poemas são flores
nos jardins da escrita
cultuadas palavras
em bençãos a outros
despreendidos
humildes
nada cobram,
são lágrimas, por vezes.
participam emoções
de um autor desencantado
esmerando em seu pranto
por um apreciável canto
são atos marcados,
na necessidade de falar
exteriorizar sentimentos
em murmúrios, sozinho...
MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
sábado, 29 de janeiro de 2011
CANTO SOLITÁRIO
sem louvor às amenidades
nem enaltecer em versos
o que de si já é belo
para tal, há tantos,
mais sensíveis, talentosos,
talvez mais puros e credos
lira que canta os monturos
não altaneia estrelas
visita brejos, chora a dor
são musas desprezadas
no intento tresloucado
de levar luz à escuridão
é canto monocórdio
sem aplausos e ecos
adereços e flores
são gritos mudos
surdos aos mundos
blasfêmias na solidão...
nem enaltecer em versos
o que de si já é belo
para tal, há tantos,
mais sensíveis, talentosos,
talvez mais puros e credos
lira que canta os monturos
não altaneia estrelas
visita brejos, chora a dor
são musas desprezadas
no intento tresloucado
de levar luz à escuridão
é canto monocórdio
sem aplausos e ecos
adereços e flores
são gritos mudos
surdos aos mundos
blasfêmias na solidão...
C A T A R S E
no palco, a verdade,
a representação real
da vida fingida
amarga, disfarçada
do dia a dia
sob refletores
encarnando outros
sente-se absolvido
da falta de motivos
da própria existência
nos ecos dos aplausos
a vitalidade efêmera
de um Ser abatido
sem encontrar-se consigo
em nada vendo sentido
expressando conflitos alheios
expurga seu próprio azedume
curtindo o fel de outros entes
no choro das personagens
lágrimas de suas próprias dores...
a representação real
da vida fingida
amarga, disfarçada
do dia a dia
sob refletores
encarnando outros
sente-se absolvido
da falta de motivos
da própria existência
nos ecos dos aplausos
a vitalidade efêmera
de um Ser abatido
sem encontrar-se consigo
em nada vendo sentido
expressando conflitos alheios
expurga seu próprio azedume
curtindo o fel de outros entes
no choro das personagens
lágrimas de suas próprias dores...
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
NA SUPERFÍCIE DE SI MESMO
quis a essência, mergulhou,
e emergiu na superfície
não gostou do que viu
melhor enfeitar a paisagem
do que a busca no insólito
nos precipícios de si mesmo
aterrado por ter se encontrado
repudiou a si próprio sem máscaras
teve medo, pudor, receios, horror
refeito, voltou às fantasias,
embriagou-se nas palavras frívolas
e desenhou seu arco-íris de ilusões...
e emergiu na superfície
não gostou do que viu
melhor enfeitar a paisagem
do que a busca no insólito
nos precipícios de si mesmo
aterrado por ter se encontrado
repudiou a si próprio sem máscaras
teve medo, pudor, receios, horror
refeito, voltou às fantasias,
embriagou-se nas palavras frívolas
e desenhou seu arco-íris de ilusões...
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
DESAFIOS ÍNTIMOS
buscou suas defesas
precaviu-se de traições
mediu palavras nos convívios
evitou embaraços
tomou precauções
furtou-se aos excessos
tentou ser cordial
aceitável, amistoso,
educado, bom moço
para depois perceber
os óbices não são externos,
mas arraigados no íntimo
nada tinha a provar a ninguém
além de vencer a si mesmo,
entender-se, e crescer como gente...
precaviu-se de traições
mediu palavras nos convívios
evitou embaraços
tomou precauções
furtou-se aos excessos
tentou ser cordial
aceitável, amistoso,
educado, bom moço
para depois perceber
os óbices não são externos,
mas arraigados no íntimo
nada tinha a provar a ninguém
além de vencer a si mesmo,
entender-se, e crescer como gente...
domingo, 23 de janeiro de 2011
PROMESSAS NO TEMPO
depois...
tempo vago, promessa,
intenção
sem poder asseverar
de cá estarmos, dúvida,
vontade
se tudo der certo,
condicionante,
de nada der errado
então tudo bem,
condicionalmente acertados,
no amanhã, sem talvez...
tempo vago, promessa,
intenção
sem poder asseverar
de cá estarmos, dúvida,
vontade
se tudo der certo,
condicionante,
de nada der errado
então tudo bem,
condicionalmente acertados,
no amanhã, sem talvez...
HUMORES II
dos semelhantes,
convivo com os tolos
divertidos e otimistas
os intelectuais dão azia
fazem me ver minhas tolices
e esmurram meu estômago
não os encontro nas esquinas
os leio a contragosto
me reviram do avesso
dão sempre a sensação
de que nada sei
estão certos, incomodam
os ingênuos me falam amenidades
do tempo, das mulheres, de futebol
contam piadas manjadas
dos pensadores e analistas,
aos meros mortais, festejos e crenças,
sigo iludido, rindo e vivendo...
convivo com os tolos
divertidos e otimistas
os intelectuais dão azia
fazem me ver minhas tolices
e esmurram meu estômago
não os encontro nas esquinas
os leio a contragosto
me reviram do avesso
dão sempre a sensação
de que nada sei
estão certos, incomodam
os ingênuos me falam amenidades
do tempo, das mulheres, de futebol
contam piadas manjadas
dos pensadores e analistas,
aos meros mortais, festejos e crenças,
sigo iludido, rindo e vivendo...
