halos das inspirações
suores, respiração
atos corriqueiros
assim, o jardineiro
na poda das flores,
a costureira a coser
o pedreiro e sua parede
a visão do arquiteto
a decoração aprumada
a criança e seu brinquedo
arrebóis no horizonte
o poeta e suas letras
a vida escola,
sofrida, curtida,
desafios e encantos...
MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
terça-feira, 30 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
ILUSÓRIAS VITÓRIAS
ouçamos os lamentos
de todas as civilizações
no enrodilhar das trajetórias
pedras sobre pedras
castelos desmoronados
fraticidas lutas pelo poder
efêmero como os ventos
mutantes em cada estação
poeiras dos tempos
títulos e honrarias
esqueletos e cinzas
estandartes em sangue
marcha penosa, medalhas,
renitentes penitentes
fátuos brilhos, pseudo vitórias...
de todas as civilizações
no enrodilhar das trajetórias
pedras sobre pedras
castelos desmoronados
fraticidas lutas pelo poder
efêmero como os ventos
mutantes em cada estação
poeiras dos tempos
títulos e honrarias
esqueletos e cinzas
estandartes em sangue
marcha penosa, medalhas,
renitentes penitentes
fátuos brilhos, pseudo vitórias...
APELO PAGÃO

do filho descrente,
um apelo, um sinal.
de suas vibrações de paz
no olhar abnegado
eflúvios amenizantes
ao fogo intenso
no íntimo penar
em que se bate
rogai, ó querida,
por este renitente,
a sofrer,
ingrato,
infiel,
que a ignora...
*Selecionada para figurar na antologia VERSOS PARA MARIA, editora CBJE, Rio de Janeiro/RJ, julho/2011
ANJO OU DEMÔNIO
quem, do centro do tablado,
tênue iluminado,
deserto de alegorias, surreal;
faz-nos alçar em inusitados estados
pássaros desacostumados de voar
coniventes,acomodados, aparlermados
franzina figura de evocação divina,
voz afinada e gestos intensos,
fazendo do pobre cenário, imenso;
desafios inquietantes inoportunos,
da poltrona à ousadia de pensar
provocando choros, gemidos, suores;
que Ser é este, magnânimo
ou satânico, em vestes divinais,
ressuscitando os mortos
das idéias fossilizadas
verdades consolidadas
para o sonho além, libertário ?...
tênue iluminado,
deserto de alegorias, surreal;
faz-nos alçar em inusitados estados
pássaros desacostumados de voar
coniventes,acomodados, aparlermados
franzina figura de evocação divina,
voz afinada e gestos intensos,
fazendo do pobre cenário, imenso;
desafios inquietantes inoportunos,
da poltrona à ousadia de pensar
provocando choros, gemidos, suores;
que Ser é este, magnânimo
ou satânico, em vestes divinais,
ressuscitando os mortos
das idéias fossilizadas
verdades consolidadas
para o sonho além, libertário ?...
IMORTALIDADE
voltaremos em contextos,
vindo inusitados,
ocasionais, despropositados
figurantes em momentos,
numa conversa fiada,
num repente, acaso,
eis-nos, novamente em cena,
furtivos instantes,
revividos em lembranças
de contemporâneos retardatários
estaremos ressuscitados
como personagens passados...
vindo inusitados,
ocasionais, despropositados
figurantes em momentos,
numa conversa fiada,
num repente, acaso,
eis-nos, novamente em cena,
furtivos instantes,
revividos em lembranças
de contemporâneos retardatários
estaremos ressuscitados
como personagens passados...
DOR & AMOR
rastros na caminhada
louvores em mel
feridas em fel
passos certos
incertos rumos
rotas imprecisas
pegadas lembradas
mágoas esquecidas
dores relevadas
vida vivida
curtida
sofrida
lições na dor
aprendizados
ensinos de amor...
louvores em mel
feridas em fel
passos certos
incertos rumos
rotas imprecisas
pegadas lembradas
mágoas esquecidas
dores relevadas
vida vivida
curtida
sofrida
lições na dor
aprendizados
ensinos de amor...
