* Poema selecionado para figurar na 90° Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores, CBJE, Rio de Janeiro/RJ, abril de 2012.
MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
domingo, 29 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
OUTONO / INVERNO
vai-se aos poucos
saudades
do calor nos dias
poucas vestes
trajes soltos
prenunciadas ancas
femininos charmes
decotes e pernas
agora ocultas nas roupas
sisudas, temerosas do frio,
gelo que nos faz tímidos
ensimesmados e calados
além da melancolia
a hibernação pesada
de volta a nostalgia...
(07/04/2010)
sexta-feira, 20 de abril de 2012
RECORRÊNCIAS
Imagens buscadas
Desiderato de temas
Palavras rebuscadas
Em velhos dilemas
Desiderato de temas
Palavras rebuscadas
Em velhos dilemas
Repetitivas batidas
Diversas sintonias
Emoções perseguidas
Em ecos, algaravias
Turbilhão de impressões
Em códigos, entonações,
Cantilenas, monotonias
Insossas sensaborias
Luz às trevas, imprecações,
Recitando as mesmas canções...
quarta-feira, 18 de abril de 2012
REDEMOINHO

Bateu asas assustada
Alçou voo a ilusão
Um sopro, um nada
No ar uma canção
Força de vendaval
Indômita, inopinada
Despedida inusitada
Imprevista, acidental
Sem bagagens, tudo levou
Tristeza, surpresa, restou
Na ausência, dor letal
Viva, intensa, na lembrança
Revivida na esperança
Ave que voou, e não voltou...
*Selecionada para a publicação em livro na antologia BRASILIDADES N° 4, homenageando o poeta MÁRIO QUINTANA, editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores, CBJE, Rio de Janeiro/RJ, Maio de 2012.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
A volta

Nos passos dados, já distantes no tempo, ora retomados, vagando alheio, percorrendo devagar, perscrutando reminiscências. Era o retorno a uma terra amada, agora estranha, de pessoas diferentes, para quem era um estrangeiro a vagar em pegadas e olhares abismados.
Os olhos percorreram a paisagem, parecendo afoito a buscar vestígios, reconhecendo o território. A expressão do rosto denotava seus sentimentos, sim, nada mais reconhecia... Até a si próprio percebia-se distinto daqueles moradores, nenhum rosto familiar, ninguém para perguntar de alguém, nenhuma referência a ser lembrada como pista...
Foram quatro décadas passadas, um mergulho no tempo, no passado, tentando recriar um cenário já diluído, consumido, alterado pela modernidade ditada pelas necessidades da agora média cidade, não mais tão pequena como já o fora...
Ausentes entes contemporâneos, correrias e folguedos na infância evolada nas espirais rememoradas em tempos idos, lembranças pessoais esvaídas, marcas apagadas, esmaecidas, nada mais lembrando o que foi um dia...
Sofrida sensação de se sentir um visitante naquilo que lhe pertenceu, cenários de seu passado, nas mais ternas das recordações, parecendo ainda ouvir o som do alto-falante anunciando eventos, noticiando óbitos, comercializando produtos e tocando músicas que ainda vibravam vivas, intensas, nos ouvidos. Sons que, ouvidos ocasionalmente, traziam vivas as emoções da infância e pré adolescência naquela terra vividas.