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
AUSÊNCIA DE SENTIR
vaga sensação nula,
ou deveras sentida
visitante intrusa
atrevida, abortiva,
inoportuna repulsa
tisnando argumentos
malogrando enlevos
estéreis momentos
sem azo a enredos
reflexões, devaneios,
sem ritmos e segredos
debalde a busca
da lira ausente
frustrando ofusca
no vazio, nada a dizer,
sufoca, maltrata, instiga,
encuca neste sofrer
pior do vácuo no sentir,
na ausência imaginada,
é nada ter para refletir...
Selecionada para figurar na 75° Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, editora CBJE, Rio de Janeiro/RJ, edição abril/2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
PROCURANDO ESTRELAS

bom seria, abrindo as gavetas,
buscando abrigo
sumindo do mesmo de cada dia
em inúmeras fantasias
pegando a luneta vendo estrelas
ofuscadas nas nuvens carregadas
ameaçadoras no fel das melancolias
ah, como seria,
enxergar em múltiplos olhos
o que fenece os estritos limites
desse meu olhar simplório
e, antenado além, muito,
ver a vida em outras luzes e sons,
bebericando prazeres, dosados,
aos poucos, no requinte saboroso,
nos detalhes e deleites que a vida
generosa oferece, e meu pranto,
de tolo, não consegue alcançar...
*escolhida para figurar na Antologia Poetas Brasileiros Contemporâneos, editora CBJE, Rio de Janeiro/RJ, edição junho/2011
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
GRITOS NO VÁCUO
ilusões
saciando anseios
de ser ouvido
além das paredes
circundantes
limítrofes de sentidos
gritos espalhados
múltiplas direções
alcançando alhures
almas afins
em seus delírios
coral distante
uníssonas vozes
no deserto
cantando em silêncio...
saciando anseios
de ser ouvido
além das paredes
circundantes
limítrofes de sentidos
gritos espalhados
múltiplas direções
alcançando alhures
almas afins
em seus delírios
coral distante
uníssonas vozes
no deserto
cantando em silêncio...
VIAGÉNS
avestruzes, por vezes,
a cabeça no buraco
fugindo do perigo
a alma rebela,
à volta nada revela,
de prazeroso ou belo
no universo onírico
compensações em cores
para o tédio dos dias
não parte física do corpo,
a mente em transporte,
vencendo barreiras, levitando
além do tacanho, das hipocrisias,
mesmices da sensaboria,
nave em espaços infindos, sorrindo...
a cabeça no buraco
fugindo do perigo
a alma rebela,
à volta nada revela,
de prazeroso ou belo
no universo onírico
compensações em cores
para o tédio dos dias
não parte física do corpo,
a mente em transporte,
vencendo barreiras, levitando
além do tacanho, das hipocrisias,
mesmices da sensaboria,
nave em espaços infindos, sorrindo...
domingo, 9 de janeiro de 2011
SENSAÇÕES DA CHUVA
a água sôfrega,copiosa,
ao encontro com o solo
beijo molhado no início
depois intrusa, esbanjada.
na descida das nuvens escuras,
tetas inchadas desenhadas no céu,
acompanhada das trombetas
raios rasgam a paisagem enegrecida
(onde andará o astro rei ?)
tantas coisas trazidas neste frescor
imagens de agora, com outras,
pintando a tela do momento com os onténs
misturas de sensações varando horizontes
bem mais que chuva intensa
inundando as ruas molhando gentes
transportes para o além,
respingos em lágrimas sentidas...
ao encontro com o solo
beijo molhado no início
depois intrusa, esbanjada.
na descida das nuvens escuras,
tetas inchadas desenhadas no céu,
acompanhada das trombetas
raios rasgam a paisagem enegrecida
(onde andará o astro rei ?)
tantas coisas trazidas neste frescor
imagens de agora, com outras,
pintando a tela do momento com os onténs
misturas de sensações varando horizontes
bem mais que chuva intensa
inundando as ruas molhando gentes
transportes para o além,
respingos em lágrimas sentidas...
sábado, 8 de janeiro de 2011
DESABAFO
erupções emotivas
à flor da pele, hostis,
emergem dejetos,
mágoas, desatinos
revolvendo das entranhas
lavas incandescentes
sulfurosas, cancerígenas,
pústulas abertas, libertas
dores desafogadas,
expostas, amenizadas,
panacéia dos males,
tensões aliviadas...
à flor da pele, hostis,
emergem dejetos,
mágoas, desatinos
revolvendo das entranhas
lavas incandescentes
sulfurosas, cancerígenas,
pústulas abertas, libertas
dores desafogadas,
expostas, amenizadas,
panacéia dos males,
tensões aliviadas...
