MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
terça-feira, 28 de abril de 2009
DIVAGANDO...
o que nos faz humanos
o sentir
e expressar
os irracionais
sentem
e se expressam a seu modo
mas é dado ao homem
o xeretar nas miudezas
trazer à baila sutilezas
enaltecer o pálido
dar cores à morte
fortaleza ao esquálido
vivificar em sentimentos
colorir de versos
tornando belos
mesmo tristes
seus momentos...
segunda-feira, 27 de abril de 2009
NA REAL*
poupem-me de cenas irreais
super-heróis homens de ferro
cataclismos e efeitos especiais
quero a placidez dos campos
as paisagens mansas
bucólicas e melancólicas
o cotidiano de uma crônica
a jornada seccionada em horas
o calendário preso na parede
os dias sucessivos das semanas
o alcance do possível e exato
num viés de sentir alguma poesia
alegrias e esperanças
alimentando a vida
alados... só os pássaros !
IMPROVISOS
...como que vestes te apresentas
que disfarces a vestimenta
a nu te expões ?...
pouco importa as ruas desertas
as portas entreabertas
o furor dos vendavais
os arrebóis no horizonte
réstias filtradas nas nuvens
deleites em nuances de sentimentos
se as palavras que cabem numa folha
escassas de sentidos e significados
é tudo o que tens para se explicar...
para montar o cenário tosco improvisado
com o pouco que te resta de recursos:
um banco, uma peneira, uma rede puída...
talvez deitado no pano surrado entre estacas
num arremedo de assento de madeira
e o arco concêntrico... desenhes o mundo
em versos mudos
em cenas mortas
em sussurros...
domingo, 26 de abril de 2009
DEPRESSÃO
sutil como um ofídio
insinua e abocanha
leva a paz é tristonha
descolore a luz embaça
tira a graça enfadonha
suga energias e exaure
chega-se e aproxima
malsã imperceptível
se esgueira e domina
abismos em dores
anônimos sintomas
diagnósticos cismas
diáfana e maléfica
contamina espalha
cicatrizes na alma
entorpece anestesia
profunda melancolia
trevas em profusão
apegada à vítima
doença entrelaça
são duas e únicas
cadafalso verdugo
no fio da navalha
sanidade em risco...
sábado, 25 de abril de 2009
APELOS EM ORAÇÃO *
não se permita o desespero
acalente sonhos e sorria
mantenha o leme do seu barco
recicle se o panorama é tedioso
volte-se e busque novos olhares
sinta-se capaz de pelo menos sentir
acredite que tudo é efêmero
dores e desilusões
agudas hoje amainadas amanhã
reaja e não se abata
há sempre soluções
não se maltrate tanto
se a dor for inevitável
a curta com seu fel
e cresça com sua lição
e, mesmo só,
há milhões de seres
que palpitam e sofrem
que amam e sorriem
anseiam e acreditam
há vidas, enfim...
A UM DESTINATÁRIO IMAGINÁRIO
...olha, eu quero me confidenciar contigo, falar de coisas que as pessoas em suas pressas não me ouvem... mas que tu, que não existe,portanto, tens todo o tempo do mundo e a paciência que só mesmos os pacientes teriam comigo...
...apraz-me descrever imagens, algo insólito e difícil só mesmo em metáforas, ou seja, comparações, me faço entender... é que a linguagem escasseia do universo
que quero apreender no restrito alfabeto que disponho...
...feliz é a possibilidade da escrita, pelo menos fugimos aos escárnios de loucos, os que falam sozinhos por falta de interlocutores... quem haveria de ouvir relatos sem pés
e nem cabeças, entrecortados por pausas e reticências num retalho/mosaico de entrecortadas pausas ?...
...me cansa as tardes, melancolias, me salva os dias pelas manhãs promissoras e me rendem as noites no torpor dos sonos ou na inquietude das insônias...
...não quero somar lágrimas ao mar melancólico e estéril dos tristes e deprimidos, creio que neste sentido seja até otimista, o que me angustia é esta rebeldia de não ceder aos fatos tampouco saborear as frases feitas de eternos incentivos viver é remar, indiscutível, rememos, rememos...
....algo há a mais que nos distinga da animal condição de sobrevivência nos alimentarmos,procriarmos, defecarmos e esperarmos as coisas em calmarias,
ou ainda, amontoarmos moedas na esperança de mansa velhice...
