MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
SUPERLATIVOS
olhos curiosos
veem miudezas
alargam a visão
de coisas corriqueiras
rotineiras sem realces
despercebidas no geral
mas insistem
em vê-las
enaltecidas surreais
relâmpagos
trovoadas
nasce um texto
comparações
metáforas
brilhos de neons
e o simples
vira mágica
inspiração
superlativos do nada
retinas perspicazes
olhares vadios...
terça-feira, 24 de novembro de 2009
ENCONTROS CASUAIS
vezes há que transcendemos
aos burburinhos momentâneos
nos distanciamos
da peleja do dia a dia
pedras do caminho
dores físicas e morais
deixamos para trás
cicatrizes abertas
dúvidas e incertezas
fala-nos o íntimo
oculto sempre
das máscaras das Conveniências
e, na essência, momentos únicos,
nos achamos Entes especiais
regaço de ternuras e de paz
além do medíocre do cotidiano
das representações sociais
padronizada da identidade
ah, raros instantes,
imersões na alma
retempera e revigora !
depauperados ânimos
desbotados sorrisos
limites saturados
e nos revitalizamos
nesses encontros casuais
entre o Ser e o aparente Ser ...
sábado, 21 de novembro de 2009
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
brotadas águas
do íntimo, mágoas
levadas em enxurradas,
superadas, esquecidas,
ou guardadas n 'alma
passageiras,
amenas ou intensas,
incontidas escorrem
molhando as faces
emoções e tristezas
velhas fotos do álbum
folheadas reavivadas
instantes mágicos
congelados no tempo,
na retina das lembranças
levando a mente
ao pretérito dos Sonhos
ofuscadas imagens
desmemorizadas
acalentadas amiúde
chagas cicatrizadas
no verniz do passado
sentimentos represados
extravasados em momentos ...
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
AS PARTES & O TODO


não sou único em mim
sou antes partes
únicas de todo um
apenas uma identidade
somadas as partes
símbolo do todo
sou um todo de somas
dissociadas e diversas
difusas e aglutinadas
somatórias vivências
vitrais colecionados
sentimentos essências
sou o todo de um ser
fracionado em partes
amalgadas juntadas
risos e dores
dissabores deleites
prazeres desencantos
erros e acertos
divino e pagão
cristão e ateu
partes de um todo
me totalizam
verdades que busco
das partes um todo
todo em partes ...
... Não somos únicos, mas um conjunto de partes, a montar um todo, como num mosaico, coisas diversas a totalizar uma identidade ...
* Selecionada NA ANTOLOGIA Poetas Brasileiros Contemporâneos, OUTUBRO/2009 EDIÇÃO N ° 59 - EDITORA CBJE - Câmara Brasileira de Jovens Escritores http://www.camarabrasileira.com, E NA COLETÂNEA DA MESMA EDITORA DENTRE AS MELHORES POESIAS Publicadas EM 2009, LANÇAMENTO dez/09
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
F A S E S
luzes
vagalumes
acendem
iluminam
becos
ruas
avenidas
clareiam
incendeiam
neons
permutam
o sol na despedida
lusco-fusco
arrebóis
vermelhão
esvanecentes
vestígios
remanescem
no horizonte
umbralina Cortina
fenece a luz do dia
impera a noite
suas algaravias
e movimentos,
deslumbres
e nostalgias
albores da madrugada
despertando
incensante
cíclicas
rotinas
a vida ...
VORAGENS
anseios palpitam corações
corpos ardentes,
buscas dementes em vãs procuras
angustiosos à cata de sensações
caminhantes nas tresloucadas idas,
tendo por cenário noites insones
palcos povoados de ébrios Seres
figuras ocultas no raiar dos dias
difusos raciocínios, egos desgovernados
ensandecidos nos gozos injustificados
emoções inexistentes no corpo de nenhum Ser
sentimentos indisponíveis,não comercializados
trânsfugas embevecidos pela matéria
embalagem de purpurinas e neons
fantasias que não revelam íntimos
sofridos, distantes, moribundos
rescendendo odores etílicos
brindados em lágrimas e sorrisos
mascarando crianças assustadas
no val da valsa dos desesperados
ao darem por si, retornando,
náufragos sedentos de um porto
alijados na ressaca da razão
emaranhados em seus labirintos...