VÉUS DE ALEGORIAS
julguei possível
retirar as cores
ilusões dos dias
encarar a realidade,
sem adereços, requintes,
despida das alegorias
ornamentos frívolos
purpurinas e neons
nua a verdade crua
arrepia, amendronta,
apavora suas feridas,
volto às máscaras
cara pintada, roupa larga,
palhaço ocultando as lágrimas,
sorrindo a todos, chorando no íntimo...
retirar as cores
ilusões dos dias
encarar a realidade,
sem adereços, requintes,
despida das alegorias
ornamentos frívolos
purpurinas e neons
nua a verdade crua
arrepia, amendronta,
apavora suas feridas,
volto às máscaras
cara pintada, roupa larga,
palhaço ocultando as lágrimas,
sorrindo a todos, chorando no íntimo...
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
O MAIS DO MESMO
iludido, poderia pensar:
as letras amenizam a vida
a floresça apesar dos dissabores
mas, nem sempre ou nunca é,
apenas gritos mudos no infinito
coisas remoídas, indigestas
assim não se produzem ilusões
douram os amargos dos dias
pondo contextos ao absurdo
os doidivanas ensandecidos
aferram-se como lunáticos
nós em pingos d´água
subvertendo a situação
monótona e ordinária
ritmos ao inflexível
buscas incompreensíveis
sem causas ou sentidos
para se continuar igual...
as letras amenizam a vida
a floresça apesar dos dissabores
mas, nem sempre ou nunca é,
apenas gritos mudos no infinito
coisas remoídas, indigestas
assim não se produzem ilusões
douram os amargos dos dias
pondo contextos ao absurdo
os doidivanas ensandecidos
aferram-se como lunáticos
nós em pingos d´água
subvertendo a situação
monótona e ordinária
ritmos ao inflexível
buscas incompreensíveis
sem causas ou sentidos
para se continuar igual...
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
DESCRIÇÃO DE UMA GRAVURA
codifico o que veem os olhos
na leitura única de meu universo
sensações, emoções, tão minhas
conferindo à figura visada
nuances imperceptíveis a outros
povoadas apenas no meu íntimo
assim as tonalidades visíveis
assumem derivadas cores
em devaneios próprios
talvez seja o mistério
de iguais diferentes
no padrão dos costumes
o belo pode estar no feio
a felicidade no triste
e na tela alva o arco íris...~
* poema publicado na Antologia Versos/Reversos, no 1° prêmio do site Mar de Letras, editora Sapere, setembro/2011
na leitura única de meu universo
sensações, emoções, tão minhas
conferindo à figura visada
nuances imperceptíveis a outros
povoadas apenas no meu íntimo
assim as tonalidades visíveis
assumem derivadas cores
em devaneios próprios
talvez seja o mistério
de iguais diferentes
no padrão dos costumes
o belo pode estar no feio
a felicidade no triste
e na tela alva o arco íris...~
* poema publicado na Antologia Versos/Reversos, no 1° prêmio do site Mar de Letras, editora Sapere, setembro/2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
MANHÃS CINZAS
manhã despida
do calor e luzes
do sol, é cinza
molhada em lágrimas
asfaltos, vielas de terra,
chora desamparada
dama abandonada
sem atavios e magias
sofre e lastima nas águas
nem nuvens
azul celeste
ou poente promissor
é única,deserta,
arrasta-se nos ponteiros
agoniza o findar das horas
necrológico de um dia
sem serventia, apetite,
inundado em mágoas...
do calor e luzes
do sol, é cinza
molhada em lágrimas
asfaltos, vielas de terra,
chora desamparada
dama abandonada
sem atavios e magias
sofre e lastima nas águas
nem nuvens
azul celeste
ou poente promissor
é única,deserta,
arrasta-se nos ponteiros
agoniza o findar das horas
necrológico de um dia
sem serventia, apetite,
inundado em mágoas...
domingo, 2 de janeiro de 2011
DUELO ÍNTIMO
momentos há
ancorada na razão
algemas aprisionando
as asas da emoção
retendo em raciocínios
os anseios do sentir
aprisionando o barco
de rumar mares infindos
de vagar, deixar de ser,
de ter sentido,
surfando nas ondas
à deriva do destino
vigilante, acessa,opressa,
esquadrinhando argumentos
retendo a linha da pipa
de soltar-se nos ventos
vencendo pelo medo
enredos fantasiosos
tênues à insanidade
trazendo, ciosa, a realidade...
ancorada na razão
algemas aprisionando
as asas da emoção
retendo em raciocínios
os anseios do sentir
aprisionando o barco
de rumar mares infindos
de vagar, deixar de ser,
de ter sentido,
surfando nas ondas
à deriva do destino
vigilante, acessa,opressa,
esquadrinhando argumentos
retendo a linha da pipa
de soltar-se nos ventos
vencendo pelo medo
enredos fantasiosos
tênues à insanidade
trazendo, ciosa, a realidade...
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