MORTA SEREI ÀRVORE SEREI TRONCO SEREI FRONDE. NÃO MORRE AQUELE QUE DEIXOU NA TERRA A MELODIA DE SEU CÃNTICO NA MÚSICA DE SEUS VERSOS. Cora Coralina, poetisa (1869-1985)
sábado, 28 de fevereiro de 2009
VIAJANTES
no álbum pessoal
impresso no íntimo
instantes e personagens
habitam e lembram
detalhes e momentos
guardados ocultos
testemunhas
cúmplices
parceiros
agentes de nossa história
companheiros de façanhas
resgatados na memória
certeza de que não estamos sós
caminhantes de mesma jornada
autores de múltiplas mãos
mesmo livro
lembranças
acalentos de sonhos...
INSTANTES...
lágrimas na face
denunciavam
saudades de alguém
lembranças marcadas
embaladas sentidas
vindas na canção
imagens de tempos
passados saudosos
resquícios de belezas
vividos curtidos
recolhidos no íntimo
relembrados em instantes
são partes de um todo
bagagens vivências
no baú dos sonhos...
RESQUÍCIOS
das futilidades
fetiches poses
sobraram cinzas
de dimensões
elegantes suntuosas
contidas numa urna
espalhadas
no vento
soltas ao léu
foi-se tudo
nada ficou
loas e vaidades...
VERDADES
espelho
espelha
espectro
voragem
verdade
vislumbra
altivez
anêmica
anímica
fluída
formosura
fantasma
debulhada
decantada
despojada
majestade
malamada
malsinada...
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
FLOR MURCHA
nada restou das lembranças
apenas estigmas marcantes
renegando alegrias
renúncia dos sonhos
apagados brilhos no olhar
oca indiferente distante
ausente e alheia de si mesma
barco de papel na correnteza
ao sabor e à deriva de sensos
incompreendida em sua solidão
sorrisos apagados conformados
letárgica nas reações
quis o fim dos suplícios
clamores atendidos
lâmpada desligada
no vaso saudosa
flor murcha
por fim apagada...
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
PROVAS
juntos os sonhos
as vontades
as carências
feito crianças
querendo doce
inconsequentes
histórias mescladas
aladas em ilusões
somadas aspirações
um tudo possível
se dão se querem
permitido atingível
acordando de fantasias
em realidades cruas
asperezas divididas
rotinas desgastes
contrastes
imprevistos
o que restar
serão provas
crescimento
resistências
amizades
companheiros
buscando na bagagem
coragem guarnecidas
nos afetos poupados
dificuldades superadas
casais em harmonia
amor amadurecido...
CANÇÃO E DOR
as mãos ensaiam
gestos e melodias
no toque no piano
dedilhar das cordas
da viola cancioneira
gaita a bailar nos lábios
o pandeiro rasteiro
harmonias percussão
na bateria
e feito em canções
lamentos e louvores
se mesclam lindos
e o choro feito arte
invade e incendeia
reverbera transluz
tristes soturnas
se revestem de luz
as notas extraídas
emoções evoladas
libertadas amarras
sonoras expressões
lágrimas e lástimas
em poesias ritmadas
libelos da dor libertação...
JUNTOS & DISTANTES
frases soltas
desatentas
desalentas
feridas
sangrando
mágoas
pote enchendo
saturando
minguando
afetos
carinhos
desvelos
relação
relaxada
ao léu
desrespeito
desavenças
distâncias
o prazer
amortecido
soterrado
no presente
o fel dos dias
azedumes
vidas dissociadas
compartilhadas
armadilhas
de sonho bom
pesadelos
obrigações
juntos
distantes
alheios...
CISMAS
os sussurros
intramuros
obscuros
dando azo
do deserto
incertezas
asperezas
espinhosas
como cactos
os fatos
prenunciam
redemoinhos
e o cenário
iluminado
na ribalta
encobre
vestígios
estigmas
das fraquezas
tartamudeadas
como rezas...
HUMANA VIDA
matéria composta
proporção maior
líquida
ligamentos nervos
ossos carnes
nosso esqueleto
da mente o farol
nos distingue
no reino animal
sonhos e sensações
imaginamos criamos
fantasias ilusões
nos mantem
sustem
provêm
delicado senso
sensato equilíbrio
nos põe em pé
nos orienta passos
fortaleza frágil
rica e intensa
abriga a luz
sua essência
a natureza
humana vida...
DESPEDIDA SEM DATA
sabemos
findaremos
em algum tempo
ninguém quer a data
embora tenha claro
a partida
se soubesse
cruel demais
a despedida
conscientes sim
mas quando
não interessa
o que resta
é a pressa
de vivermos...