...mas ainda me entontece tanta certeza, tantos manuais e filosofias,
tantas crendices, resta-me, para ser ouvido, tentar ser lido, em sintéticas palavras...
...não lhe tomei o seu tempo, aturdido como todos, nos torvelinhos de suas rotinas,
como cães correndo atrás do próprio rabo,elencando fetiches para dar rumo e sentido...
...apraz-me descrever imagens, algo insólito e difícil só mesmo em metáforas, ou seja, comparações, me faço entender... é que a linguagem escasseia do universo
que quero apreender no restrito alfabeto que disponho...
...feliz é a possibilidade da escrita, pelo menos fugimos aos escárnios de loucos, os que falam sozinhos por falta de interlocutores... quem haveria de ouvir relatos sem pés
e nem cabeças, entrecortados por pausas e reticências num retalho/mosaico de entrecortadas pausas ?...
...me cansa as tardes, melancolias, me salva os dias pelas manhãs promissoras e me rendem as noites no torpor dos sonos ou na inquietude das insônias...
...não quero somar lágrimas ao mar melancólico e estéril dos tristes e deprimidos, creio que neste sentido seja até otimista, o que me angustia é esta rebeldia de não ceder aos fatos tampouco saborear as frases feitas de eternos incentivos viver é remar, indiscutível, rememos, rememos...
....algo há a mais que nos distinga da animal condição de sobrevivência nos alimentarmos,procriarmos, defecarmos e esperarmos as coisas em calmarias,
ou ainda, amontoarmos moedas na esperança de mansa velhice...
...mas ainda me entontece tanta certeza, tantos manuais e filosofias,
tantas crendices, resta-me, para ser ouvido, tentar ser lido, em sintéticas palavras...
...não lhe tomei o seu tempo, aturdido como todos, nos torvelinhos de suas rotinas,
como cães correndo atrás do próprio rabo,elencando fetiches para dar rumo e sentido...
afinal, você é apenas um pretexto para não me chamarem de louco que fala sozinho...
sexta-feira, 24 de abril de 2009
PORTAS
móveis divisórias
acessos
e partidas
divide espaços
calor interior
frieza das ruas
reserva intimidades
em suas faces
limítrofes realidades
entradas receptivas
e acenos de despedidas
saídas em breves retornos
ou ausências indefinidas
entre marcos
distintos cenários
são fronteiras...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
EMBALAGENS DE SONHOS
somos embalagens
em desgaste no tempo
armazenando lembranças
sinais inexoráveis nas faces
nas cãs dos cabelos ou ausências destes
tesouro de memórias
registros particulares em óticas únicas
detalhes peculiares esmiuçados ocultos
no enorme baú em que nos confundimos
quem somos ? reservados de reminiscèncias,
olhares perdidos e solitários dentro de nós mesmos
histórias em folhas arquivos na mente guardadas
testemunha ocular e protagonistas de nossos enredos
única e preciosa certeza de nossas vivências
olhares em prismas singulares e exclusivos
as imagens e reportagens de nós mesmos
nossos passos registrados na multidão de outras
embalagens com suas bagagens
suas coisas particulares e íntimas
alegrias e tristezas
estigmas de vidas e sentimentos...
segunda-feira, 20 de abril de 2009
GUARDIÃO DO TEMPO
dias em sumidouro, frenéticos, passantes
parece que ainda era ontem mas no hoje
prestas horas será amanhã...
os meses se sucedem, se atropelam,
a vida escorre breve por entre os anos
tudo corre insano em tropel de pressas...
angústia das tardes solarentas insípidas
a se arrastarem comendo as horas tediosas
lá fora regurgita a lida da massa atribulada
cismarento, fico baldio em pensamentos,
cavocando idéias e tecendo loas no tempo
escoando como areia na ampulheta lenta...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
ENTRE ESTAÇÕES
estares...bem ou mal,
nuances de momentos,
azul ou cinza no firmamento
como coisa leviana
no pêndulo me oscila
a minha mente doidivana
como se amarrado me houvera
confunde-me sensações difusas
no outono sentires de primavera
trae-me os faros desadormecidos
em aromas confusos envolvidos
memórias de tempos idos
de histórias mal vividas
ainda assim saudosas
requentadas e sofridas
como por necessidade
mesmo banalidades
cultivo de saudades...
