MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
sábado, 27 de setembro de 2008
CONTRASTES
O URUBU:
de seu cantar mavioso
na plumagem amarela
dengoso e acarinhado
O CANÁRIO:
aparência engana
cativo entre telas
restrito este viver
O URUBU :
tens a admiração de todos
a ração e a água servidas
que mais queres da vida ?
O CANÁRIO:
minha cantinela enfadonha
pranto lamento feito canto
lastimo a liberdade negada
O URUBU:
estranho quem tem vê
balanças de lá para cá
alegrias aparentas ter
O CANÁRIO:
amigo, querias ter livre ir e vir
não és desejado como adorno
como necessário te respeitam
O URUBU:
para enfeite não sirvo
livro-os dos entulhos
nisso deixam-me viver
O CANÁRIO:
a mim que dizem amar
alegro-os como bibelô
encanta o meu cantar
O URUBU :
como carniças
mau presságio
ave agourenta
O CANÁRIO :
mas podes voar
ires onde quiser
nada te detêm
O URUBU :
prender a mim
nem imaginam
a todos repugno
O CANÁRIO :
queres a minha ração
e a água fresca servida
não desejes esta prisão
O URUBU :
só e triste ave bela
voo sem fronteiras
a feiura me liberta...
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2 comentários:
PUBLICADO NO RECANTO DAS LETRAS, 27/09/08, NA CATEGORIA CONTO MINIMALISTA.
feliz é o urubu, que voa sem quase precisar bater asas... belo texto. abraços.
Enviado por marcelo da veiga em 27/09/2008 03:32
para o texto: CONTRASTES (T1198823)
olá poeta Ediloy, que beleza o seu tabalho, gostei!
Enviado por Roberto Pelegrino em 27/09/2008 00:59
para o texto: CONTRASTES (T1198823)
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