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
ESTRANHO CONHECIDO ( CONTO)
A decisão de ali estar foi conflitante, luta íntima, inglória, um reclamo mudo, angustiante, de socorro, sem ,contudo, saber o que o esperava. Foram noites insones, avaliações da vida, sentimentos martirizados em reflexões. Um verdadeiro balanço de seus atos, um reencontro consigo mesmo, um reatar amargo com um passado que julgava superado.
Nos idos tempos, rompera com a placidez insossa de seus dias, renegando a apatia de seu cotidiano, dera uma guinada, um recomeço de rota, viagem sem espaços ao que deixava, em busca de um destino ignorado em novos caminhos. Atrás de si relembrava uma história mal vivida, angustiante, e deu asas a si próprio e ousou caminhar em novas estradas...
Mas, ali estava frente àquela casa que um dia habitou, a qual abandonou sem maiores despedidas, em uma incógnita retirada. Cansara-se de si mesmo naquelas rotinas, os papéis que a vida se lhe apresentara, uma casa para cuidar, mulher e crianças.Sentiu-se asfixiado naquele panorama, como se estivesse morto embora respirasse, refletisse, necessitava de ar puro, outros ares, novas tentativas de seguir andando, naquela situação, definitivamente, não se encontrava. Fora vencido pelo tédio do ir e vir ao modorrento trabalho e voltar para o lar em dias sucessivos e intermináveis. Lida insuportável, maçante. Rompera com isso há anos, evadira-se como um libertino, irresponsável, desatara por si mesmo os laços que o prendiam àquelas penosas obrigações, sem relevar seus compromissos assumidos com o enredo de outras vidas, esposa e filhos.
O que poderiam ter pensado de seus desatinos ? Enlouquecera, talvez, mas aonde andaria, teriam- no procurado ? Nunca soube, partira sem deixar vestígios, bilhetes, telefonemas, nada, assim fizera com a repartição em que trabalhava, simplesmente tomara outro rumo, em busca da ignota e sedutora liberdade. Na verdade procurou apagar seus próprios rastros, não se dando a pensamentos e preocupações que julgava inúteis.
Vagara por outros mundos, assumira outras funções, apenas o nome, por impossível de se mudar, continuou o mesmo.
Andara a esmo, curtindo cada aventura, sabores e dissabores de sua escolha. Mas voltava ao ponto de partida, uma bagagem apenas, uma roupa surrada, as cãs dos cabelos revelando tempos áridos e distantes, face sulcada, vitalidades pretéritas já no ocaso da existência. Um pigarrear incômodo, baços olhos a vislumbrar fronteiriço o lar , teto esquecido.
Lembrar-se-iam dele ? O casal de filhos já estavam adultos, seria a esposa ainda viva? Pensamentos a distraírem-no ante aquela casa, poucos metros o distanciavam até a porta da entrada, temores de tocar a campainha, talvez fosse melhor retornar sob os próprios passos, assumir a sua opção de ser só e independente... Fora-se ainda jovem, resoluto, por que retornar, velho, alquebrado, ao ponto inicial?
Quem levantar-se-ia para advogar suas razões existenciais, rarefeitas de responsabilidades ? Apresentava-se com uma mala, poucas roupas, uma personagem trânsfugas, não o herói que foi à luta e retorna da guerra glorioso de seus feitos, mas o pássaro que alçou alturas, desdenhou o ninho e agora implora calor,abrigo, aconchego.
Chegar até ali havia sido um avanço, ir até a porta, todavia, parecia impossível, as pernas fincadas como cimento no solo, não conseguia se mover , já não tinha as mesmas certezas de outrora, onde, resoluto, debandara. Tinha ciência de sua posição egoísta. Tivera sobre si os cuidados de uma família e não o incomodou o fardo transferido aos ombros únicos da companheira que esposara.