FRENTE A FRENTE
versos em palavras lágrimas
impressões apreendidas sentidas
olhares desfechados sobre os dias
um achar-se diferente,
agruras não únicas exclusivas,
sentimentos não sentidos unicamente
cosido o tecido fino e tênue das dúvidas,
registros inócuos ecos mudos intramuros
retalhos de emoções, esponja absorvente
a batalha cobra resultados
desconhece sensíveis fracos
na lei da seleção olvidados
ser lobo na alcateia
ter armas ocultas,
sagaz nas ideias
sinais pusilânimes
lamentos vãos
só sobras na fortuna...
terça-feira, 14 de abril de 2009
NUANCES DA DOR
Dor sentida,
acabrunhada,
ressentida !
Dor burilada
iluminada
mesmo dolorida
Reluz lapidada
esculpida
é dor, por certo,
não desviada
sufocada
recalcada
lágrimas
versificadas
acalentadas
Joia purificada
transmitida
em palavras ofertada...
AS FACES DA MOEDA
das palavras, polidez,
disfarçam em atos
intenções e acidez
plácidas imagens
retratos mortos
altivas morbidez
nem o que se vende
verdades se depreende
em rótulos a sordidez
e o alvo sorriso
reflete o externo
do maculado íntimo
seguem-se os enganos
elos que se perpetuam
hipocrisias e desenganos
nem é vero ouro
o que reluz
passível de desdouro
caminhos e desvios
desencontros
desatinos...
domingo, 12 de abril de 2009
VERSO & REVERSO
restos, sobras, o que ofertas
àquele que usastes e feristes
a quem nada mais interessas
desferes à esmo, imprudente,
menosprezos azedumes letais
migalhas de afeto e atenção
traes no âmago acalentado brando
quem te carregastes nos ombros
e te erguestes do rés-do-chão
soterras sob pés inclementes
martirizas com crueldades
inoculas o fel da ingratidão
saes inteira em teu orgulho
pouco importas e te negas
a dar um adeus, compaixão.
segue teus caminhos,
em desatinos,
semeando dores...
...colherás espinhos !
sábado, 11 de abril de 2009
DESEJO & AMOR *

vi-me no antes
desejando
êxtases delirantes
seu corpo
prazer
gozo e conforto
outro momento
a tenho agora
em sentimento
ouço seu ressonar
e acarinho seus cabelos
branda canção de ninar
bem mais que ânimos desenfreados
todo o meu deleite se decomponhe
em carícias e afagos
aconchegos
delícias
mansidão
flores em jardins
suavidade e ternura
paz na imensidão...
Selecionado na Antologia os mais Belos Poemas de Amor, edição maio/2010, edit. CBJE.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
GRITOS VÃOS *
Terra, meu lar e prisão,
sítio de desatinos e crueldades
e de belezas ímpares !
seus filhos equivocados
duelam se rebelam se alvoroçam
presos a falsos conceitos sem ideais
rastejam sobre teu solo
perdidos e carentes de sentidos
mortos-vivos desenganados
constroem e se destroem em sucessivos erros
malogros e desdouros para sua própria raça
rechaçam a Natureza e te desperdiça
elencam fetiches e se aprisionam atrás de mitos
seus gritos e sussurros amortecidos reprimidos
a parte escura planetária seus fantasmas...
habitantes errantes perdulários
assassinos em nome da honra e da moral
acintes travestidos de bons comportamentos
seus filhos, nobre Terra, não te honram
não se veem não se entendem estão moribundos
cegos em labirintos descrentes de valores reais
nestes ermos padecemos nossas incúrias
purgamos as loucuras e vagamos alheios
erguendo fortalezas e acalentando os inimigos...
...tão íntimos !
quarta-feira, 8 de abril de 2009
LÁGRIMAS
traem-me os olhos chorosos
diante à vida e seus conflitos
a me constranger lacrimosos
gritos e súplicas carentes
uma criança um desvalido
ou uma canção pungente
tento disfarçar
encolho-me alheio
meios para não sufocar
mente doidivanas
afoga-me em lágrimas
entregas me abandonas
quisera ser normal
reter o desconforto
ver como natural
visão piegas
escandaliza
prega peças
me desnuda
martiriza
me deixa mal...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
RÉSTIAS DA TARDE
o que é feito de inspirações
lavadas lástimas de um poetar
em tardes cinzas esmaecidas...
