Meu 72º conto publicado em livro em NOSSOS CASOS, NOSSOS CAUSOS, antologia de contos, editora CBJE - Rio de Janeiro-RJ, lançamento em 20 de setembro de 2015
Alegria ambulante
Parecia que o céu descia à terra, abençoando a todos seus filhos injuriados e desconsolados, assim era quando na pequena cidade anunciavam a chegada do circo. Pequeno vilarejo, onde o tempo tinha preguiça, o sol queimava a pele e os dias se arrastavam sempre iguais.
O anúncio da novidade enchia os corações, a molecada se agitava, todos corriam para ver as instalações, a lona remendada sendo erguida em terreno baldio e ermo, parecendo a solenidade de levantar a bandeira nacional, as acomodações do pessoal da trupe em tendas de pano, lembrando comboio cigano, de certa forma eram errantes, como nômades, hoje aqui, amanhã acolá.
Assim, durante as preparações, aquele público impaciente acompanhava cada movimento dos trabalhadores circenses, não os enxergando como artistas mas trabalhadores, carpinteiros e eletricistas, sem as indumentárias de shows, carregando coisas, limpando a área, testando os equipamentos.de som e de luzes. O mundo encantado dos pequenos acompanhantes se descortinava aos olhos de todos, do chão batido e limpo das ervas e matos, aprontava-se o picadeiro, de tábuas empilhadas montavam-se as arquibancadas, A cortina de estampa colorida divisava o palco da retaguarda, local onde os artistas ensaiavam suas participações, o mágico preparava suas proezas, os equilibristas em trajes de roupas luminescentes, a bailarina dava os últimos retoques, o sonoplasta seguia os movimentos acompanhando com o fundo musical. Todo um conjunto de uma equipe coesa para dar ao espetáculo as cores necessárias, angariando aplausos e assovios, fabricando sonhos e encantos.
A calmaria da cidadela revolucionava-se, ganhava brilho. A azáfama dos habitantes alterava-se com o carro de som estridente anunciando as peripécias daquela noite, imperdível, sensacional, inacreditável espetáculo, atraindo a atenção até dos mais indiferentes. Sem nenhuma modéstia vendiam seu peixe, anunciando “o maior espetáculo de todos os tempos,” com a condescendência do público, mais interessado na diversão que na veracidade da propaganda, enganosa, com certeza. Malabaristas adquiriam nomes esdrúxulos, estrangeiros, para valorizarem a apresentação, como se fossem astros internacionais. Seguiam um grupo de palhaços com cornetas em algazarras, jogando confetes, cumprimentando os passantes.
O anúncio da novidade enchia os corações, a molecada se agitava, todos corriam para ver as instalações, a lona remendada sendo erguida em terreno baldio e ermo, parecendo a solenidade de levantar a bandeira nacional, as acomodações do pessoal da trupe em tendas de pano, lembrando comboio cigano, de certa forma eram errantes, como nômades, hoje aqui, amanhã acolá.
Assim, durante as preparações, aquele público impaciente acompanhava cada movimento dos trabalhadores circenses, não os enxergando como artistas mas trabalhadores, carpinteiros e eletricistas, sem as indumentárias de shows, carregando coisas, limpando a área, testando os equipamentos.de som e de luzes. O mundo encantado dos pequenos acompanhantes se descortinava aos olhos de todos, do chão batido e limpo das ervas e matos, aprontava-se o picadeiro, de tábuas empilhadas montavam-se as arquibancadas, A cortina de estampa colorida divisava o palco da retaguarda, local onde os artistas ensaiavam suas participações, o mágico preparava suas proezas, os equilibristas em trajes de roupas luminescentes, a bailarina dava os últimos retoques, o sonoplasta seguia os movimentos acompanhando com o fundo musical. Todo um conjunto de uma equipe coesa para dar ao espetáculo as cores necessárias, angariando aplausos e assovios, fabricando sonhos e encantos.
A calmaria da cidadela revolucionava-se, ganhava brilho. A azáfama dos habitantes alterava-se com o carro de som estridente anunciando as peripécias daquela noite, imperdível, sensacional, inacreditável espetáculo, atraindo a atenção até dos mais indiferentes. Sem nenhuma modéstia vendiam seu peixe, anunciando “o maior espetáculo de todos os tempos,” com a condescendência do público, mais interessado na diversão que na veracidade da propaganda, enganosa, com certeza. Malabaristas adquiriam nomes esdrúxulos, estrangeiros, para valorizarem a apresentação, como se fossem astros internacionais. Seguiam um grupo de palhaços com cornetas em algazarras, jogando confetes, cumprimentando os passantes.
Passadas algumas sessões, perdendo o inédito das apresentações, o público, aos poucos, refluía. Com o passar da euforia, o novo fica chato e velho. Chegava a hora de descer a lona, arrumar os trastes nas carrocerias dos caminhões, buscar novo público. Os alaridos do início apenas na assistência apática dos meninos vendo desmontar seus sonhos e magias. Uma consternação percebida nos semblantes entristecidos.
Em casa, desestimulados, voltavam as intolerâncias e desobediências, a cobrança pelas lições não realizadas, os horários não cumpridos, tudo retornava a ser como antes. Nos corredores da escola, gritos e xingos, nos recreios desentendimentos e repreensões na diretoria. Novamente as notas de reprimendas nos cadernos estudantis, a trégua de paz ruía. Uma subentendida rebeldia se instalava, como a reivindicarem mais ânimos para aquelas incipientes vidas.
Com a despedida do Circo, tudo voltava ao normal, e o tédio visitava os juvenis corações, sedentos de emoções e novidades, até a próxima atração...
Publicado no BLOG DO LIMA COELHO - Contos, Crônicas, Poesias e Artigos Literários - São Luiz/MA, ( + de 7 milhões de acessos na internet), ilustrações de MEL ALECRIM, poetisa e contista.