Sentia-se retraído, os próprios pensamentos o martelavam, a consciência o acusava de sua fuga, de sua leviana opção, talvez não resistisse às inevitáveis acusações, legítimas, guardadas em mágoas pelos entes abandonados à própria sorte, sem sequer saberem de seu paradeiro errante. Como devem ter sentido a falta de um pai à mesa, em seus momentos de inseguranças, próprios da infância e da adolescência, onde a figura paterna é um arrimo, um consolo, conjecturava amargo e culpado.
E o que dizer das necessidades experimentadas pela companheira, de repente sozinha a responder pelos deveres e compromissos de uma casa ? E aonde andava ele nesses tempos ? Voando ao léu, sem porto certo, à deriva de si mesmo. Um frio suor porejava nas têmporas, aquilo era demais para ser enfrentado, não se sentia capaz desse encontro íntimo com sua história .Mas permanecia imóvel, atado feito estátua naquele ponto fixo, frente à antiga morada, como em um tribunal sendo julgado por si mesmo.
Absorto em suas reflexões, estatelado onde estava, viu a porta abrir-se, um casal de meia idade, sorridentes, saírem abraçados, em atitudes de companheirismo e amor. Duas belas crianças despediam-se dos velhos, possivelmente os netos, em gracejos e folguedos.
Ao passarem por ele, os olhos dela, curiosos, cruzaram-se com os dele, fitaram-se; sentiu que fora reconhecido, mas ela permaneceu muda, como se questionando de onde o conhecia...instantes breves, ou longos demais, um aceno de despedidas ou a constatação de uma verdade, o casal afastou-se, tendo ela, voltando-se, num átimo, para fitá-lo mais uma vez...
Acabrunhado, encurvado sobre si mesmo, fazia o caminho de volta, rumo ao desconhecido, na esteira da aventura que o seduzira.
Retirava-se aliviado por evitar o confronto com os seus. Melhor a morte inevitável como desconhecido a expor-se diante às vítimas de suas escolhas, na caridade inoportuna e imerecida, a ser reivindicada apenas pelos laços de sangue, distantes do afeto não semeado.
Naquele ninho, outrora abandonado, existia outro pássaro ocupando o lugar negligenciado, e, por certo, assumira seus deveres e colhia o reconhecimento de seus entes familiares.
Quanto a ele, apenas uma sombra, um detalhe do passado...
*Selecionado para figurar na Antologia de Contos Criadores & Criaturas, edit. CBJE, Rio de Janeiro/RJ, edição Janeiro/2011.
VIDAS ENCENADAS
singulares átimos
encantados momentos
frenéticas pulsações
um corpo em outro
simbiose catártica
enaltecem as jugulares
umedecem as pupilas
deblaterando no palco
gestos dramáticos
congestos, incendidos
figura encarnada
vivendo a personagem
semeando emoções, reflexões,
colhendo aplausos...
encantados momentos
frenéticas pulsações
um corpo em outro
simbiose catártica
enaltecem as jugulares
umedecem as pupilas
deblaterando no palco
gestos dramáticos
congestos, incendidos
figura encarnada
vivendo a personagem
semeando emoções, reflexões,
colhendo aplausos...
domingo, 21 de novembro de 2010
VESPERTINAS ROTINAS
entre as rotinas
manhãs apressadas
e a hora vespertina
exaurida calorenta
ou cinza pálida
na ausência do sol
modorras da digestão
demarcando horários
meio dia já finalizado
nas tardes intensas
pulsações frenéticas
do período derradeiro
abelhas irriquietas
humanas colméias
tarefas consumidas
prelúdio da noite
movimentos
ida da vinda...
manhãs apressadas
e a hora vespertina
exaurida calorenta
ou cinza pálida
na ausência do sol
modorras da digestão
demarcando horários
meio dia já finalizado
nas tardes intensas
pulsações frenéticas
do período derradeiro
abelhas irriquietas
humanas colméias
tarefas consumidas
prelúdio da noite
movimentos
ida da vinda...