flores murchas em vasos secos
poeiras nos vãos das prateleiras
sol refletindo fraco no verniz
nem mesmo uma desilusão
para se cantar um amor
impossível enlouquecido...
tudo apascentado morno
rotineiro sonolento
nem crime que escandalize
nenhum deslize que envergonhe
vidas comportadas previsíveis
diferenças entre dias só no calendário
se tanta paz desejada for assim
a desejam quem quer morrer antes da hora
no silêncio dos sussurros em melífluas rezas
viver emoções só nos cinemas em vídeos
de outras vidas e estórias inverídicas
mas que quebram a monotonia do deserto
ressequido este solo onde me planto
feito cacto isolado em tempo árido
meus espinhos, defesas e solidão...
sábado, 4 de abril de 2009
ADEUS, ÍDOLOS E MITOS ! *
Creio que amadurecer seja ter o exato sentido onde ídolos e mitos se desmontam, restam admirações por alguns gestos, apenas momentos, não endeusados.
Vê-los em sua dimensão humana, frágil e verdadeira, não estátuas inflexíveis, lembrando dogmas e certezas irrefutáveis... bom vê-los distante de pedestais que os imortalizem, distantes do simples mortal, inatingíveis.
Feita as salvaguardas que os distinguam dos meros humanos ai sim, podemos cultuar seus ensinamentos, sorver-lhes o que nos legou, sem distanciá-los de nós em suas fragilidades de viventes...
Gandhi em sua postura pacífica significou mais que muitas guerras que dizimaram milhões e bestializaram a condição humana. Mas ainda assim se sentia um ser em transformação, capaz de rever posições e de negar o que antes pensava em função de um novo entendimento atual... uma metamorfose permanente.
Cristo em suas parábolas inacreditáveis parecia um sonhador pregando no deserto em sua época, suas idéias e mensagens perpetuaram, incomodam os desatentos, alimentam os mais afoitos fanáticos distanciandos da natural pureza, e acalenta a maior parte deste planeta...
Assim tantos e tantos com suas contribuições, atos e pensamentos, nos deixaram marcos para construirmos os pilares de nossa civilização...
Contudo, o mais significativo, é destroná-los de ídolos, tirá-los da distância de mitos, vê-los como seres que aqui passaram, sentiram as dores, circunstâncias comuns a todos, e, então, apreciá-los, e, até, segui-los em seus ensinamentos, sem perdê-los de vista como parceiros nas descobertas... pois no dizer do próprio Messias: Somos deuses !
sexta-feira, 3 de abril de 2009
FELICIDADES, MINHA MENINA !

boneca pequena
a vida me trouxe
meio inesperada
nos braços de um querer
ganhei duas
joías raras
e juntos somos três
pequena turma
nesta viagem
resta um outro passageiro
neste trem descarrilado
descendo dos despenhadeiros
que aparece vez ou outra
mas lembrado todo dia
como meu menino grande
e assim a vida escreve
desconhece roteiros
as coisas acontecem
no palco no improviso
somos aprendizes
artistas no viver
para a menina-moça
ontem tão criança
entrego-lhe flores
em um beijo
na alegria
de suas 19 primaveras...
( para a Carolina, hoje, 19 aninhos...)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
EM TECNICOLOR
vi-me em cenas mil vezes
beijei tantas lindas fêmeas
que disputavam a sua vez
sobrevoei alturas
mares bravios sobracei
escalei escarpas duras
encarnei personagens
mudei tantas vestes
vi-me em tantas paragens
gritei em altos brados
protestei para descansar
extenuei-me de cansado
no ato acordado
sonolento a dar passagem
para o parceiro ao lado
o filme de ação acabado
vagava pelas ruas aluado
na modorra da rotina entediado...
SEM INSPIRAÇÃO...
elaborei textos
ranços choramingas
meio fora de contexto
vi que nada tinha
farejei pretextos
e as dores minhas
não enalteciam versos
lamentos mudos
antes controversos
e em minhas dúvidas
gritos inaudíveis
me puseram imerso
e, perplexo,
levianos
meus enganos
enxertos
dores para sofridos
enredos medianos....
ranços choramingas
meio fora de contexto
vi que nada tinha
farejei pretextos
e as dores minhas
não enalteciam versos
lamentos mudos
antes controversos
e em minhas dúvidas
gritos inaudíveis
me puseram imerso
e, perplexo,
levianos
meus enganos
enxertos
dores para sofridos
enredos medianos....
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