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
DORES & SABORES
dores únicas
pessoais
não há
bate em todas portas
enxameia em corações
inunda em lágrimas
emoções desbragadas
choros aprendizados
bagagens da caminhada
depois da tormenta
mágoas superadas
apaziguadas
todos temos
nossas dores
nossos sabores
de ninguém é exclusiva
partes didáticas
na escola-jornada...
terça-feira, 17 de novembro de 2009
A PUTA & A MENINA
objeto de prazer
vaso de anseios
fetiche sexual
fêmea
sedução
lascívia
bailando
nas noites
requintes
prenda desejada
palco ilusão solidão,
de tantos boêmios
farto corpo
seios alvos
sensações
estrela absoluta
nas luzes de neon
dos meretrícios
disputada,
cobiçada,
de todos saciados
a puta,
a devassa,
a mais cara
intimo universo,
bicho de pelúcia,
triste menina de ninguém ...
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
TRANSFERÊNCIA
no ar os vestígios
passos pressentidos
a presença imaterial
nas paredes nuas
sombras de quadros
nódoas esmaecidas
janelas abrem-se
inundam os cantos
invadindo de luz
vozes alheias
comentam
opinam
as cores novas
a mobília
posição das coisas
aos poucos
despede o velho
rescende o novo
lembranças esvaídas
histórias de vidas
novos moradores
sinais nos rebocos
nova tinta
apagando marcas...
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
SEXO & BUSCAS
transcende o ato
olfatos e tatos
Seres se buscam
se acariciam
se desejam...
inflexões e posições
são amantes no cio
buscando emoções
anseios e prazeres
unidos, se completam
desnudos de pudores
entregues à faina
de produzirem frenesis
alucinações e deleites
se curtem nos sentidos
da matéria
enlevados na busca
da essência
se entregam e reivindicam
na paz desses momentos
o encontro consigo mesmos
nos braços um do outro...
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
MENTE DOIDIVANAS
inquieta mente
oscila sísmica
entre extremos
fareja poeiras
avista miudezas
silencia e brada
não fora a inconstância
seria previsível, insossa,
nau de porto certo
mas se inquieta
renega vitupera
a acomodação
é dança permanente
rodopia frenética
almeja e não se satisfaz
com o definitivo
certo indiscutível
rosna qual cadela
cansa e revigora
não é natureza morta
mas bússola oscilante
pulsa vívida
contraria etiquetas
em eternas buscas...
domingo, 8 de novembro de 2009
NÁUFRAGOS
náufragos à deriva,
mar chamado vida
bailados insanos
nos reveses das marés
na pródiga mente
criamos sonhos
avistando horizontes
tendo os lemes
por esperanças
desbravadores ensandecidos
de moinhos de ventos
quixotes de lanças empunhadas
viventes de tormentas
crianças inocentes
nascer e morrer dos dias
pacientes de dores, humores,
manhãs dadivosas
tardes melancólicas
noites insípidas
embalagens oníricas
concepções e arquétipos
comportadas amabilidades
danças intermináveis
anseios de alucinados
miragens, utopias,
filosofias e crenças
religiões, fetiches
apetrechos salva vidas
no ir e vir das agonias...
sábado, 7 de novembro de 2009
TRANSE
antes que finalize
em certezas incertas
como manhãs promissoras
que acabam em temporais
como manjar dos deuses
restando em dejetos no vaso
sumindo na latrina
ao som da descarga
urge que se codifique
no alfabeto disponível
este instante fugidio
um lapso no tempo
na rotina sempre igual
parece mágico
sublime
imaterial
etéreo
abstrato
foi pela janela
como pássaro
fugido da gaiola
atropelou-se
ao som do telefone
neste momento
caio em mim
e não mais sei
o que parecia
deixou de ser...