MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
segunda-feira, 29 de junho de 2009
PALAVRAS EM SILÊNCIO *
desafios
em benevolências
lascas de orgulho
afungentado,
sumido ou
superado ?
pausas
reações inusitadas
calmas
brios sufocados
ou elevadas
turbulências à conta
de sublimadas ?
iras propositadas
malsinados atos
quieta parcimônia,
desapegos, afável,
compreensões...?
respostas mudas
olhares benévolos
uma certa tolerância
compaixão ao desafeto
não atinado comportamento
urgindo brigas, satisfações,
debalde em vãos as ofensas
silêncios em respostas
doendo, matando,
atormentando o suplício
descido aos abismos
da inferioridade,
desavenças, rinhas,
faca na garganta
disputas retiradas,
gentilezas insuportadas...
brando gesto
manifesta indulgência
vencedor nas atitudes
sem revoltosos revides
a alimentar tormentas
reavivar feridas
enlamear-se no charco...
...mais sábio, por vezes, é o silêncio, diz mais, acalma, recompõe, estanca a turbulência...
sexta-feira, 26 de junho de 2009
O VENDEDOR DE ILUSÕES *
na praça onde sons se confundem
balbúrdias correrias paulistanas
insano ritmo da megalópole pulsa
na algaravia de tantos ruídos
sobressaem-me aos ouvidos
doces cantilenas da sorte
pequeno periquito atende
com a música do realejo
retira no bico o bilhete
entrega para a consulente
o homem recebe da moça
e a moeda tilinta na caixa
ansiosa apreensiva
mensagem vaticina
futuras felicidades
grata ensaia um gesto
no afago na avezinha
encantada segue feliz
ao desempregado evasivas
os ensejos e melhores dias
sorri acalentando sonhos
para a senhora tristonha
da vida amarga solidão
alento novo esperanças
curioso comigo mesmo
questionei o que seria
se ousasse a consulta
percebi-me num átimo
censurado e pueril
desapontado, partia...
...sempre buscamos, nas curiosidades, algo saber sobre o possível sobre-natural, algo que possa nos revelar apenas o que a nós mesmos interessa saber, uma busca indefinida, um sonho, talvez...
terça-feira, 23 de junho de 2009
HAIKAIS*
HAIKAI - DOSES
BRINDE DE PRAZER
OUTROS, PARA REVIVER
DEMAIS, ESQUECER...
-----------------------------
HAIKAI - BUSCAS
TIVE O CORPO
A ALMA EM VÃO BUSQUEI
RESTOU SOLIDÃO
-----------------------------
HAIKAI - LEMBRANÇAS
DÚVIDAS TANTAS
ANGÚSTIAS DE AMAR
SAUDADES VÃS
-----------------------------
HAIKAI - QUESTIONAMENTOS
EM BUSCAS DE NÓS
DESENCONTROS E CISMAS
PERDIDOS E SÓS
-------------------------------
HAIKAI - O TEMPO
NA AMPULHETA
O TEMPO SE ESVAINDO
CAI AREIA FINA
-----------------------------
HAIKAI - SUICÍDIO CONTA-GOTAS
RANCOR, MÁGOAS
LÁGRIMAS E TRISTEZAS
AFOGAMENTO
* métrica sugerida: 3 linhas divididas em 5/7/5 sílabas cada;
BRINDE DE PRAZER
OUTROS, PARA REVIVER
DEMAIS, ESQUECER...
-----------------------------
HAIKAI - BUSCAS
TIVE O CORPO
A ALMA EM VÃO BUSQUEI
RESTOU SOLIDÃO
-----------------------------
HAIKAI - LEMBRANÇAS
DÚVIDAS TANTAS
ANGÚSTIAS DE AMAR
SAUDADES VÃS
-----------------------------
HAIKAI - QUESTIONAMENTOS
EM BUSCAS DE NÓS
DESENCONTROS E CISMAS
PERDIDOS E SÓS
-------------------------------
HAIKAI - O TEMPO
NA AMPULHETA
O TEMPO SE ESVAINDO
CAI AREIA FINA
-----------------------------
HAIKAI - SUICÍDIO CONTA-GOTAS
RANCOR, MÁGOAS
LÁGRIMAS E TRISTEZAS
AFOGAMENTO
* métrica sugerida: 3 linhas divididas em 5/7/5 sílabas cada;
domingo, 21 de junho de 2009
MATÉRIA PRIMA *
temos a nós como cobaias
de qualquer experimento
se acertarmos,sem vaias,
do contrário, sofrimento
massa a ser trabalhada
essência a ser moldada
com ela fazermos o certo
e, não raro, coisa errada
estigmas e cicatrizes
coleção de nossos percalços
momentos bons e infelizes
esperanças, sonhos encalços
cronômetros, relógios
invenções para pôr ordem
mensurar os imbróglios
bússolas no caos da desordem
inversões na matéria,
ímpetos na juventude
alquebrados na climatéria
calma serena na senetude
renitentes experimentados
protagonistas de suas vidas
nos desenganos machucados
ariscos Seres em suas sinas...
