Surpreso naquela realidade inusitada, no centro da cidade, transeunte interiorano recém chegado à capital, imerso na balbúrdia cotidiana de uma megalópole. Ele, oriundo de pequenos lugares, a cidadela natal e a de criação, via-se, aturdido, abismado, no corre corre daquele cotidiano insano e fantástico, aterrador e apaixonante. Estava pasmo naquele universo novo, tão diferente do que jamais vira.
Na praça, onde sons se confundem, azáfamas da pressa paulistana, ritmo tresloucado do gigantesco formigueiro humano, lá se encontrava, matuto quase, naquele intricado mundo de muitos mundos justapostos, culturas múltiplas, costumes misturados e estranhos, profunda confusão na alma.
Pisava aquele solo como astronauta em visita a um planeta desconhecido, os arranhas céus, vistos do chão, pareciam alcançar as nuvens. Não se podia fixar em um ponto sem incomodar a outros e ser incomodado, como em um filme antigo de cinema mudo, as cenas corriam e tudo se mostrava em movimento contínuo. Absorto espectador daquela faina colorida e intensa, na algaravia de tantos ruídos, sobressai , terna e doce canção conhecida, cantilena enternecedora soando aos seus ouvidos... Enfim algo com o que se identificar em suas origens.
Como poderia, naquela agitação, alguém se ater naquela atividade, julgada própria apenas nos rincões do País ? Figura folclórica, ali, no centro de uma das maiores cidades do planeta, onde tudo parecia ser possível, mesmo a ternura evolada da canção de um realejo ...
Viu-se surpreendido pelo olhar convidativo do negociante, a oferecer-lhe uma consulta, enquanto tocava a música inebriante...
Em dúvida consigo mesmo, questionando-se de sua tola indecisão, pensou por segundos em anuir ao convite, mas reteve-se autocensurando, julgando-se ingênuo por deixar-se envolver por aquela maluquice, afastando-se, e se perguntando, o que traria a mensagem se a recebesse ?
Certo é que as pessoas consultadas, antes apreensivas e preocupadas, saíam risonhas e confortadas, por que então não ele a se consultar ?
Estrangeiro naquela terra estranha, um migrante em mundo novo e assustador, talvez tivessem respostas naquele pequeno papel para seu futuro, forças para superar suas angústias e receios.
Apertava seus passos, em íntimos conflitos, o homem cético e maduro contra o menino curioso e crédulo. Distanciava-se da praça envolto em penosos questionamentos...
18 comentários:
22/03/2011 18:27 - Capitão Anilto
Texto caprichado... Abraços.
Para o texto: O VENDEDOR DE ILUSÕES (T2864223)
(RECANTO DAS LETRAS)
23 de março de 2011 12:50
Comentário de Albérico Silva de Carvalho:
Poeta Ediloy texto muito bem elaborado.... Tempo e ilusão, estão harmonizados de forma brilhante.
Parabéns!
(VERSO & PROSA)
23 de março de 2011 12:53
Será que existe ainda essas maquinas ? É uma brincadeira, sonhadora. Gostei caro poeta. Meus aplausos.
Zé Gaiola
gaiolalmeida@terra.com.br
23/03/2011
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 20:19
Boa Noite Poeta!
Um belo conto contando a história de um dos muitos que vão para a cidade grande tentar a vida.
E querer saber o futuro é uma tentação que todos tem, pouco importando se verdade ou mentira, o importante é ser feliz por alguns momentos.
Lindo texto poeta!
Parabéns pela inspiração.
Bjos
Carol
Carol Carolina
carolinafagundes1@hotmail.com
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 22:15
Ha! Caro poeta quantas vezes me vi na mesma situação que narras neste conto que com certeza é muito mais real do que podemos imaginar. Por vezes, na grande metrópole deparei-me com tipos (exóticos), pessoas que exerciam todo o tipo de função. O seu conto nos mostra que em épocas passadas existia uma exorbitante diferença entre o homem do campo em relação ao homem da cidade. Parabéns por nos brindar com este maravilhoso texto.
J.A.Botacini.
Zezinho.
Jose Aparecido Botacini
ze-botacini@hotmail.com
23/03/2011
(SITE DE POESIAS)
23 de março de 2011 22:16
Oi, Ediloy, Bom Dia
Lembro-me bem do ano de 1975, quando "pisei" na capital paulista pela primeira vez. Tinha 14 anos e me vi nessa situação. São Paulo era outra cidade na década de 70 e fascinava o visitante oferecendo um mundo de possibilidades, pena que isso mudou, mas, como sempre, Vc consegue reavivar esses momentos... muito obrigado...
Grande Abraço...
Pedrinho Poeta
pedro.poesia@hotmail.com
24/03/2011
(SITE DE POESIAS)
24 de março de 2011 12:23
Comentário de José Antônio de Azevedo em 25 março 2011 às 21:06
Neste mar de tormentas inusitadas vivem os brasileiros. Vivem de enganos ou de teimosos.
Saúde, Paz e Tempo
(MURAL DOS ESCRITORES)
Comentário de Ana da Cruz em 24 março 2011 às 16:44
E quantos vendedores de ilusões temos pela frente, durante os nossos dia a dia? E o que são ilusões? E o que são realidades? Muitos são os que saem do interior em busca de um eldorado nos grandes centros, poucos os que o encontram... sem preparo, sem estudo...
(MURAL DOS ESCRITORES)
E aí, beleza?! Muitas algrias em 2012
Comentário Enviado Por: Arrhur Fonseca Em: 28/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Muito lindo o teu conto
Comentário Enviado Por: Mariela Cintra Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Mais um show de conto do amigo Ediloy.
Um 2012 de muito sucesso na sua vida de escritor e na pessoal. São meus desejos verdadeiros.
Comentário Enviado Por: Leila Jalul Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Há vendedores de ilusões porque há compradores. O vil mercado
Comentário Enviado Por: Martha Vilarinhos Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Uma 2012 cheio de supresas felizes
Comentário Enviado Por: Albertina Pacheco Em: 27/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Gostei. Tenho afeição por fotógrafos lambe-lambe...
Comentário Enviado Por: Gina Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Ediloy, é um conto gostoso
Comentário Enviado Por: Mabel Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
O mundo vive de ilusões
Comentário Enviado Por: Ulisses Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Os vendedores de ilusões estão em cada esquina, em todos os recantos do mundo
Comentário Enviado Por: Jorge Andrade Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
Oi Ediloy, feliz 2012. Um belo conto
Comentário Enviado Por: Juliana Cintra Em: 26/12/2011
(BLOG DO LIMA COELHO)
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