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
PAIS
há o tempo de vê-los
despidos da infalibilidade
em carne e ossos sonhos
humanos perecíveis
sujeitos a enganos
mortais comuns
companheiros na jornada
caminheiros e arrimos
não mais heróis lendários
é preciso tê-los à conta
passíveis de desencontros
tropeços e avanços
crianças carentes ainda
descobridores da vida
como nós nos caminhos
dos primeiros passos
ao largo da caminhada
todos somos aprendizes
não basta o encontro
espermatozóide no óvulo
em momentos de euforia
restam os desafios
descobertas
muito mais que pais e filhos...
QUARTA FEIRA DE CINZAS...
despidas as fantasias
descidos dos pedestais
pierrôs e colombinas
alas das baianas
mestre escola
porta bandeira
silêncio nos trios-elétricos
desfeitas as alegorias
restos de folias
nas passarelas
vestígios da festa
confetes e serpentinas
um povo um exército
homens e mulheres
retomando seus postos
na lida dos dias
anônimos heróis
fazem a roda girar
até a próxima convocação
para a alegria
chamada geral
sonhos e euforias
ajudando a viver
a rotina labuta de cada dia...
sábado, 21 de fevereiro de 2009
CANÇÕES NO AR...
desejo a brisa
suaviza
meu cantar
um luar
a se olhar
da beira-mar
um refletir
os reflexos
nas ondas
na calmaria
mansidão
lassidão
um brado
meigo
aconchego
um vagar
no infinito
estrelas
pontilhando
na areia branca
tela de encantos
flores do viver
sabores perfumes
canções de ninar...
APELOS TROCADOS
a maré trouxe
mensagem
na garrafa
pedia socorro
fim da solidão
em ilha naufragado
refleti amargurado
a depositei de novo
no recipiente
refluxo das ondas
espumas e vagas
leve minhas mágoas
coincidentes
iguais padecentes
ambos sós ausentes...
FOLIÕES DA ALEGRIA

meu bloco
na rua
aclamado
vibrante
cantante
emocionante
mesclado
às emoções
desse povo
seus lamentos
prantos
feito encantos
desdobrado na avenida
em fogos de artifícios
e alegorias
samba nos pés
gemendo
no asfalto evoluindo
suores e lágrimas
mescladas
na passarela a vida
é purpurina
reino de foliões
castelo de magias
e cada um
no seu brilho
artista por instantes
aplausos
o anônimo em destaque
a arquibancada no palco
reviravoltas piruetas
as alegrias
esquecidas dores euforias...
REMANDO
se viver é remar
rememos
brincadeiras
surfando nas ondas
fazendo marolas
contando piadas
achando graça
rapadura dura
vale o doce
se há lágrimas
choremos
emoções lindas
nada reprimida
doída sofrida
deprimida
seja enlaços
abraços
doação
o destino
dessa náu
bom porto
alguém saudoso
esperançoso
boas vindas na chegada...
SINCRONIA HUMANA
o que nos une
são as emoções
os sorrisos e até
lágrimas
de alegrias
e de dor
o gosto
aromas
sabores
amor pelas flores
encanto dos pássaros
fases do dia
furtivas sensações
pinturas de um quadro
detalhes em esculturas
paixões revolvidas
em canções ouvidas
curtidas e sofridas
meiguices de crianças
nuvens em desenhos
gostosas gargalhadas
lamentos em despedidas
preocupações nas dívidas
a lida levada vivida
perfumes
queixumes
humores...
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
ABRE-ALAS PARA A EMOÇÃO
festa de anônimos
gritos e fantasias
de um povo energias
encantam o canto
os passos as cores
o enredo gritado
ilusões expostas
visões de luzes
euforias das massas
cada participante
nos seus instantes
mágicos e delírios
unidos na alegria
compondo a alegoria
contando a história
em risos e sons
magias e ritos
desfila na avenida
sonhos reunidos
de uma aldeia
comunidades
apoteose de milhares
emocionando milhões
de norte a sul e além
em cada telinha
de muitos países
o espetáculo que seduz...
LIMITES...
gestos cordatos
passos certos e diretos
normalidade dos dias
sufocada a euforia
preso em letargia
encarcerado em si
âncora nos pés
desnudos de luzes
mentes atrofiadas
são pérolas sem brilhos
caminhos de espinhos
vidas castradas
do avesso na aparência
deliquências perdoadas
sopro inopinado na rotina
descerrar os olhos
mergulhados em si
viagem interior
ave sem limites
voos arrojados
braços alados
notívagos nas madrugadas
rascunhos versos guardanapos
risos soltos e estabanados
um dia para se viver
inteiro e com prazer
sorvendo os instantes
como amante
delirante
certo que o nada
há de vir
em qualquer momento
suspiro alento um fim...