A luz dos postes de madeira, clarões foscos, amarelados, no início de sua chegada, fornecia energia elétrica até as vinte e três horas, através de um gerador, depois apenas a bruxuleante iluminação das lamparinas de querosene ou lampiões a gaz , as ruas eram iluminadas pelas noites de lua em um céu em que reverberavam constelações de estrelas...
Nítidas as imagens da comemoração da estréia da luz elétrica, com seus postes de cimento, o cortejo de carros barulhentos, com suas buzinas acionadas, comemorando o advento da modernidade que surgia...
No passado, uma avenida principal, demarcada nas extremidades pela igreja católica, então de madeira, a cruz enorme, o átrio e o coreto, a missa da primeira comunhão, os flertes inocentes durante os sermões do padre, cabelo escovinha, alemão austero...
As procissões dos fiéis em filas indianas, com velas à mão, em cânticos saudando os Santos, levados pelos párocos sobre os ombros em altares suspensos, quem não participava, acompanhava das calçadas, mobilizando todo o povo.
No outro extremo da extensa via de duas pistas, a escola estadual.
Além do educandário público, adentrando nas quebradas do matagal, conhecido como Picadão, por ser uma verdadeira clareira cercada pela mata, ocultava um conjunto de casas de madeira, onde hospedavam as mulheres que recepcionavam os casados em suas escapulidas extraconjugais, e os solteiros. Aos meninos restavam as curiosidades de saber o que se escondia naquele conjunto habitacional tão procurado e comentado.
Celeiro de escândalos, as "moças" adentravam a cidadela em charretes cobertas, despertando comentários e chamando a atenção dos transeuntes. Mulheres vestidas com roupas ousadas e vistosas nas padronagens dos tecidos, além das maquiagens fortes e acentuadas.
Moradoras exóticas ao ambiente, com meios de locomoção próprios, tocados por cavalos. Volta e meia, os noticiários febricitantes das línguas do vulgo davam contas de que fulano ou sicrano foi recebido a pauladas por suas dignas esposas, após inconfessáveis aventuras. Engraçado era vê-los, contritos, se penitenciando nas missas domingueiras das façanhas mundanas da semana... Nada que passasse despercebidos pelas antenas falantes das eméritas filhas de Maria...
Por vezes, amargava a sensação de também ele ser uma personagem irreal em busca de uma realidade inexistente, plasmado no seu ´íntimo, um outro mundo, diverso do que via naquele retorno...
Voltava a uma terra estranha que julgava ter conhecido, página virada de sua vida pessoal, onde vivera parte de seus principais anos, mas não mais se reconhecia, estava deslocado, desalojado de suas origens.
Sentia-se como alguém sem história, sem raízes, um viajante jovem que dali partiu um dia para uma cidade imensa, cosmopolita, onde, com os anos, foi perdendo suas características interioranas, seu jeito peculiar de falar, eventuais expressões idiomáticas ou sotaques, pulverizados na miscelânea aculturada da megalópole, mãe hospedeira de milhões de filhos, de diversos estados do País, num emaranhado de culturas diversas...
Por certo, os registros da escola pública atestavam sua existência passada por lá, apenas papéis não desmentindo ser ex-habitante, confirmando suas reminiscências e lucidez...
Quanto ao mais, até a rua que tanto lhe pertencia em suas aventuras e afetos, restava um número, a ele se figurava como um estranho...
Selecionado para figurar na Antologia Contos de Outuno, editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro/RJ, edição abril de 2011-
domingo, 15 de abril de 2012
CRONOLOGIA DO TEMPO
ontem era presente
agora já é distante
folhinha descartada
nesta hora momento
em breve será virado
e o hoje será passado
a notícia tem vida curta
tempo exato do anúncio
mas logo depois mutável
fato ocorrido comprovado
longevidade finita duração
em nova versão renovada
nova, oposta ou remendada
atualizada acrescida alterada
matéria velha vencida mudada
antes que sejamos páginas viradas
lembranças amareladas esquecidas
vivamos no hoje o amanhã sonhado...
(13/08/2008)
folhinha descartada
nesta hora momento
em breve será virado
e o hoje será passado
a notícia tem vida curta
tempo exato do anúncio
mas logo depois mutável
fato ocorrido comprovado
longevidade finita duração
em nova versão renovada
nova, oposta ou remendada
atualizada acrescida alterada
matéria velha vencida mudada
antes que sejamos páginas viradas
lembranças amareladas esquecidas
vivamos no hoje o amanhã sonhado...
(13/08/2008)
segunda-feira, 9 de abril de 2012
C A R R O S S E L
Jogando com as palavras
Dadas asas à imaginação
Sons em imagens cifradas
Compondo sonhos e ilusão
Sol em noite estrelada
Lua banhando o dia
Partida e chegada
Sorrisos e simpatia
Dois mais dois dando cinco
Gargalhadas no circo
Vida vivida, ciranda rotina
Coração de papel crepom
Sorvete, como é bom !
Saudosa matinê vespertina...
Dadas asas à imaginação
Sons em imagens cifradas
Compondo sonhos e ilusão
Sol em noite estrelada
Lua banhando o dia
Partida e chegada
Sorrisos e simpatia
Dois mais dois dando cinco
Gargalhadas no circo
Vida vivida, ciranda rotina
Coração de papel crepom
Sorvete, como é bom !
Saudosa matinê vespertina...
sexta-feira, 6 de abril de 2012
VIVENDO...
V I V E N D O...
Cativo das fantasias
Quimeras cultivadas
Nas dores anestesias
Feridas cicatrizadasBarco solto na imensidão
Menino colhendo sonhos
Nos Jardins da imaginação
Vencendo dias tristonhos
No balanço das águas
Distribuindo sorrisos
Afastando as mágoas
Saudades, coisas passadas
A vida, momentos vividos,
Ao ontem, lembranças levadas...
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