...a um só tempo somos a massa a ser moldada e o artíficie que a moldará...em nossas mãos nossas escolhas e caminhos...
sábado, 20 de junho de 2009
HUMORES LEVIANOS *
se o acordo exigido
tratos marcantes
não ficar definido
palavras não lavradas
em figuras mutantes
podem resultar em nada
uma cisma, hipótese inusitada,
cessa o sereno dos semblantes
doces e tranquilos de instantes
náus sem portos seguros
rodopios do acaso
levianos ou imaturos
flutuam inábeis
irreais no descaso
humores voláteis
promessas aos ventos,
em riscos imaginados,
final em contratempos...
...bailam inesperadas as reações desatinadas motivadas nos humores levianos, ora sóbrios e convincentes, alternando posições em instáveis e indômitos...
sexta-feira, 19 de junho de 2009
IMPRONUNCIADAS PALAVRAS *
podemos nos calar
nos fazendo entender
na ausência presente
no silêncio sentido
brados ecoando
no revide mudo
palavras nenhumas,
concisas, inteiras,
descrevem, desenham,
o que o insinuado
tem a dizer...
...o que se insinua pode ter a força maior que as articuladas palavras, posto que representam uma interpretação muda de quem presencia, temores maiores que pronúncias...
A CANÇÃO *
Evolava no ar
os acordes,
e em mim,
emoções...
Oníricos instantes,
devaneios, magias,
viajava, girava,
mente distante
naquela canção
carícias,
aragens finas,
beijo leve,
um sopro
música suave
doce ninava
feliz criança,
embalada em mim ...
...no som de uma canção, enlevos e viagens na mente, no acalentar de nossa criança íntima...
quarta-feira, 17 de junho de 2009
LEMBRANÇAS & TRISTEZAS *
momentos doces vividos
não se escreve, vive-se !
lembrados...são memórias.
lembranças
tem um gosto de ontem
saudoso e requentado
passado
emoções relembradas
carecendo reprises
a melancolia
transpira nos registros,
estes nem sempre tristes.
saudades
algo não ressurgido
acinzentando tristezas....
...cada emoção, momentos, nos remetendo a outras situações, num encadeamento nem sempre lógico mas sensível...
quarta-feira, 10 de junho de 2009
CIGARRAS & FORMIGAS *
no mavioso canto o encanto
cores nos detalhes entalhes
pulsa enleva entinta de luz
o trabalho rotineiro obreiro
maçante necessário e digno
rotinas monotonias sofridas
o ar respirado elevado
arte que colore estimula
lazer reconfortante e são
lida da vida vivida
colore-se em tons
o trabalho manual
assim o artista maneja
a cítara o instrumento
os sons que acalentam
o ator representa o ato
humorista alegra o fato
o poeta lapida palavras
o pintor maneja pincéis
na tela retrata paixões
o palhaço anima platéias
o operário ergue paredes
a costureira cose o tecido
o lavrador cultiva a terra
enlaçados arte e trabalho
na labuta constróe distrai
humanidade cresce caminha...
...as artes dulcificam os dias, os artistas, em todas as áreas, pintam de luz a vida de todos os Seres Humanos, onde as cigarras encantam os dias das formigas obreiras....
*Poesia selecionada para figurar na Antologia de poesias Plenitude, editora CBJE, Rio de Janeiro, edição Junho 2010.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
INCÓLUME *
reservando-se preocupado
precauções emperdenidas
brilho no cristal ofuscado
o terno abraço,
emoções recebidas,
cismas e embaraço
e os belos sorrisos
mágicas recolhidas
riscos de finais sofridos
a porta receptiva,
aberta, acolhida,
acena a despedida
mãos estendidas
amizades renegadas
solidão por companhia
e assim, precavido,
receios, cuidados,
amuado, retraído
malsãs intransigências,
medos exarcebados,
vigilada vida, prudências...
...de tantos receios, de medo de sofrer, de amar, de se dar, a vida pode passar desapercebida em tantas prudências, perdendo seu brilho e encanto...
IDENTIDADES *
nada explica
as dores d`alma
parecem íntimas,
mas, expressadas,
se identificam
com outros lamentos
e feitos torrentes
enchendo, chamando,
convocando os sofridos
vai-se disseminando
e na sua tristeza
torna-se menos só
a solidão dos tristes...
as dores d`alma
parecem íntimas,
mas, expressadas,
se identificam
com outros lamentos
e feitos torrentes
enchendo, chamando,
convocando os sofridos
vai-se disseminando
e na sua tristeza
torna-se menos só
a solidão dos tristes...
...poros abertos, sensíveis, identidades no sentir...
terça-feira, 2 de junho de 2009
H I P Ó T E S E S *
alheio a tantos delírios
imagens marcantes
tormentosos suspiros
apraz-me em suas contendas
volúpias infrenes
metáforas vibrantes e sedentas
tresloucadas paixões
detalhes em narrativas
ensandecidas descrições
relações maravilhadas
euforias esmiúçadas
vulcões incandescentes
chamas alimentadas
frenesis em combustão
brasas ardentes
ou meras fantasias
devaneios da ficção
desejos dormentes...
...há momentos vividos, curtidos, relembrados, mas, e também, há momentos desejados, irreais, acrescentados com a magia de olhos carentes, são sonhos dormentes, produtos da ficção, em todos os casos são H I P Ó T E S E S, de um observador suspeito...rs !
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