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
VISITA SOLITÁRIA
cenário estático
mudas alamedas
estatuetas sacras
perambulo alheio
ramalhete nas mãos
busco um endereço
numa lápide fria
um nome uma referência
onde deposite o presente
lágrimas saudosas
nestas rosas
minha dores
neste momento só
reflexivo distante
ver-te não vendo
falo contigo sozinho
silêncio
lembranças íntimas
solitárias
exclusivas
ausentes
passos
ecoando
distanciando
perdidos
sofridos
lamentos...
METAMORFOSES
lindas falenas
mariposas
sorrisos pérolas
glamour nos olhares
toques sensuais
convidativos
aperitivos
na noite
criança
na formosura
da madrugada
onde todos riem
na dança
que encanta
e se esquece
o dia que virá
rasgando a manhã
expulsando a lua
aglomerados
nos coletivos
operários do dia
personagens
proscritas
refugiadas do sol
PERDOADOS...
quando você chegar
há de me encontrar
receptivo
sorrisos e boas-vindas
o que passou passou
são águas correntes
mágoas levadas
lágrimas secas
vida recomeçada
como em um bolero
te quero linda
compartilhando comigo
a minha alegria
de vê-la chegando
sorrindo e brincando
ambos amando
esquecidos
recomeçando...
PRÓS & CONTRAS
nãi adianta insistir
persistir em falas
molhando águas
favas contadas
minhas faltas
meus erros
como se desconhecesse
que de contra-peso
na balança dos prós
ainda levo vantagens
a favor de mim
ganhando dos contras
era assim que dizias
quando a mim referias
perdoando-me sempre
no correr dos tempos
convivências desgastes
talvez a contabilidade
hoje me desfavoreça
mas esqueças
é tarde demais
para voltarmos atrás
perdoar é melhor
recomeçar
não dá mais...
CAMALEÃO
no palco entre máscaras
vida vivida diversa
da rotina real suportada
pranteando dores alheias
suporta reveses reais
transporta nos disfarces
angústias que despe
deixa nos camarins
e brinda eufórico
sua noite de brilho
ressaca nas mesas
alheio nos botequins...
ASAS DE SONHOS *
neste rodopio
do carrossel
meu corcel
é alado
asas imensas
cobrem o céu
sobrevoa mares
avista montanhas
piruetas no ar
é multicolorido
de inúmeras raças
nacionalidades pan
reina sobranceiro
nas nuvens de algodão
está presente nos hinos
da paz
sorrisos infantis
estórias de fadas
na vida linda
vivida sonhada
partilhada dividida
entre irmãos
sem divisas
e castas...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
DNA
essa melancolia
materna
flores murchas
entristece os dias
nostalgias
reflexivas poesias
o jocoso jeito
paterno
pândego imprevisto
entremeando assuntos
hilários
tempera mágoas deságua
de ambos
neuras e sonhos
megalômanos
de resto
colheitas
enganos
da vida
aprendida
curtida....
MENSAGEIRO DA LUZ
no olho do furacão
onde todos bradam
elencam razões
floresça a Paz
relva campestre
das flores silvestres
suavize ânimos
exaltações fúrias
serenem os ares
acalente-se sonhos
reverbere a Luz
ceda conceda atenda
aos angustiosos
carentes famintos
em suas iras
de um pão de afeto
concretos gestos
de amor e compreensão...
PRECIOSIDADE
ostra enigma
recôndita
a pérola
só a partilha
em fantasias
se a inebria
externas vestes
indumentárias
máscaras
preciosa pedra
guardada
oculta
desnuda
nua
cobiçada
fetiches
segredos
deleites...
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
JARDIM DA ALMA
no cultivo
do jardim pessoal
cuide-se de aparar
fertilizar o solo
imunizar
de pragas
regar
com afetos
cultivar flores
mantê-lo vivo
florido
cuidado
reverberar
na beleza
a própria imagem
seja sorrisos
acalentos
esteio de sonhos...
SONHOS & REALIDADES
as ilusões
desiludidas
me acordaram
amadureceram
em sofrimentos
crescimentos
a distância
realidades e ideais
me mostraram
necessários sonhos
oxigênio
mas não respondem
aos apelos
anseios
tormentos
na materialização
realizações
finalidades
onde quimeras
esferas etéreas
não prosperam...
