que desde os tempos da colonização do mundo pelos romanos essas voracidades já eram comuns no meio social principalmente na aristocracia onde aconteciam as verdadeiras orgias amplamente difundidas e organizadas como forma de demonstrar o "poderio" que reinava na corte romana. Esta cultura do prazer pelo prazer esta impregnada nas entranhas das sociedades antigas e contemporâneas e você nos seu texto as descreveu com muita propriedade deixando claro que depois voracidade vem a solidão.

Parabéns pelo eloquente e incisivo texto.

J.A.Botacini

Zezinho.
Jose Aparecido Botacini
ze-botacini@hotmail.com
20/11/2009

Anônimo disse...

Caro Amigo versos de alma notívaga, aclimatados aos andares boêmios, numa interação dicotômica entre satisfação e evitação, como se o prazer desconectado dos sentimentos mais profundos fossem punidos pelas dores das emoções mais superficiais, todo verdadeiro poeta é um filosofo da emoção, nunca se basta, e de todos os vícios o mais intenso é a reflexão que tenta entender o que parece sem tradução. Versos profundos de quem andou por trilhas da intimidade do seu Ser. Dupla congratulações, pelo texto e pela coragem. Fraterno Abraço!

Gilberto Brandão Marcon
gilbertomarcon@uol.com.br
20/11/2009