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
IMÓVEIS VIAGENS
decodificando códigos
verbais sentidos
aleatórios, imaginosos
pedra a pedra
letra a letra
castelos de sonhos
descrevendo o real
no irreal das coisas
alegorias, fantasias
às avessas da ótica
enfoques inusitados
estátuas e símbolos
plasmando a tela
cultivando sensações
apreendendo emoções
presente distante
andarilho sem estradas
astronauta em terra firme...
verbais sentidos
aleatórios, imaginosos
pedra a pedra
letra a letra
castelos de sonhos
descrevendo o real
no irreal das coisas
alegorias, fantasias
às avessas da ótica
enfoques inusitados
estátuas e símbolos
plasmando a tela
cultivando sensações
apreendendo emoções
presente distante
andarilho sem estradas
astronauta em terra firme...
sábado, 13 de novembro de 2010
CRIADORES DE ILUSÕES
notas evoladas do instrumento
soprando as canções no tempo
emoções, sentimentosna pedra bruta
garimpando detalhes
figuras esculpidas
tons em pinceladas
melodias expressas
em telas oníricas
colhendo flores
nos jardins da alma
compondo versos
saudando a vida
realçando belezas
eternizando a existência...
*Selecionada para figurar na 73° Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, edição Janeiro/2011
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
SUTIL VISITA
nasce sorrateira, sem causa,
franzir de testa involuntário,
um gesto vago, solitário
umedece os olhos
arrepia a pele
em torvelinhos a mente
e de repente, inusitada,
me faz distante, calado,
concatenando sentidos
retratando emoções
sem retê-las nas nuances
desafio a decifrar em versos
como brisas efêmeras
chuviscos de primavera
momentos em desfile
inconstante, imprevista,
vai em rodopios, bailando,
instigante musa passageira...
franzir de testa involuntário,
um gesto vago, solitário
umedece os olhos
arrepia a pele
em torvelinhos a mente
e de repente, inusitada,
me faz distante, calado,
concatenando sentidos
retratando emoções
sem retê-las nas nuances
desafio a decifrar em versos
como brisas efêmeras
chuviscos de primavera
momentos em desfile
inconstante, imprevista,
vai em rodopios, bailando,
instigante musa passageira...
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
MUNDOS PARALELOS
aves de arribação
migrando em voos
em outras estações
buscando alimentos
do frio ou do calor
voando em bandos
humanos seres
mesmas calçadas
diversas direções
sobrevoando espaços
universos diversos
juntos e distintos
mesma rota
díspares caminhos
paralelos destinos...
migrando em voos
em outras estações
buscando alimentos
do frio ou do calor
voando em bandos
humanos seres
mesmas calçadas
diversas direções
sobrevoando espaços
universos diversos
juntos e distintos
mesma rota
díspares caminhos
paralelos destinos...
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
E T E R N I D A D E
sem cenários específicos
estradas, pontes,
mesa, papéis, horizontes
nada há de especial
apenas os devaneios
retratados em gestos
diante a tela
pincéis e tintas
um homem delira
na pedra bruta
rasga, lapida,
cria uma figura
nos instrumentos
debruçado, viaja
arranja sons, se deleita
na folha alva
em respingos
alça voos, imagina
tudo fica
na essência
buscas da permanência
na breve
fugidia
existência...
POESIA SELECIONADA PARA FIGURAR NA 62° ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS, DA CÂMARA BRASILEIRA DE NOVOS ESCRITORES, EDIT. CBJE.
* POESIA ESCOLHIDA PARA FIGURAR NA ANTOLOGIA AS MELHORES POESIAS DE 2010, EDIT CBJE.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
IGUAIS NAS DIFERENÇAS
nuances apreendidas
paisagens, imagens
decodificadas emoções
externas manifestações
libertos sentimentos
particulares ecos
esponja aberta
derme exposta
registros na mente
distintas sensações
em mesmos motivos
idiossincrasias próprias
difere os seres
iguais semelhantes
no íntimo de cada um...
paisagens, imagens
decodificadas emoções
externas manifestações
libertos sentimentos
particulares ecos
esponja aberta
derme exposta
registros na mente
distintas sensações
em mesmos motivos
idiossincrasias próprias
difere os seres
iguais semelhantes
no íntimo de cada um...
Assinar:
Postagens (Atom)