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
REVIDE MUDO
no silêncio
a dor
doeu mais
restou viva
não cessou
permaneceu
incólume
incômodo
remorso
feriu mais
que revides
a mudez
trunfo latente
inacabado
acovardado
antes desforras
a ira
indignação
o brado
ausente
fel presente
marcou demais...
TRANSEUNTES *
vagamos em dimensões
infinitas nos mundos
aprendizes do humano
sentimentos doados
vertidos revirados
sofridos e amados
somos transeuntes
entre esferas
num viver eterno
pedestres de estradas
colhendo impressões
através de espinhos
aprendendo sempre
recapitulando lições
andarilhos das estrelas
passageiros de sonhos
bagagens e histórias
crianças em aprendizados...
O VELHO NOVO
valores cultivados
envelhecem nas épocas
estremes de cuidados
mudanças constantes
consuetudinários hábitos
dilatados e incessantes
o que parecia irrefratável
sofrendo alterações
adaptado e mutável
sociedades movimentos
dimensionando alcances
buscas e entendimentos
parecem vagos
o que ontem foi
na ótica dos fatos
um conceito
um marco
um simulacro
nada que a dialética
nos silogísticos discursos
não redimensione a ética...
PASSADO PRESENTE
era uma coisa indigesta
manifesta em conversas
como uma má sintonia
asfixiando ambientes
constrangendo assuntos
mudando a rota e eixos
em breves instantes
como em velho disco
voltando o enredo
de coisas passadas
ressurgidas malfadadas
do que não se tem jeito
na tônica o que foi feito
como se pudesse alterar
o que passou e machucou
maculando o presente
o distante passado
infelicitando o momento
e a vida correndo
farta abundante
de assuntos
ficava premida
constrangida
revivida ferida
o que correu nos dias
como águas correntes
o tempo se encarrega
levando marcas
estigmas amargas
em plagas do esquecimento...
domingo, 15 de fevereiro de 2009
CACOS...
de teus restos
te recompus
vãos recursos
faltavam detalhes
moldeio-os
te idealizei
do pouco
das memórias
a teu respeito
fiz um desenho
mal feito
sugestionado
pelas imagens
que a presença
me trouxeram
não afirmo
que sejas tu
de poucos restos
a luz que ilumina
não lhe pertence
nem os adereços
de ti vestígios
indefinidos
esmaecidos
cacos de um amor
amargurado
esquecido...
sábado, 14 de fevereiro de 2009
ESTIGMAS
a presença distante
marcou e feriu
momentos em dores
estava presente
na sua ausência
todos os instantes
em tudo lembrada
doída penetrante
só sombras trevas
como tatuagem
removida
deixando vestígios
seus traços adereços
marcando em ferro
brasas ardendo
só o tempo
consumindo
esmaecendo
figura marcante
dissolvendo
sumindo
se esquecendo...
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
EGOCÊNTRICO *
eu centro
de mim
me basto
me busco
alimento
e oriento
buscas
rusgas
dores
ventosas abertas
esponjas
absorvem o mundo
me visto
me olho
me sinto
de mim
referências
sensações
farol na imensidão
tênue luz
olhares obscuros
meu leme
minha fé
meu norte
meu barco
neste mar
neste céu...
AUTORRETRATO *
nesta tela
expostas
cicatrizes
cores fortes
vermelha paixão
tímidas amarelas
um sol abrasador
eclipsado
embotado sem luz
náu solta
ao léu
azul do céu
leme sem comando
versos sem sentidos
no mar nas ondas à deriva
tintas carregadas
esmaecidas
meus delírios
brados roucos
pusilânimes
minhas feridas...
IMPONDERÁVEL
silhuetas
sutis
sem perfis
tênues
abstratas
indefinidas
translúcidas
como o ar
invisíveis
perceptíveis
eflúvios
aromas
perfumes
dedutíveis
plausíveis
criações
da mente
emoções...
AUSÊNCIA & PRESENÇA *
as lástimas fizeram trevas
empanando cores e flores
cinzenando os dias
os ares pesados
sufocando músicas
impregnando acre
fel servido
sorvido
em taças
nuvens ameaças
temporais
vendavais
singelezas
vertidas
asperezas
bastou a presença
distante ausente
chegando presente
suavizando dores
sensações alívios
novos sorrisos...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
INCERTEZAS
passos contidos
insinuadas ações
desperdiçadas
vãs
inúteis
intentadas
o que podia
e não foi
nunca se saberá
hipóteses
a consumirem
a questionarem
será
talvez
incertezas...
SILÊNCIOS...
embargos
retendo atos
cerceando gestos
imobilizando atitudes
vencendo resistências
impondo silêncios
cenas insensíveis
máscaras de ferro
emoções contidas
trunfo da mudez
insensatez´
orgulhos feridos
vitória dos enganos
corações aflitos
sementes da solidão...
CHORO NA VIOLA
como quem abraça
a amada
doído de saudades
deixada para trás
na caminhada
tristes despedidas
acalenta a viola
cúmplice
de suas dores
e juntos
choram
em notas
as saudades
lembranças
nostalgias
choro brando
em acordes
melodiosos
suas lágrimas
cantadas
dedilhadas
ecoando
pranteando
encantando...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
TEMIDA LIBERDADE
desejava sem amarras
sem tabus e meneios
inteira impudica
saciar suas taras
manias imaginadas
esbaldar na folia
não contava amá-la
ser apenas
aventura passageira
a percebeu
tomando parte de si
recuou em seus receios
viu-se angustiado
questionado
desejava tê-la ao lado
não mais por uma vez
por todas elas
mas ela não era
a pessoa que queria
em seus conceitos
para uma vida inteira
era livre leve solta
destemida libertina
muito para uma mente
oposta de si mesmo
amendrontado
tacanho pequeno...
EMOTIVAS DESPEDIDAS
desafios à emoção
um adeus abraço
distâncias a vista
boiam sentimentos
retraídos contidos
querendo reter
a imagem de quem vai
ausência doída que fica
lembranças queridas
imagens esmaecidas
promessas e visitas
emotivas despedidas...
RASTROS
por que deixamos rastros ?
vestígios o tempo enterra
na memória de todos
mas resta na nossa
pessoal indelével
intransferível arquivo
são achados
guardados lembrados
às vezes e amiúdes
são sombras lembranças
esmaecidas adormecidas
íntimas acalentadas
signos dispersos
heranças marcas
reservas no baú
bordejam na superfície
na mente distraída
fluída desprevenida
nossos restos
nossos passos
nossa história...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
CHARMES DO VERÃO *
chuva fina chata
molha aos poucos
entrava passos
trânsito em calçadas
guarda-chuvas capas
poças d´àgua
coisas corriqueiras
aborrecidas
charmes do verão...
OBRA ABSTRATA
para alguns rabiscos desconexos
em outros traços definidos precisos
em tantos a indiferença de sentidos
captando atenções na passagem
brotando do seio da tela mistérios
turvas e de cores fortes imagens
talvez a sensação única percebida
em cada emotividade particular
fosse o objeto da mensagem
não se vê o autor nas pinceladas
como acordes de um instrumento
evolando no ar dissipando sons
dos presentes a atenção
o prêmio maior o desafio
ao silêncio alheio distração
no meio da sala exposta
reações sentimentos
a pintura a obra aberração
cobrando silentes opiniões
instigando sendo notada
cumprindo a sua função...
INDEFINIÇÕES
não há coitados
no caminho
há sofridos
sofrem
por viver
e sentir
a dor
o peso
o prazer
de existir
a exigir
sentidos
barcas
da fé
ideologias
filosofias
místicas
indefinidas
ora assentes
confortáveis
ou instáveis
no balanço
das marés
náufragos
uma crença
um mastro
um horizonte
uma certeza
fortalezas
e confortos
anseios
uma náu
um porto...
ANTÍDOTOS *
foram tantas
coisas e boatos
criando contendas
ferindo sensibilidades
inimizades revividas
feridas ressurgidas
pesando o clima
sufocando a paz
rotina enfermiça
poder da fala
mal colocada
detonando farpas
reviravoltas incômodas
apaziguar tempestades
serenar furacões
conversa cuidada
arejada cordial
isentas do mal
harmonia cultivada
flores preservadas
perfumes no ar...
SUPOSIÇÕES
nada foi nosso
ilusões
acreditada
o que havia
se resumia
no que achávamos
e o que tínhamos
pouco restava
aquém do suposto
findou um gosto
amargo insosso
sorriso amarelo
aperto de mão
abraço brando
passos pesados...
IMAGENS & VIAGENS
pelas vidraças do coletivo
viaja entretido
vendo cenas e rotinas
descortina ao curioso
mosaico de cores
pessoas em suas vidas
a mente transporta
além do que vê
alarga o que sente
imagens alheias
recônditas lembranças
remetem ao viajante
detalhes e sons
encontram nos ecos
mensagens despertas
e o que se apresenta
já não é o que se olha
mescladas emoções
nos olhos espremidos
viagens e sentidos
olhos que não veem
o que aparente
enxerga
desdobra-se
e o que era de fora
já é posse íntima
guardada sentida...